THOMAS
-Que? O que aconteceu? – perguntou ele severamente desnorteado.
-Do que você se lembra, Du? – me aproximei da cama e sentei de frente pra ele, tocando seu rosto levemente.
-Eu... Pera – disse ele fechando os olhos com força e balançando a cabeça. -Eu lembro de sairmos da empresa tarde porque eu tive muita papelada pra ler. Aí...
-Continue.
-Aí nós estávamos sendo seguidos – notei seu corpo ficar um pouco mais tenso. -E nós fomos pra um local mais deserto pra lutar contra os perseguidores – sua respiração começou a ficar mais forte e eu podia sentir seu corpo falhar. -Aí nós derrubamos todos só que... tinha 1 mais. 1 a mais que eu não vi. Ele ia te matar – ele travou novamente, que nem havia acontecido ontem. -Aí... eu atirei nele. E depois eu não lembro de mais nada.
-Você entrou em choque – ele me encarou perplexo. -E então, você desmaiou. Eu te trouxe pra casa e você dormiu até agora.
-Meus Deus. Que horas são? – perguntou ele de forma agitada procurando algum relógio. -Tenho que ir trabalhar.
-Opa opa, calma aí – falei enquanto segurava ele na cama o impedindo de levantar. -Você não vai a lugar nenhum hoje.
-Thomas, eu preciso ir trabalhar.
-Não, você não precisa – disse com total firmeza em minhas palavras, o que fez ele me encarar em dúvida se rebatia ou se apenas aceitava. -Você não está em condições de trabalhar hoje. Eu já liguei pra minha assistente e passei as instruções pra ela informar o seu.
-Mas...
-Mas nada, Eduardo – acabei sendo um pouco mais rude do que eu queria. Eu estava tendo que segurar todos os meus impulsos e vontades naquele momento. -Você não está bem. Você pode achar que está, mas você não está. Eu sei como é sentir o que você está sentindo agora, e eu vou te ajudar nessa hoje, quer você queira ou não.
Ele, sabendo que eu não iria mudar de ideia ou opinião, apenas se rendeu e bufou frustrado. Eu consigo imaginar o turbilhão que deve estar a mente dele nesse momento. A primeira morte é sempre a mais pesada e a que deixa mais marcas, e ele sempre foi o mais sensível de todos os 8.
-Aquelas são minhas roupas? – perguntou ele apontando para a pequena pilha com roupas dele que estavam na estante do meu quarto.
-Sim. Eu trouxe pra você trocar quando você acordasse.
-E por que você as trouxe? – perguntou ele confuso.
-Você realmente acha que você vai sair de perto de mim hoje?
-Você parece ser bastante experiente em tomar decisões pelos outros – disse Eduardo com um tom levemente irritado.
-Se essas decisões são para proteger esses outros, então eu tomarei todas as decisões que forem necessárias – tentei falar de uma forma que não soasse grosseiro. Acho que consegui.
-Aah, claro. Porque eu sempre fui o garoto fraco que precisa da proteção de todos – falou ele levantando da cama e indo em direção às suas roupas.
-Eu nunca disse isso.
-Mas é o que você pensa. É o que todos pensam e acham que eu não sei.
-Ei – disse já um pouco alterado e segurando o seu braço. -Eu sei que isso ainda pode ser o choque falando, mas não diga coisas das quais você não sabe. Nós não achamos que você é fraco. Você sempre foi o melhor de todos nós e você sabe disso. Nós te amamos e tudo que queremos é te proteger, não porque você não é capaz de fazer isso sozinho, mas porque nós queremos – após eu terminar de falar, ele abaixou a cabeça e ficou encarando o chão estático. Não consegui me controlar neste momento e o abracei. Ele foi pego de surpresa pelo puxão repentino, mas logo eu passei uma mão pelas suas costas e afaguei seu cabelo com a outra. A sensação de ter o seu corpo tão colado ao meu foi totalmente alucinante. Eu me senti como se estivesse sendo lentamente viciado em uma droga, e como eu precisava dessa droga. -Eu quero te proteger, eu devo te proteger. Você pode não entender isso agora, mas você sabe como eu sou e isso nunca vai mudar. Se eu extrapolo as vezes e te impeço de ir trabalhar, por exemplo, é porque eu estou cuidando de você, mesmo que você não veja desta forma – reuni todas as forças que tinham em mim para afastá-lo um pouco e olhar diretamente pra ele, que agora tinha um olhar meio choroso. -Apenas deixe eu te proteger, okay? – ele meneou a cabeça em concordância e eu o abracei novamente, porém, desta vez, por menos tempo. -Tem uma toalha e um sabonete novos no banheiro do corredor pra você. Na gaveta da pia também tem uma escova de dentes fechada. Tome um banho e desça pra comer, certo?
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Guardião - Livro I
RomanceIrmãos Castro-Hall - Livro 1 . Thomas é o irmão mais velho dentre os filhos da família Castro-Hall. Com seus apenas 22 anos, ele já é um dos líderes de empresa mais famosos do Brasil. Tendo uma criação voltada justamente para assumir este cargo, ele...