Vigésimo Oitavo Capítulo

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- De onde é, senhor Montini?- perguntei, sentando em cima da mesa. Ele imitou, olhando-me divertido.

- Vai me interrogar agora, senhorita Marina? E voltamos aos termos formais?- ele falou, abrindo um sorriso que poderia iluminar a cidade inteira. Perdi a cadência por alguns segundos.

- Desculpe... Mas sobre o interrogatório, não tenha dúvidas que o farei. Afinal, qual o propósito de estarmos presos aqui?- desafiei, empinando o queixo.

- Eu tenho idéias mais interessantes...- falou, piscando o olho pra mim. Corei, revirando os olhos.- Eu nasci em uma cidade perto daqui, no dia 18 de Outubro.- disse, sorrindo. Olhei para ele esperando o restante, mas o silêncio se estendeu, inquietando-me. Me sentia sedenta por mais informações! Ele mesmo não havia dito que queria que eu o conhecesse?

- E...- tentei. 

- E é isso.- deu de ombros, rindo. 

- Seus pais moram lá?- ele encrespou o cenho, olhando para a frente.

- Não. 

- Hum... Onde eles estão então?- tentei. Porque ele era tão reservado quanto a isso?

- Meu pai e minha irmã estão bem longe daqui. Minha mãe faleceu quando eu era pequeno.- falou, fitando a chuva. 

- Sinto muito.- repousei minha mão sobre a dele, pressionando os lábios. Ele virou a palma e entrelaçou nossos dedos.- Você tem uma irmã então?- Caleb me mirou novamente, afirmando.

- O nome dela é Maia, nós somos gêmeos.- falou, abrindo um sorriso. Sorri também.

- E como ela é?- perguntei, curiosa. Se fosse parecida com o irmão deveria ser uma dama esplêndida! Imagino quantos pretendentes caiam a seus pés todos os dias, até que chegaria um e... Interrompi a divagação. As vezes isso acontecia, eu olhava para uma situação e a história se desenrolava na minha cabeça. Eu não me aquietava até pôr no papel.

- Assim que você a conhece pode achar que é uma pessoa reservada, mas Maia é a mulher mais alegre que já conheci. Ela é inteligente e forte, mas extremamente irritante. Você tinha que ver cada uma que ela me aprontava quando éramos crianças...- ele riu, alegre. Sorri pela mudança de humor, odiava vê-lo com aquela sombra no olhar. 

- Imagino, apesar de minha irmã e eu sermos do tipo dupla dinâmica.- falei, usando o adjetivo que nossa mãe nos deu.- Éramos nós contra o restante!- ri, orgulhosa. 

- Vocês não deviam ser fáceis.- ele riu, colocando uma mecha do cabelo atrás de minha orelha. Suspirei.

- Bom, nos divertíamos bastante.- dei de ombros.- Meu pai dizia que mamãe nos estragava, já que na maioria das vezes estava envolvida na bagunça.

- Falando nisso, como ela está?

- Ela esta bem, desmaiou porque... está grávida.- revelei, olhando a chuva. 

- Sério?- anui com a cabeça, abrindo um sorriso. Cada vez mais aceitava a ideia de ter um bebezinho para alegrar nossos dias.- E como se sentiu?- virei a cabeça para ele, surpresa com a pergunta.

- De início, surpresa e...- mordi o lábio, envergonhada.

- Enciumada?- ele tentou, lançando-me um sorriso encorajador. 

- Sim...- coloquei a mão na testa, envergonhada.- Mas depois eu vi como estou animada pra cuidar de um irmão! Vou poder ensina-lo várias coisas!

- Como sabe que é um menino?- ele perguntou, curioso.

- Apenas sei.- dei de ombros. Caleb riu, encarando-me.

- Seus poderes de prever o futuro seriam bastante aproveitáveis na minha profissão.

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