Andei tentando fazer o menor barulho possível, apesar de estar mancando. No caminho até o quarto, fui me perguntando quem havia chamado meu nome. Será que alguém havia nos visto? Oh, por favor, não! O pânico começava a me invadir conforme eu pensava em todas as possíveis desculpas que daria pela manhã. Girei a maçaneta devagar e assim que entrei, encostei a porta, deixando a carta sobre a cômoda.
- Nina? Onde você estava?- girei e vi Analu, sentada na cama, me olhando curiosamente.
- Eu... fui dar uma volta. Estou sem sono.- dei um sorriso amarelo, meu coração batia forte e eu me recusava a pensar no motivo. Onde eu estava com a cabeça?
- Eu te chamei pela janela, achei ter visto alguém no jardim. Deve ter sido você.- disse, esfregando os olhos com a mão. Quase chorei de alívio. Havia sido ela!
- Era eu!- sorri alegre. Analu virou a cabeça, com uma clara expressão de interrogação.
- O que está acontecendo Nina?- se moveu, sentando na beirada da cama. Me juntei a ela, olhando para meus pés.
- Eu... fui até a cozinha, para levar a bandeja e quando retornei... havia uma carta dele Analu! Foi passada por debaixo da porta! Quem faz isso a uma hora dessas?- olhei pra ela que estava com os olhos e a boca aberta.
- Nina! Ele só pode estar na vila! Deve ter pedido para alguém te entregar!- disse.
- Na carta dizia que ele esta vindo para cá...- suspirei fundo.
- E isso a desagrada?- ela me olhou confusa outra vez, me fazendo rir.
- Não, isso é ótimo... Mas e se eu nem reconhecê-lo? E também tem o...- me interrompi. Não! Aquele cavalheiro estava fora de questão!
- Tem o..?- disse, com um sorriso. Joguei um travesseiro nela.
- Ahn, nada. Acho que estou ansiosa. Não sei o que esperar, nem quando... Não sei nada!- bufei, frustrada.
- Nina, eu sei que você gosta de ter as coisas sob controle, mas arriscar não faz mal para ninguém...- disse, colocando sua mão na minha.- E quem disse que ele não vai chegar e contar tudo? Você esta se preocupando a toa!
- Você... acha?- aquilo fazia sentido. Ele se revelaria não é?
- Não faz sentido ele não se apresentar! Mas... Agora eu quero te fazer uma pergunta - olhei curiosamente para ela.- Porque o senhor Montini estava com você no jardim?- sorriu maliciosa, me fazendo corar violentamente.
- Foi... apenas uma coincidência! Ele também estava sem sono e acabamos nos... encontrando.- a cena se repassava na minha cabeça milhares de vezes. Meu estômago se apertou com a lembrança, me fazendo engolir em seco.
- Estranho... Vocês pareciam estar se entendendo bem...- ela levantou as duas sobrancelhas. Minha face se assemelhava a um tomate.
- O que você viu?- meu coração retumbava na garganta.
- Não muita coisa, a árvore atrapalha a visão da janela.- fez uma careta. Me pus de pé, me apressando até a janela. Oh não! Dava-se uma ampla vista do jardim, inclusive para a parte do banco em que eu estava sentada. Pus as mãos no rosto. Como eu havia me arriscado daquela forma?
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Aguardada
RomansaA história de Marina Alonzo Clarke. Nina nunca foi uma pessoa propensa as regras do século 19. Diferente da irmã Analu, sempre foi mais "saidinha", nas palavras de Sofia. Agora com 18 anos, ela enfrentará o maior desafio de sua vida, conhecendo algo...