Senti o impacto de cair em cima do feno, mas quando o corpo de Caleb se chocou comigo, fiquei sem ar. E não de um jeito bom. Ele rapidamente se aprumou, ajoelhando-se ao meu lado. Seus dedos corriam pelas minhas costelas enquanto eu arfava.
- Marina, você está bem?- disse com o rosto contorcido de preocupação. Seus olhos escrutinavam-me, possivelmente procurando alguma lesão.
- Es...tou.- disse, com dificuldade. Ele me ajudou a sentar e passou a mão pelo meu cabelo.
- Eu sinto muito, não sabia que abriria. - falou, com os olhos aflitos.- Você se machucou? Vou mandar chamar Lucas.- Caleb se levantou, mas eu segurei sua mão, puxando-o para baixo. A última coisa que eu queria é ter que explicar para meu tio como cai.
- Calma, foi só... a pressão.- eu ainda respirava fundo em busca de ar.- O feno absorveu... a queda.- ele sorriu, mas não era um sorriso verdadeiro. Seus olhos estavam preocupados.
- Me desculpe Marina, eu...- falou, martirizado. Pousei um dedo em seus lábios.
- Está tudo bem. A única coisa ferida é meu orgulho.- corei envergonhada, a respiração se normalizando. Caleb meio gemeu, meio riu, parecendo frustrado, mas quando me mirou, seus olhos tinham ternura.
- O que posso fazer para recompensa-la?- falou, entrelaçando nossos dedos. Aquilo me hipnotizou. Parecia tão certo, parecia que aquela mão fora feita para... Pisquei. Eu não podia me apegar assim, não tão rápido.
- Esquecer-se do acontecido?- tentei, massageando o pescoço. Nós ficamos olhando um para o outro e começamos a rir. O riso de Caleb aquecia meu coração, era sincero e chegava aos olhos, deixava-o ainda mais lindo do que já era.
- Estou fazendo tudo errado, não é? Eu deveria leva-la para passeios, corteja-la em sua casa, enviar cartas... Não ataca-la dessa forma.- disse, com as sobrancelhas unidas, olhando para nossas mãos. Uma esguelha de tristeza atingiu meu coração.
- Você se arrepende?- falei em um sussurro. Eu sabia que aquilo não era o que o decoro permitia, mas... eram momentos. Os únicos que nós tínhamos. Um começo. E eu os apreciava tanto, simplesmente não podia ouvir que ele os rejeitasse. Ele me olhou, parecendo entender o que se passava em meu coração.
- Não! De jeito nenhum!- suas mãos formaram uma concha em volta de meu rosto, fazendo-o corar. Meu coração palpitou em resposta ao seu toque.- Eu me deleito em cada momento ao lado da senhorita.- sorri. Saber daquilo me trouxe confiança.
- Então, qual é o problema?- perguntei, olhando fundo naquelas esmeraldas. Não sabia o motivo, mas eu sempre me sentia quente a seu lado, ainda mais quando me encarava daquela forma, um misto de franqueza e ternura.
- Você merece mais. Muito mais. Mais do que encontros que acabam em quedas, ataduras...- falou, com uma sinceridade desconcertante. Não estava acostumada a isso, geralmente as pessoas dão voltas para tratar de assuntos, parecendo pisar em ovos. Mas ele não, Caleb enfrentava sem medo. Eu o admirei ainda mais por isso. Então a atmosfera começou a ficar densa, aquela tensão que sempre nos envolvia, se avolumava cada vez mais. Ele me mirava com o mesmo olhar de minutos atrás, as esmeraldas chispando com algo que não consegui identificar. Senti nossa respiração ficar mais rápida, inconstante e eu sabia o que vinha depois. E, oh, como queria o depois daquilo!
- Patroinha?- a cabeça de Isaac surgiu, por cima das divisórias das baias. Virei-me num átimo, em pânico. Oh não!
- O-oi Isaac - falei com o coração batendo como louco, pensando nas possibilidades do fim da vida do senhor Montini. Porque é isso que aconteceria se papai soubesse de nosso estado atual.
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Aguardada
RomanceA história de Marina Alonzo Clarke. Nina nunca foi uma pessoa propensa as regras do século 19. Diferente da irmã Analu, sempre foi mais "saidinha", nas palavras de Sofia. Agora com 18 anos, ela enfrentará o maior desafio de sua vida, conhecendo algo...