Hayato, 16 - Pt.2

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 AVISO: Não me crucifiquem! A parte 3 está quase pronta! 

   Assim que Elena saiu, a primeira coisa que fiz foi lavar meu rosto inchado e virar uns dois copos de água goela abaixo, pois este era o meu jeito de me acalmar e pôr as ideias no lugar. Entendo que meu histórico de bebedor em série torna difícil fazer com que acreditem no que vou dizer, mas eu juro: passo longe de bebidas alcoólicas em momentos como aquele.

    Ficar bêbado nessas condições dá uma bad trip desgraçada, e eu tenho pra mim que é muito melhor guardar as cervejinhas para ocasiões agradáveis, já que a ressaca viria regada de boas ou deletadas  memórias. Sofrer em excesso já estava em meu DNA, o drama desnecessário me foi marcado com ferro em brasa a partir do momento que nasci canceriano, então eu sempre tinha que nadar contra a correnteza para não me afundar nas próprias mágoas.

    Você não acha fofo quando eu assumo que sou um dramático do caralho? Eu acho.

    De qualquer forma, para não desmerecer meus exageros, você precisa admitir que eu realmente tinha muita informação para digerir. Uma única mensageira saiu de suas terras longínquas e me trouxe, numa jogada só, um pesar para carregar durante toda a vida e uma missão complexa a ser executada, me deixando em uma sinuca de bico. Não existe guerreiro, mago, paladino ou bárbaro que não entre em piripaque desse jeito.

    Tentando processar essa enxurrada de espinhos, fiquei sentado feito um vegetal durante horas, deslizando o feed do Instagram de forma tão mecânica que eu certamente não passaria no teste para provar que não sou um robô. Em meu projetor particular de pensamentos, o único filme exibido tentava recriar a cena que me foi descrita repetidas vezes, mas eu não conseguia nem chegar perto de algo plausível  já que a ideia de tê-la beijado avidamente era absurda pra mim. Meu estado era crítico, e eu estava tão imerso e devaneios que só fui notar que já era tarde da noite quando a sala foi engolida por um breu absoluto, salvo apenas pela gélida iluminação vinda da televisão.

    Assim, no instante em que resolvi me levantar, com o objetivo de acender as luzes da sala, uma notificação surgiu no canto da tela do celular e me fez parar imediatamente. Foi aí que o bicho começou a pegar.

"Lançou um filme legal na Netflix. É coreano."

    Kristine Mondego  ou Krissy, como estava salvo em meus contatos  decidiu aparecer após ter fugido às pressas do meu apartamento, me deixando confuso como um pato. Eu não a culpo, até porque quase engoli a menina mais cedo, mas não vou negar que sua atitude me deixou meio... desarranjado.

    Ainda assim, quando vi a miniatura de sua foto de perfil pipocando em meu visor, senti uma pontada de alívio. Ela não me odiava e nem tinha nojo de mim, afinal.

    Assistir filmes e séries juntos era nosso ritual sagrado, e foi cancelado praticamente ao mesmo tempo em que ela começou a namorar. Tínhamos um pacto inquebrável, firmado em cartório e selado em sangue de dragão de komodo, em que prometíamos não assistir sozinho algo que o outro adoraria ver também, pois o que era bom devia ser compartilhado. Decidimos fazer isso depois de eu ter precisado rever todos os filmes do Senhor dos Anéis, tudo porque ela não queria assistir sozinha e precisava de alguém pra "surtar junto".

    Algumas vezes, quando os títulos não eram de agrado mútuo  como ficção científica ou animes ecchi , desfrutávamos sozinhos e sem medo de sermos preso pela ditadura. Porém, existiam dois nichos específicos, que eram e ainda são nossa paixão absoluta: terror e filmes coreanos.

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⏰ Última atualização: Aug 15, 2020 ⏰

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