Décimo Quinto capítulo

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Andei tentando fazer o menor barulho possível, apesar de estar mancando. No caminho até o quarto, fui me perguntando quem havia chamado meu nome. Será que alguém havia nos visto? Oh, por favor, não! O pânico começava a me invadir conforme eu pensava em todas as possíveis desculpas que daria pela manhã. Girei a maçaneta devagar e assim que entrei, encostei a porta, deixando a carta sobre a cômoda.

- Nina? Onde você estava?- girei e vi Analu, sentada na cama, me olhando curiosamente.

- Eu... fui dar uma volta. Estou sem sono.- dei um sorriso amarelo, meu coração batia forte e eu me recusava a pensar no motivo. Onde eu estava com a cabeça?

- Eu te chamei pela janela, achei ter visto alguém no jardim. Deve ter sido você.- disse, esfregando os olhos com a mão. Quase chorei de alívio. Havia sido ela!

- Era eu!- sorri alegre. Analu virou a cabeça, com uma clara expressão de interrogação.

- O que está acontecendo Nina?- se moveu, sentando na beirada da cama. Me juntei a ela, olhando para meus pés.

- Eu... fui até a cozinha, para levar a bandeja e quando retornei... havia uma carta dele Analu! Foi passada por debaixo da porta! Quem faz isso a uma hora dessas?- olhei pra ela que estava com os olhos e a boca aberta.

- Nina! Ele só pode estar na vila! Deve ter pedido para alguém te entregar!- disse.

- Na carta dizia que ele esta vindo para cá...- suspirei fundo.

- E isso a desagrada?- ela me olhou confusa outra vez, me fazendo rir.

- Não, isso é ótimo... Mas e se eu nem reconhecê-lo? E também tem o...- me interrompi. Não! Aquele cavalheiro estava fora de questão!

- Tem o..?- disse, com um sorriso. Joguei um travesseiro nela.

- Ahn, nada. Acho que estou ansiosa. Não sei o que esperar, nem quando... Não sei nada!- bufei, frustrada.

- Nina, eu sei que você gosta de ter as coisas sob controle, mas arriscar não faz mal para ninguém...- disse, colocando sua mão na minha.- E quem disse que ele não vai chegar e contar tudo? Você esta se preocupando a toa!

- Você... acha?- aquilo fazia sentido. Ele se revelaria não é?

- Não faz sentido ele não se apresentar! Mas... Agora eu quero te fazer uma pergunta - olhei curiosamente para ela.- Porque o senhor Montini estava com você no jardim?- sorriu maliciosa, me fazendo corar violentamente.

- Foi... apenas uma coincidência! Ele também estava sem sono e acabamos nos... encontrando.- a cena se repassava na minha cabeça milhares de vezes. Meu estômago se apertou com a lembrança, me fazendo engolir em seco.

- Estranho... Vocês pareciam estar se entendendo bem...- ela levantou as duas sobrancelhas. Minha face se assemelhava a um tomate.

- O que você viu?- meu coração retumbava na garganta.

- Não muita coisa, a árvore atrapalha a visão da janela.- fez uma careta. Me pus de pé, me apressando até a janela. Oh não! Dava-se uma ampla vista do jardim, inclusive para a parte do banco em que eu estava sentada. Pus as mãos no rosto. Como eu havia me arriscado daquela forma?

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