Kristine, 5.

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08:10 A.M. - Casa de campo de Benjamin

    Não ter vomitado no trajeto fora uma imensa conquista para meu arsenal. Além disso, as guloseimas oferecidas por Mia e nossas canções de viagem impulsionaram a experiência, tornando-a memorável.

    Fora difícil escolher somente um dos livros do Harlan Coben para ler no caminho, mas após muito ponderar e até arriscar um uni duni tê, selecionei o clássico Cilada. Esse autor é um gênio, assim como Dan Brown e Stephen King, e escolher o melhor entre os três, para mim, é uma tarefa árdua.

    À propósito, outra coisa que eu amo tanto quanto livros é a informática e tudo que ela engloba, como computadores e tecnologia em geral. Desde mais novinha, sempre fui obcecada por esta temática e passava horas a fio não só jogando online, mas também sondando fóruns e buscando tutoriais dos mais variados assuntos para tentar em minha máquina e nas dos amigos. Não sou especialista e nunca realizei qualquer curso na área, mas geralmente resolvo problemas bobos sozinha, e quando não consigo, pelo menos sei do que se trata. Nem sei por que resolvi cursar Economia, mas nunca é tarde para mudar de ideia e me tornar a musa Hi-tech que nasci para ser.

    Enfim, em relação ao livro, acabei lendo poucas páginas durante o percurso devido às náuseas que experimentei por teimosia. Não dá, eu passo mal de verdade até em deslocamentos curtos, e fixar o olhar em algo imóvel era de uma insensatez sem tamanho. A parte boa nisso tudo é que consegui aproveitar a paisagem e o ar fresco completamente.

    E a melhor parte estava diante de nós agora.

    Com dois andares, detalhes em madeira e decorada com enormes vidraças, a casa se estendia sobre um gramado impecavelmente verde e bem aparado. Logo diante dela, havia uma enorme piscina adornada com uma ponte cuja única serventia era encurtar o caminho entre a casa e a área de churrasco, possibilitando a passagem por cima das águas.

    As árvores, arbustos e flores ao redor completavam o deslumbrante cenário, que também contava com algumas espreguiçadeiras e banquinhos espalhados. O lugar era perfeito.

    Com nossas mochilas e bolsas em mãos, nos encontramos na área livre para entrarmos juntos e colocarmos tudo em ordem.

    É injusto pensar assim, mas seria muito mais divertido se ela não descesse do carro, ainda mais carregando uma beleza tão natural e cativante consigo. Minha cunhada não conseguia aceitá-la e viera o caminho inteiro soltando frases como: "Essa menina não me desce", "O Pikachu fez uma péssima escolha" e "um dia vocês vão ver que tenho razão". Elena não parecia ser má pessoa, muito pelo contrário, mas ninguém conseguia tirar tais opiniões da cabeça de Mia. Ela era muito teimosa e sua cisma estava sendo transmitida para mim aos poucos.

    Como sou da paz, nada me importava desde que não me causasse estresse. Eu o amava, odiava vê-los trocando carícias, mas precisava engolir sem reclamar, como um remédio ruim em gotas. No fim, eu ainda tinha uma garrafa de Jacques Charlet Bourgogne inteira para mim e um trauma para lidar. Fiquem tranquilos, as marcas do meu pescoço, além de mínimas, estavam cobertas por uma camada de base e ódio puro.

    A mala do carro de Marvin estava aberta, próxima à entrada, e as compras e caixas de cerveja foram colocadas lado a lado no chão. Pela quantidade, as coisas ficariam doidas até o fim da noite.

      A suíte master é minha.  Hayato chegou, ostentando as chaves da residência numa mão e duas mochilas na outra.

      — Triste e justo.  Marvin concordou, enquanto ele destrancava a porta.

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