Capítulo 31

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THOMAS


Que. Entrevista. Longa.

Quando o pessoal da premiação terminou de me fazer perguntas, o relógio já estava marcando 11h30. Me sentia um pouco sugado depois de tanto esquivar das tentativas deles de saber da minha vida pessoal. Se eles estavam me entrevistando para méritos empresariais, por que inferno precisavam saber tanto sobre a minha família, meus amigos e meus relacionamentos? Eu segurei um maravilhoso 'vai se foder' por metade do interrogatório, pois foi assim que eu me senti.

-Paloma – chamei a minha secretária pelo telefone enquanto encarava a vista da minha janela.

-Presente.

-Você pode pedir pra mandarem meu almoço?

-Sim.

Eu gostava destes momentos do meu dia. Quando eu encerrava os compromissos da manhã e observava a cidade agitada em seu pico de meio-dia. Como sempre, o sol estava brilhando no céu azul sem nuvem alguma. Se não fosse pelo ar-condicionado da minha sala, provavelmente eu estaria soando horrores.

Mesmo tendo nascido e crescido em Salvador, assim adquirindo uma habilidade passiva de resistência a calores de 30º, a cidade se supera a cada ano que passa, mostrando que sempre pode esquentar mais. Decido aproveitar os minutos que tenho no meu horário de almoço para assistir alguma série. Sim, eu assisto séries. Quem me fez ter esse hábito ocasional foi a Roberta. Há alguns anos atrás ela me pediu, ou seja, coagiu e obrigou, para eu assistir uma série que ela gostava muito e eu acabei me interessando demais nela e mergulhei nesse mundo infinito do entretenimento televisivo. Por mais que eu não tivesse muito tempo pra assistir muitas, eu sempre conseguia assistir 1 ou 2 episódios durante meu horário de almoço, já que na maioria das vezes eu não fazia nada neste meio tempo.

Então, fui para o meu quarto na parte de trás do meu escritório, tirei os sapatos e deitei na cama, ligando a televisão e colocando mais um episódio de Arrow para assistir.

A série que Berta havia me recomendado era The Flash. Como eu sempre gostei de super-heróis, desde que era criança, principalmente os da Liga da Justiça, eu gostei bastante da primeira temporada e me interessei em assistir o resto. Um tempo depois ela me explicou que a série fazia parte de um universo dos heróis da DC e que havia outras 3 séries relacionadas, onde todos se juntavam anualmente em um crossover. Eu falei pra ela esquematizar tudo pra mim para eu poder acompanhar corretamente e aqui eu estou seguindo o planejamento dela.

Minutos depois eu ouço a porta do meu escritório sendo aberta e estranho por um momento, porque se fosse a Paloma ou o Daniel eles chamariam pelo meu nome assim que não me vissem na mesa. Segundos depois eu vejo um homem de 22 anos carregando dois sacos nas mãos me olhando curiosamente.

-Olá, coisa – falei com um sorriso no rosto enquanto continuava assistindo minha série.

-Gentil feito um coice.

-Por que você está com o meu almoço?

-Eu estou com o nosso almoço porque eu liguei para a Paloma mais cedo e falei pra ela pedir o meu junto com o seu – respondeu Samuel colocando as quentinhas em cima da bancada da minicozinha junto dos sucos em garrafa. -Onde ficam os talheres mesmo?

-Segunda gaveta. Pratos na primeira – ele abriu as determinadas gavetas e colocou as quentinhas em cima dos pratos, pegando 2 pares de talheres.

-Bora, levanta daí – disse ele sentando na mesa de 4 lugares que também havia no quarto.

-Então, a que devo sua ilustre visita? – questionei abrindo a minha quentinha e sorrindo involuntariamente pelo cheiro de comida fresca.

-Bem, como eu já havia falado contigo. Preciso de ajuda.

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