Vigésimo Capítulo

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Olhei para a bela senhorita em minha frente, com o vestido lilás digno de aplausos. Anelize entrou perfeitamente na antiga vestimenta de Analu. Ela ficara irreconhecível com o cabelo em uma trança lateral adornada de pequenos brilhantes e a mascará cobrindo seu rosto delicado. Diferente de mamãe, sua peça não precisou de nenhum ajuste, como se tivesse sido feito para ela. Bom, foi feito por ela, logo deveria contar para algo. Minha irmã estava radiante em seu traje verde claro, porém todo recoberto de rendas prateadas, fato que realçou ainda mais sua beleza. Eu estava sentada de frente para penteadeira, ajeitando os últimos fios soltos do cabelo enquanto Anelize fora buscar um chá para nós, apesar de negarmos veemente. Estávamos... bom, quase entrando em pânico era pouco para o atual estado. A andança de minha irmã pelo quarto piorava ainda mais a situação. 

- Analu, você tem que se acalmar!- falei, massageando as têmporas. 

- Nina, não dá... E-eu não sei... Não sei co-como...- ela falava em completo desalento. Não estava preparada para revê-lo. Inspirei e expirei fundo. Umas cinco vezes. 

- Minha irmã, não faz o minimo sentido! Se você ficar assim, não irá aproveitar nada! No meu aniversário!- levantei-me, colocando as mãos nos ombros dela.

- Seu aniversário é só amanhã.- disse sucinta. 

- Mas assim você está me deixando mais ansiosa que já estou! Você sabe o quanto de tempo foi gasto nesse baile, vai desperdiça-lo assim?- falei, quase em súplica. Ela parou, parecendo entender onde eu queria chegar. Depois de um longo suspiro, me mirou com seus olhos lacrimejantes.  

- Me desculpe Nina... Eu só estou pensando em mim mesma...- as lágrimas rolavam por sua bochecha, sem controle. Abri a boca para acalenta-la, mas ela ergueu a mão, impedindo-me.- Esqueci-me que você está tão nervosa quanto eu e logo no seu dia especial...- seus soluços a balançavam. Meu peito quase afundou nas costas. Odiava vê-la assim, era como se eu estivesse sentindo sua dor. Abracei-a com toda força que tive, tentando livra-la dos problemas de alguma forma. Ela me afastou gentilmente, passando as mãos pelas bochechas.- Não posso sujar seu vestido! 

- Ele é a minha menor preocupação no momento.- segurei suas mãos, dando um sorriso fraco. Analu balançou a cabeça, encostando-a em meu ombro. Depois de um tempo, quando sua respiração ficou mais regulada, me mirou novamente. 

- Obrigada Nina, de verdade. Eu acho que precisava...- divagou, olhando pro teto.

- Eu sei. Todos nós precisamos as vezes.- falei, lembrando-me da noite que sai chorando até o jardim, a noite em que eu e Caleb... Coloquei a mão no estômago que parecia dar pulinhos e voltinhas, em uma dança estranhamente perturbante. Senti meu pulso disparar ao constatar que ele estaria ali, provavelmente mais lindo do que nunca, daqui a poucos minutos. Analu, sempre perceptiva, analisou minha postura. 

- Você esta pensando nele, não é?- indagou, me encarando. Só tive forças para balançar a cabeça em uma afirmativa.- É tão lindo como seus olhos brilham como duas estrelas! E com os dele não é diferente...- disse, com malicia. Porém aquilo foi como um soco no estômago para mim. Eu já ouvi algo parecido com aquela frase, mas de meu preletor. Como se em um estalo, lembrei-me do que ele havia me escrito. Da surpresa, da nossa curta distância. Oh!

A-a-nalu...- tremi dos pés a cabeça, com os olhos muito arregalados. Segurei seu braço em pânico.- O ca-cavalheiro das ca-cartas...- não precisei falar mais nada, pois seu olhar se tornou tão urgente quanto o meu. 

AguardadaOnde histórias criam vida. Descubra agora