Capítulo 3

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THOMAS


-Paloma, você está liberada – falo a ela enquanto entro na minha sala, vindo de mais uma reunião.

-Tem certeza, senhor? – pergunta me acompanhando e ficando parada do lado da porta.

-Sim, sim. Só vou ligar para o meu pai e encerrar o dia. Se alguma emergência aparecer eu te ligo. Pode ir pra sua casa e aproveitar sua sexta-feira.

-Muito obrigada, senhor.

-Paloma – a chamo antes que ela saísse da sala. -Eu tenho alguma reunião ou encontro importante amanhã?

Ela sai da sala e vai até a sua mesa procurando seu tablet.

-Não, senhor. Nenhum assunto que seja necessária sua presença.

-Certo. Então você está liberada de vir amanhã. Lhe vejo na segunda – digo concentrado no meu computador enquanto finalizava um e-mail a ser enviado para o setor da Segurança.

-Okay. Até segunda, então.

Ela sai da sala e consigo ver sua silhueta através da parede organizando suas coisas. Olho para o relógio e vejo que já são 16:15. Espero que meu pai não fique bravo por eu ligar para ele um pouco atrasado.

-Castro-Hall falando.

-Oi, pai.

-Thomas. Que bom ouvir sua voz, filho – ouço a voz animada do meu pai pelo outro lado da linha. Eu sei o quanto ele gosta de falar com os filhos.

-Também é bom te ouvir, pai. A Paloma disse que o senhor queria falar comigo.

-Sim. Só um momento, filho – pelo som de motor no fundo, percebo que ele está dirigindo. Depois de uns 2 minutos, consigo ouvir o carro parar. -Estava vindo para casa.

-Pai, por que o João não está dirigindo? – o João é o segurança do meu pai.

-Thomas, você sabe que eu gosto de dirigir para espairecer e acalmar os pensamentos um pouco. Além disso, o João está do meu lado. Correto?

-Sim, senhor. Olá, Thomas – ouço a voz grossa de João do outro lado da linha.

-Oi, João. Esse velho tem causado muitos problemas?

-Negativo, senhor.

-Olha, velho é o senhor seu avô. Que Deus o tenha.

-Amém. Agora o que o senhor quer falar comigo, pai?

-Sim. Vamos ao que interessa – ouço a porta do carro abrir e fechar. Provavelmente ele está andando para o apartamento agora. -Você sabe que em breve o Edu vai fazer 18 anos, né?

-Sim, pai. A mãe estava falando comigo sobre isso hoje.

-Você sabe o peso que ele deve estar carregando por saber que vai assumir o comando da empresa do Pedro, e você também sabe como ele sempre foi o mais frágil de todos - meu pai não estava errado. O Edu sempre foi mais emotivo e sensível do que todos nós, exceto quando estava em treinamento. Ele parecia se tornar outra pessoa quando empunhava uma arma. -Ele pode saber se defender, mas nós sabemos que o mundo dos negócios é algo totalmente diferente.

-Aonde você quer chegar com isso, pai?

-Olha, filho, eu sei que vocês todos cresceram se tratando como primos e que cuidam muito um do outro, mas eu preciso que você tenha mais cuidado ainda agora. Ele só tem você como alguém que pode ajuda-lo nesse começo, por mais que vocês nunca tenham sido muito próximos. Então, caso aconteça algo que ele precise de ajuda, eu quero que você esteja lá pra ele e que não deixe ele se sentir totalmente pressionado. Você já conviveu muito com os Ferreira e sabe como eles trabalham. Eu conto com você para este trabalho, entendido?

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