Capítulo 5

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THOMAS


Acordo com o som do meu celular tocando. Ele só tocava em ocasiões específicas: ou era alguém da minha família, ou era o Daniel ou a Paloma, ou era o Samuel ou a Luísa. Cada um desses tinha um toque diferente para eu reconhecer previamente, e desta vez o que tocou foi o último.

Pego o meu aparelho só para ver o rosto de uma das mulheres mais bonitas que eu conheço na tela. Atendo com a maior preguiça do mundo e deixo o celular no viva-voz para não precisa ficar segurando-o.

-Por que está me ligando tão cedo pela manhã? – pergunto com a cara grudada no travesseiro e com a voz sonolenta.

-Thomas, são 10h30 da manhã – arregalo os olhos e pego o celular para conferir a hora, e ela de fato estava certa. -Hoje é a festa do Samuel, e o seu aniversário de namoro com a Vitória, você não deveria estar organizando as coisas a esta hora não?

-Aarg – resmungo enquanto continuo deitado. -Será que não posso ter 1 dia aonde não preciso ter nenhuma responsabilidade? Eu só queria dormir.

-Deve realmente ser muito difícil e cansativo comandar uma empresa e administrar família, namoro e amizade, agora levanta dessa cama e vai fazer as coisas. Lembre-se que você precisa chegar antes na festa para nos ajudar com algumas coisas – diz Luísa com um tom totalmente irônico e depois mandão. Eu realmente não queria ter que levantar da cama tão cedo hoje, mas o dia vai ser cheio.

-Tá, tá, tá, mamãe. Já entendi.

-Ótimo. Te vejo mais tarde na festa. Te amo, meu anjo – ouço ela desligar a ligação e encaro o teto pensativo.

Pego o meu celular novamente e mando uma mensagem para Vitória informando que passarei em sua casa 13h para leva-la para almoçar, em comemoração ao nosso aniversário. Ela me responde com um okay, um emoji de coração e outro de beijo. Nossa comunicação se tornou basicamente esta. Ainda não consigo entender como o nosso relacionamento esfriou tanto e se tornou o que é hoje, mas tenho uma leve ideia do que pode ter sido o gatilho para esse declínio começar.

Levanto da cama e começo a me arrumar para sair. Aciono o Daniel e ele também começa a se aprontar para que pudéssemos ir buscar Vitória em seu bairro. Visto uma simples bermuda de moletom, só que mais apresentável e menos "de usar em casa", uma camisa confortável e calço meu par de sapatos fechados simples. Vejo o Brutus andando pela casa comigo e percebo que ele está um pouco inquieto. O chamo para entrar no elevador comigo e aperto o botão com o nome 'Cobertura'. Assim que a porta abre, vejo minha mãe saindo da cozinha, provavelmente querendo saber o que eu fazia lá.

-Oi, mãe.

-Olá, filho. Aonde vai assim arrumado em pleno sábado? – pergunta ela com um tom de curiosidade. Geralmente nos fins de semana eu costumo ficar em casa para descansar. Quando saio, é sempre a noite e com o Samuel e/ou a Luísa.

-É o meu aniversário de namoro com a Vitória hoje. Vou levar ela pra almoçar e depois volto para me arrumar pra festa do Samuel.

-É mesmo, amanhã é o aniversário dele. Tenho que me lembrar de ligar para lhe desejar os parabéns – diz minha mãe ignorando totalmente a parte sobre Vitória.

-Bem, como a senhora está aqui sozinha neste sábado, eu não queria deixar o Brutus sozinho lá no apartamento e trouxe ele para lhe fazer companhia. Tem algum problema?

-Claro que não, meu amor. Eu adoro ter o Brutus comigo. Bom almoço e boa festa pra você – ela me dá um beijo na testa e segue de volta pra cozinha com o meu cachorro em seu encalço.

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