Hayato, 3.

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6:45 P.M. - Caminho para a residência dos Mondego.

     Liberdade cantou.

    A partir daquele momento estava oficialmente aberta a temporada de férias do japonês ansioso, que duraria um mísero final de semana, mas seria vivido intensamente.

    O almoço na pizzaria, mais cedo, servira para me lembrar de que mesmo quando voltasse à rotina, eu me divertiria como se estivesse entre amigos num bar. Teria que arrancar uns dentes e suturar gengivas, mas isso só tornava nossos encontros mais românticos.

    Entre garfadas de pizza de pepperoni, Ben repassava as últimas instruções sobre os cuidados com sua humilde residência, que não receberia sua visita nestes dias. Anotei tudo em meu cérebro e prometi que varreria os cômodos, retiraria o lixo e limparia a piscina com o maior carinho do universo, como se fossem meus. Sou um bom dono de casa, você sabe.

    Agora, dentro do carro, tudo o que eu queria era chegar em casa o mais rápido possível. Liguei o rádio e aumentei o volume ao ouvir as primeiras notas de Jenny - Nothing More, uma de minhas músicas preferidas e que me faziam querer dar cavalinhos de pau pela pista como se não houvesse amanhã. Mas havia, e como havia...

    Inclusive, os preparativos para o amanhã se iniciariam assim que Marvin estacionasse em seu quintal, como combinamos minutos atrás por mensagem. Uma lista virtual havia sido feita por ele e enviada já com alguns itens riscados, indicando que estavam devidamente comprados. Entre eles, um salame inteiro embalado, uma peça de queijo gouda para combinar com as garrafas de vinho Pinot Noir, uma caixa de bombons incríveis e alguns pacotinhos para uso exclusivamente adulto e consciente. Diga não às drogas.

    Após alguns minutos dirigindo como Dominic Toretto, finalmente cheguei ao meu segundo lar são e salvo, antes de Marvin, e isso significava que meu banho estava garantido. Não existia nada mais delicioso do que um banho quente após o trabalho, e se existisse estava guardado em alguma tumba egípcia não descoberta. Este era meu ritual para alcançar a paz espiritual em alguns minutos.

    Com a mochila nas costas, saio do carro e tranco as portas, conferindo se a casa estava vazia. Como de costume as cortinas se encontravam fechadas, cobrindo as janelas, e tudo parecia silencioso lá dentro. Se não estivesse enganado, eu seria o único ocupante do local em breve. Mal podia esperar para relaxar os músculos deitado confortavelmente na banheira...

    Quando girava a chave na fechadura, pronto para destrancá-la, meu celular tocou. É impressionante como as pessoas ligam sempre quando estamos ocupados ou prestes a fazer algo, elas devem ter um alarme que grita estridentemente a pior hora para se fazer uma ligação. Na verdade, qualquer hora é péssima para isso, pois as mensagens de texto existem para erradicar a forma mais arcaica de comunicação. Tudo bem, poderia ser uma emergência.

    Contrariado, puxo o celular do bolso da calça e constato que minha correspondente era nada mais nada menos que Elena, minha querida namorada. O contato, antes salvo como "Ellie" se tornara "Rainha Suprema", e eu não consegui conter o sorriso ao ver que ela havia invadido meu celular para isso. Pouco surtada.

      Oi, amor.  Falei, encostando na porta de entrada. Suas conversas costumavam ser longas.

      — Oi, meu bem!  Ela respondeu alegremente, parecendo eufórica.  Já está em casa?

      — Tecnicamente, sim. Acabei de chegar na casa do Marvin. Aconteceu alguma coisa?  Fui direto ao ponto, não gosto de ligações e muito menos de enrolações.

      — Oh, não!  Ela riu.  Eu só queria saber se está tudo bem, e... Talvez eu já esteja com saudades de você.  No fim da frase, sua voz diminuíra de uma maneira fofa.

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