3 anos depois
Era uma péssima noite para se esquecer o agasalho em casa, e foi exatamente o que fiz.
Eu estava sentada em um dos bancos do campus, com o resultado da minha última prova em mãos, aguardando a saída de meu namorado, Nate. Felizmente, meu primeiro semestre na universidade rendera bons frutos, e eu não precisaria realizar prova de recuperação para nenhuma matéria.
Diferentemente de mim, ele certamente não alcançaria a média necessária e desceria para me encontrar com os nervos prestes a explodir, por isso, procurei me preparar psicologicamente minutos antes de sua chegada.
Nos conhecemos na Praça da cidade, sete meses antes, durante uma festa que os moradores organizavam todos os anos. Ele havia se mudado recentemente para o bairro vizinho e ainda não possuía amigos, por isso, acabou se apegando muito a mim. Nos víamos todos os dias, andávamos de bicicleta juntos e conversávamos por horas a fio. Nossa amizade, que começara com um esbarrão em uma barraca de doces, evoluiu para interesse romântico muito rapidamente, e um mês depois estávamos namorando oficialmente.
Nate era o namorado dos sonhos de qualquer menina: era carinhoso, atencioso e não media esforços para me fazer sorrir. Todas as vezes que saíamos juntos, me buscava e deixava em casa com segurança, e este hábito nunca foi deixado.
Pelo menos era assim no início...
De repente, as coisas começaram a mudar para pior. Seus cuidados se tornaram um pouco invasivos, seus conselhos mais se pareciam com ordens e seus carinhos me geravam certo nervoso. Num piscar de olhos, minha autoestima havia sido dilacerada, pois todos os discursos dele me faziam acreditar que eu era vulgar, egocêntrica e revoltada. As roupas que eu amava foram deixadas de lado, as maquiagens se tornaram cada dia mais leves e meu comportamento não era mais o mesmo. Me afastei de amigos do sexo oposto e me tornei mais fria com minhas amigas, chegando até mesmo a ter somente ele como companhia.
A partir do momento em que me dei conta de que estava num relacionamento abusivo, comecei a cogitar o término. Acredito que tenha tomado coragem pelo menos cinco vezes desde então, mas ele sempre voltava atrás e implorava por desculpas, chegando a se ajoelhar diante de mim. Para meu azar, nunca consegui ser firme o suficiente para deixá-lo, mas continuava me dando forças para atingir este objetivo o mais breve possível.
Além de tudo isso, existia um outro fator importante nesta decisão... Eu nunca o amei.
Você deve estar se perguntando: ora, mas por que aceitou o pedido de namoro se não o amava? A resposta é muito simples, e eu vou explicá-la com o maior carinho.
Na realidade, eu sempre amei uma pessoa que me considerava como sua irmã caçula, cuidava de mim como tal, jamais demonstrou qualquer coisa além de afeto e possuía orelhas engraçadinhas. Ele também iniciou um relacionamento praticamente ao mesmo tempo que eu, e sua namorada era do tipo que não valeria à pena concorrer, pois com certeza sairia perdendo. Ele é o melhor amigo do meu irmão, e é como um filho para meus pais.
Aceitei o pedido de namoro porque me conformei com este cenário. Eu sabia que nunca seria correspondida por quem amava, e preferi tentar ser feliz com outro alguém. Existem tantas pessoas no mundo, tão diferentes e interessantes, que eu tive a certeza de que encontraria aquela que me faria feliz, e me faria esquecê-lo de vez. No começo eu até acreditei nessa possibilidade, mas não passava de uma ilusão.
Para ser bem sincera, eu estava começando a sentir medo de Nate. Ele ainda não chegara a me agredir verbalmente ou fisicamente, mas suas atitudes faziam meu coração gelar em pavor. Suas explosões, seus gritos e suas palavras estavam começando a perder o controle, e prometi a mim mesma que se ele me fizesse algo, eu não o perdoaria novamente.
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Red Wine
RomanceQuão condenável é ter vinte anos de idade e apaixonar-se pela irmã de seu melhor amigo, cinco anos mais nova? E quão torturante é ter de sufocar seus sentimentos por julgar ser improvável que alguém tão mais maduro se interesse por você? Dominados p...