- Seus lábios pressionados no meu pescoço...- eu cantarolava a música que mamãe ensinou enquanto escovava Lua. A égua parecia gostar, pois quando parava ela se remexia toda. Não posso negar que cada palavra tinha um destino certo... Caleb havia sido um perfeito cavalheiro! Depois de beijar-me apaixonadamente, havia me conduzido até em casa e deu um breve cumprimento a minha família, porém mamãe não se conteve e o chamou para o jantar. Bom, eu não pude ficar mais feliz, porém segurei o entusiasmo e apenas fiz uma reverência. Aquela noite tinha de ser perfeita! Ok... Eu sabia que estava ignorando um grande problema sobre o preletor... É só que Caleb foi tão gentil e parecia me entender tão bem que simplesmente nada surgia em minha cabeça quando estava com ele. Fora todas aquelas sensações que ele provocara em mim. Era humanamente impossível não sentir a presença dele, simplesmente não dava! A parte ruim disso é que quando ele ia, meus problemas ainda continuavam ali. Suspirei.- Estou me apaixonando pelos seus olhos, mas eles ainda não me conhecem...
- Oi rouxinol.- pulei de susto com a voz de Analu. Ela sorriu pra mim, aproximando-se.
- Deu-me um susto.- censurei-a fazendo uma careta, enquanto traçava a crina de minha montaria.
- Desculpe-me. Aquele quarto já estava sufocante e... Bom, saberia que encontraria você aqui.- ela deu de ombros, com o olhar longe. Observei-a de canto de olho.
- Foi muito ruim?
- Na medida do possível, não... Nós decidimos acabar de vez. Não adianta ficar esperando.- minha irmã começou a enrolar uma mecha do cabelo loiro no dedo, enquanto fitava o anel na mão direita. Espera. Eu nunca havia visto aquilo antes!
- O que é isso?- larguei a escova, segurando a mão dela rapidamente.
- Um cavalheiro me deu ontem, o da máscara.- falou, franzindo as sobrancelhas.
- Ele te deu um anel? Tipo, um anel de noivado?- minha voz estava estranhamente desafinada.
- Lógico que não Nina! Ficou louca? Ele disse que era apenas um presente para que não me esquecesse dele.- ela mordeu o lábio inferior, olhando fixamente para a pedrinha verde.
- Nossa...- engoli em seco.
- Eu também reparei o relicário. Não se faça de inocente.- ela olhou acusatória, apontando para os dois colares que se misturavam em meu pescoço.
- É só um presente...- me defendi, voltando a trançar os fios brancos.
- Por enquanto.- falou, levantando as sobrancelhas. Fiquei em silêncio, quase explodindo por isso. A indecisão estava me corroendo.
- Eu não sei o que fazer.- soltei, pressionando os lábios.- Simplesmente não sei.
- Uma hora vai ter que escolher.- ela disse, colocando a mão em meu ombro.
- O que você faria? Se estivesse em meu lugar?- virei-me, cruzando as pernas.
- Primeiramente, encerraria tudo com o escritor misterioso. Depois investiria no cavalheiro real que está se esforçando em todos os sentidos para agrada-la.
- Mas você não entende...
- Sabe o que eu não entendo? Você pode ficar com a pessoa que você gosta e ele está muito disposto a fazer isso acontecer, mas quer jogar isso tudo fora por conta de um desconhecido. Isso é estupidez Nina!
- Analu...
- Eu te conheço... Por quanto tempo vai aguentar isso? Por quanto tempo vai aguentar esse mistério?- ela pressionou os lábios. Eu não era tola, sabia que precisava tomar uma decisão, só queria prolongar aquilo até estar certa do que queria... Suspirei, mordendo o lábio. O que poderia resolver aquela situação? Meus pensamentos começaram a tomar um rumo e como de súbito, uma ideia me ocorreu.
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Aguardada
RomanceA história de Marina Alonzo Clarke. Nina nunca foi uma pessoa propensa as regras do século 19. Diferente da irmã Analu, sempre foi mais "saidinha", nas palavras de Sofia. Agora com 18 anos, ela enfrentará o maior desafio de sua vida, conhecendo algo...