Vigésimo Nono Capítulo

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-  Seus lábios pressionados no meu pescoço...- eu cantarolava a música que mamãe ensinou enquanto escovava Lua. A égua parecia gostar, pois quando parava ela se remexia toda. Não posso negar que cada palavra tinha um destino certo... Caleb havia sido um perfeito cavalheiro! Depois de beijar-me apaixonadamente, havia me conduzido até em casa e deu um breve cumprimento a minha família, porém mamãe não se conteve e o chamou para o jantar. Bom, eu não pude ficar mais feliz, porém segurei o entusiasmo e apenas fiz uma reverência. Aquela noite tinha de ser perfeita! Ok... Eu sabia que estava ignorando um grande problema sobre o preletor... É só que Caleb foi tão gentil e parecia me entender tão bem que simplesmente nada surgia em minha cabeça quando estava com ele. Fora todas aquelas sensações que ele provocara em mim. Era humanamente impossível não sentir a presença dele, simplesmente não dava! A parte ruim disso é que quando ele ia, meus problemas ainda continuavam ali. Suspirei.-  Estou me apaixonando pelos seus olhos, mas eles ainda não me conhecem...

- Oi rouxinol.- pulei de susto com a voz de Analu. Ela sorriu pra mim, aproximando-se.

- Deu-me um susto.- censurei-a fazendo uma careta, enquanto traçava a crina de minha montaria.

- Desculpe-me. Aquele quarto já estava sufocante e... Bom, saberia que encontraria você aqui.- ela deu de ombros, com o olhar longe. Observei-a de canto de olho.

- Foi muito ruim?

- Na medida do possível, não... Nós decidimos acabar de vez. Não adianta ficar esperando.- minha irmã começou a enrolar uma mecha do cabelo loiro no dedo, enquanto fitava o anel na mão direita. Espera. Eu nunca havia visto aquilo antes!

- O que é isso?- larguei a escova, segurando a mão dela rapidamente.

- Um cavalheiro me deu ontem, o da máscara.- falou, franzindo as sobrancelhas.

- Ele te deu um anel? Tipo, um anel de noivado?- minha voz estava estranhamente desafinada.

- Lógico que não Nina! Ficou louca? Ele disse que era apenas um presente para que não me esquecesse dele.- ela mordeu o lábio inferior, olhando fixamente para a pedrinha verde.

- Nossa...- engoli em seco.

- Eu também reparei o relicário. Não se faça de inocente.- ela olhou acusatória, apontando para os dois colares que se misturavam em meu pescoço.

- É só um presente...- me defendi, voltando a trançar os fios brancos.

- Por enquanto.- falou, levantando as sobrancelhas. Fiquei em silêncio, quase explodindo por isso. A indecisão estava me corroendo.

- Eu não sei o que fazer.- soltei, pressionando os lábios.- Simplesmente não sei.

- Uma hora vai ter que escolher.- ela disse, colocando a mão em meu ombro.

- O que você faria? Se estivesse em meu lugar?- virei-me, cruzando as pernas.

- Primeiramente, encerraria tudo com o escritor misterioso. Depois investiria no cavalheiro real que está se esforçando em todos os sentidos para agrada-la.

- Mas você não entende...

- Sabe o que eu não entendo? Você pode ficar com a pessoa que você gosta e ele está muito disposto a fazer isso acontecer, mas quer jogar isso tudo fora por conta de um desconhecido. Isso é estupidez Nina!

- Analu... 

- Eu te conheço... Por quanto tempo vai aguentar isso? Por quanto tempo vai aguentar esse mistério?- ela pressionou os lábios. Eu não era tola, sabia que precisava tomar uma decisão, só queria prolongar aquilo até estar certa do que queria... Suspirei, mordendo o lábio. O que poderia resolver aquela situação? Meus pensamentos começaram a tomar um rumo e como de súbito, uma ideia me ocorreu.

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