Capítulo 16

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THOMAS


-Terra para Thomas? – Samuel estalou os dedos na minha frente para tentar chamar minha atenção.

-Oi? Que foi? – respondi confuso.

-O gato comeu sua língua? – perguntou ele enquanto ria da minha cara.

-Na-na-não... Eu só me distraí um pouco. Qual era a pergunta mesmo?

-Se você se sente mais seguro agora que todos sabem se defender sozinhos, por que você ainda age da mesma forma com o Edu?

Novamente, um silêncio se tomou e eu fiquei sem saber o que falar.

-É que... – Samuel me olhava com uma sobrancelha levantada e uma risada segurada. -Ele sempre foi o mais novo, sabe? Então, é por isso – tentei disfarçar meu leve nervosismo levantando a pasta na frente do meu rosto para desviar do olhar tendencioso do meu melhor amigo.

-AI MEU PAI – disse Muca com uma feição surpresa e animada. -MEUS DEUS. MEUS DEUS.

-Será que você pode parar de gritar? Eu estou tentando ler aqui.

-A Luísa precisa saber disso – falou ele levantando e largando meus pés no sofá, pegando seu celular. -Atende, mulher. Atende.

-Não sei pra quê a presepada.

-LUÍSA? ALÔ? Pera que vou te botar no viva-voz.

-O que tá acontecendo, Samuel? – pude ouvir a voz da minha amiga através do telefone, ela parecia ocupada.

-Ele tá fazendo um escândalo por motivo nenhum, Lu – respondi enquanto continuava a ler.

-Tommy? Que que você tá fazendo aí?

-Ele que está na minha empresa.

-Lu, Lu. Tá ouvindo direito? – perguntou o Samu eufórico. Eu não estava entendendo nem um pouco toda essa inquietude repentina.

-Sim, eu estou. Samuel, o que que foi homem? – disse ela já ficando um pouco impaciente.

-O NOSSO THOMAS TÁ APAIXONADO.

-O QUE? – eu e Luísa falamos ao mesmo tempo. Dei um salto no sofá e fiquei sentado encarando o meu amigo que me olhava com uma cara alegre.

-Que história é essa, Samuel?

-Sim, Samuel. Que história é essa? Por quem eu estou apaixonado?

-Mas não é óbvio homem? – perguntou ele. Eu apenas continuei o encarando sem entender o sentido daquilo. -Pelo Eduardo.

-Você tem 1 minuto pra me convencer a não te arrastar até um hospital e te obrigar a fazer um exame toxicológico e psicológico.

-Samuel, explica isso melhor – falou Luísa.

-Lu, você tinha que ver o jeito que ele estava falando sobre o Edu agora a pouco. Lembra quando você me falou uma vez sobre como quando eu estava falando sobre a Paula eu parecia um bobo apaixonado? – Paula é uma ex-namorada do Samuel da época do final do colégio. -Agora eu entendo o que você quis dizer. O Thomas estava igualzinho.

-É, não vou te levar pra um hospital. Eu vou te levar para um hospício mesmo.

-Ele estava igual a tu falando da Paula? – perguntou Luísa confusa.

-Sim. Os olhos brilhando, o sorriso involuntário no rosto, a feição relaxada.

-Eu não estava assim, Samuel. Eu estava normal.

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