Capítulo 22

490 63 7
                                    

THOMAS


-Eu preciso me afastar dele.

-Que? Thomas, você ficou doido? – perguntou Luísa. Era sexta de noite e meus amigos estavam mais uma vez no meu apartamento.

-Concordo com ela. Por que você vai fazer isso agora? – questionou Samuel enquanto comia uma batata frita que eles tinham comprado no caminho pra cá.

-Eu não posso continuar me aproximando dele dessa forma. Terça-feira foi o melhor e o pior dia da minha vida.

-Que? – perguntou Luísa novamente confusa.

-Foi o melhor porque eu passei o dia todo com ele, pude cuidar dele e tudo mais. Porém, também foi o pior porque eu tive que me segurar durante o dia todo. Eu senti como se todos os músculos do meu corpo quisessem puxar ele pra mim e nunca mais soltar. Eu queria beijá-lo e tocá-lo o tempo inteiro, e resistir a todos esses impulsos foi um inferno.

-Continue que o deboche tá chegando – disse Lu, o que me fez olhar pra ela irritadamente.

-Vocês sabem que eu sou um cara bastante controlado, que quase nada me tira do sério, mas eu estava parecendo um adolescente que não sabe deixar as calças levantadas. Eu não quero me sentir desse jeito de novo.

-Aaah, isso é fácil – falou Samuel. -A solução pra esse problema é bem simples.

-E ela seria?

-Chega no Eduardo e diz pra ele o que tu sente – ao ele falar isso, eu o encarei sério e depois comecei a rir compulsivamente.

-Você... não pode... estar... falando sério – disse lentamente entre fôlegos.

-Por que a da risada? Eu tô falando sério, pô.

-Atabom, Samuel – respondi enquanto os risos cessavam. -Tá bom que eu vou chegar pro garoto o qual eu vi crescer e é filho do homem que é praticamente meu segundo pai e vou dizer pra ele que estou perdidamente apaixonado por ele.

-Peraí – interrompeu Luísa. -Você não planeja contar nada pro Edu?

-Mas é claro que não. Isso não é óbvio?

-E por que não?

-Porque isso só arruinaria as coisas – respondi enquanto comia um dos hambúrgueres que eles também haviam trazido. -Não seria recíproco, então pra quê contar?

-Não seria recíproco? – questionou Samuel.

-Sim. Ele claramente não gosta de caras, então tá tudo certo.

-Pera – disse minha amiga. -Ele te disse que não gosta de caras ou você assumiu que ele não gosta de caras?

-Aclaro – comecei a falar debochadamente. -Eu vou chegar nele e perguntar se ele sente atração por homens. Super normal falar uma coisa dessas.

-Pergunta pra Roberta – falou meu amigo.

-ACLARO – falei quase berrando. -Eu não vou falar com ele pra falar COM A IRMÃ DELE. Isso não vai ser nem um pouco suspeito.

-Assim fica difícil de te ajudar, Tommy.

-Não tem no que me ajudar, Lu. Eu e o Eduardo nunca vai acontecer. Ponto final.

-Então você vai ficar nutrindo esse sentimento aí pelo resto da sua vida sem nunca falar com ele? – perguntou Muca.

-Sim. Exatamente isso. É o melhor que eu posso fazer.

-Você não vai nem tentar descobrir se há alguma chance?

-Pra que tentar se eu já sei a resposta.

Guardião - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora