Kristine, 6.

36 6 7
                                    


OBS.: O capítulo está imenso, mas é bem completo e é o MAIS IMPORTANTE até agora.

15:30 - Casa de campo de Benjamin

    Preferi dormir, me ausentar por algumas horas.

    Tentei ser forte, mas ver o Sr. e a Sra. Yoshizawa ansiosos para conhecer Elena era demais para mim, fora mais difícil do que ver aquele selinho na hora do almoço. Sei que é inevitável, e, por isso, precisava arrumar um jeito de superar logo.

    Com o ar condicionado ligado nos 19°C, enrolei-me no pesado edredom e deixei-me afundar na imensidão de tecidos e espumas da cama. Eles estavam se divertindo juntos lá fora, e minha presença seria insignificante, quem sabe até incômoda. 

    Não queria chorar, porém, não tive escolha. Deixei que toda a mágoa fosse exprimida de forma inaudível, por baixo das cobertas e imersa na escuridão do quarto. Era agonizante ter de guardar para mim uma quantidade tão colossal de sentimentos, sem ter ninguém com quem desabafar ou pedir conselhos. Mia me colocaria em situações vergonhosas se soubesse e Casey havia se afastado drasticamente, cansada de minhas ausências e abandonos. Estava sozinha, sendo obrigada a superar uma paixão, sem a ajuda de ninguém.

   Mas se fosse só uma paixão, tudo estaria bem.

    Chorar cansa, mas acalma a ponto de nos deixar sonolentos e anestesiados. Os últimos soluços, engasgados na garganta, trouxeram consigo uma paz indescritível, e nada mais parecia difícil se eu me jogasse nos braços de Morfeu, sem tempo determinado para acordar. Lentamente, meus olhos que tanto ardiam se fecharam e meu corpo pesou sobre o colchão. Com os pensamentos se embaralhando, adormeci profundamente.


— 22:30 


    Acordei assustada, certa de que havia dormido demais.

    Tateando pela cama, encontrei meu celular entre os cobertores e acendi a tela, machucando os olhos com a claridade. 22:30 da noite. Perdi o dia inteiro e ninguém fizera questão de me despertar.

    Levantei-me rapidamente, na esperança de que ainda estivessem acordados, e peguei minha garrafa de vinho na bolsa, muito bem embalada para não chamar atenção. Esperei ansiosamente para este dia e tudo que fui capaz de fazer foi dormir. Fascinante.

    O corredor estava aceso e algumas vozes conversavam um pouco adiante, indicando que ainda seria possível recuperar o tempo perdido. Abraçada ao meu vinho, encaminhei-me para a varanda cruzando os dedos para que todos estivessem dispostos a virar a noite se divertindo.

    Por sorte, lá estavam eles, sentados em volta de uma mesa redonda: Marvin, Mia e Hayato, terminando uma partida de pôquer. O curioso era que Elena não estava presente, e como ela sempre fora muito grudenta, deduzi que, provavelmente, estava dormindo. Numerosas garrafas vazias se acumulavam num canto, enfileiradas, e outras duas ainda eram consumidas naquele momento pelos meninos. Dado o número visto, a sobriedade era uma palavra que, então, eles desconheciam. Além do mais, ambos fumavam um cigarro diferente, cujo aroma eu conhecia bem: maconha. Nunca os vira consumindo-a pessoalmente, mas não era difícil chegar àquela conclusão.

    Mia contentava-se com uma mísera taça de vinho e deveria ser a única sóbria do grupo, pois não participava do jogo.

      — Ninguém me acordou...  Lamentei.  Perdi o dia inteiro.

Red WineOnde histórias criam vida. Descubra agora