Décimo Sétimo Capítulo

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Sentei-me na cadeira, olhando a andança de empregados abarrotados de flores nos braços, sendo mandados por Mada.

- Temos que colocar os vasos dourados ao lado da janela, como a menina disse!- observei a pobre Mel se encolher com as broncas da governanta.

- Pegue leve Mada, o baile é só amanhã. Dá tempo!- dei de ombros, rindo de sua cara indignada.

- Oh, se sua irmã a vê falando isso! Aposto que a colocaria para...- ela desandou a falar, mas meu pensamento estava longe. Após eu e Caleb retornamos de nosso piquenique, encontramos meu pai - nem um pouco contente - me esperando na sala de estar. Desde então ele insistira a retornarmos para casa. O pior foi o longo sermão que recebi sobre ter que repousar o pé, que deveria avisar onde ia, entre outros assuntos. Eu entendia a genuína preocupação dele, mas eu sabia que ia além disso. Suspirei, pensando naqueles par de olhos verdes. Eu entendo que mal o conhecia, mas não faz mal admira-lo em meus pensamentos, faz?- ... deveria prestar mais atenção!

- Não adianta Mada, a cabeça dela tá longe.- mamãe repousou sua mão no ombro da mulher, rindo.

- Como a da mãe, não é senhora Clarke? Ah, e eu sei muito bem a causa disso! Espero que a menina seja mais ajuizada que a senhora, já que...- e começou novamente. Admirei o arranjo que Analu fazia misturando as peônias brancas, lavanda e ramos verdes variados. Os vasos dourados davam um charme a mais no ambiente, deixando-o requintado. Ela realmente tinha um dom excelente para tal coisa.- ... deve ser meus nervos novamente!

- Acho que um chazinho vai te fazer bem Mada, você precisa relaxaaaar.- mamãe massageou os ombros da governanta. Ri.

- Concordo, a senhora está muito tensa ultimamente.- apertei sua mão.- Será por causa do treinamento de Luise?- falei baixo, como se estivesse contando um segredo. O rosto dela adquiriu a cor de tomates maduros.

- Aquela minha sobrinha desatenta! Deixou a toalha perto do fogo! Onde já se viu tal coisa?- colocou a mão no peito. Luise havia se mudado para nossa residência a pouco mais de dois anos e era tão excelente quanto a tia, já que a mesma foi sua tutora.

- Nós conversamos sobre isso, já está na hora de você se aposentar.- mamãe disse com calma. Madalena estava quase roxa. O-ou.

Me aposentar? Ora senhora Clarke, eu sirvo essa família desde que me entendo por gente! Não vou deixa-los até chegar a hora de eu partir! Para o céu!- falou, irritada. Mordi o lábio, prendendo o riso.

- Eu entendo e curto muito sua dedicação!- ela disse, divertida.- Mas... não seria bom ter um tempinho a sós? Só você e seu maridão? Reacender a chama da paixão...

Sofia! Você só pode ter perdido o juízo!- Madalena se levantou, visivelmente ofendida, e marchou rumo a cozinha. Nos entreolhamos e caímos na gargalhada.

- Mamãe, você não deveria ter falado isso, pensei que o rosto dela iria explodir de vergonha!- limpei as lagrimas que empossaram meus olhos, devido as risadas.

- Eu não resisti Nina, ela ta tensa demais com isso. Até seu Gomes ta passando o manto pro filho.- deu de ombros, sentando-se a minha frente.

- Mas ela gosta do que faz, talvez só precise atenuar as tarefas.- minha mãe me olhou pensativa.

- Hum, pode ser...- vi seus olhos chisparem com as idéias passando pela cabeça. Comecei a observa-la. Haviam pequenas rugas, assim como marcas de expressão no rosto e seu cabelo continuava loiro e reluzente - ainda mais agora com os novos produtos da fábrica -, mas dava-se para ver os poucos fios brancos nascendo. Se eu não a conhecesse lhe daria uns 35 anos. Ela continuava a dama linda e reluzente que sempre admirei e queria me tornar.

AguardadaOnde histórias criam vida. Descubra agora