Capítulo 4

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THOMAS


-Fala logo o que você quer homem – digo ainda sorrindo. Era sempre bom falar com o Samuel.

Nós nos conhecemos no final da 8ª série. Nós fizemos um trabalho onde estávamos na mesma equipe e acabamos mantendo o contato mesmo depois da apresentação porque ambos estávamos interessados em um jogo que estava prestes a lançar e eu havia prometido a ele que quando eu tivesse, o chamaria pra jogar.

Isso de fato aconteceu, e passamos as férias daquele ano criando uma amizade inseparável. No ano seguinte, era o ano que eu iria fazer 15 anos e meus treinamentos iriam começar. Quando eu contei para ele que eu teria menos tempo para os jogos e para a amizade, eu fiquei com muito medo de isso acabar o afastando, pois eu nunca havia tido um amigo como ele antes, e não saberia como passar o resto do ensino médio sem ele.

A notícia foi um choque para ele, ainda mais quando ele descobriu os motivos disso acontecer. Claro que ele não ficou sabendo de todos os detalhes (por exemplo, o fato de que eu seria treinado para me tornar capaz de matar uma pessoa), porém, de qualquer forma, eu fiquei com medo de perder a minha única amizade verdadeira.

No começo, foi um pouco difícil manter pouco contato e não podermos mais sair para festas ou ir para a casa um do outro para passarmos a tarde jogando, mas, depois de um tempo, ele se acostumou. Ele também disse pra mim que nada no mundo iria fazer ele deixar de ser meu amigo e que eu era uma pessoa muito importante para ele. Este dia foi um dos poucos dias no qual eu chorei de verdade, mas foi de alívio por saber que eu não iria perder o meu melhor amigo.

Nossa amizade só fez crescer e crescer com o passar do tempo e hoje somos uma dupla totalmente irritante e calorosa.

-Você é o que eu quero. Como vamos fazer pra desenrolar isto? – eu pude ouvir a gargalhada dele no fundo do telefone.

-Você nunca vai me ter, lide com isso – reparei, pelo retrovisor central do carro, Daniel revirando os olhos e soltando uma risada. Ele já havia se acostumado com essa amizade íntima e ácida minha com o Samuel e já não estranhava mais nossas conversas. -Agora para de enrolação e fala logo.

-Eu quero saber o porquê o senhor Diretor Executivo Castro-Hall não quer ir para a MINHA MARAVILHOSA E ÉPICA festa de aniversário. Eu sou um nada para você, é isto?

Eu sabia que ele iria falar sobre isto. O aniversário do Samuel é no domingo, mas a festa dele será amanhã, no sábado. Eu não gosto de festas porque sempre há algum vestígio de mídia querendo tirar alguma informação sobre a minha vida pessoal, e é óbvio que eu odeio isso.

-Aaaah, Samuca – falei enrolando na voz.

-Não me vem com Samuca não – a voz dele começava a ficar alterada. -Você é o meu melhor amigo. Como assim você não vai na minha festa?

-Você sabe que eu odeio festas públicas e chamativas. E é óbvio que eu vou na festa, porque mesmo que eu não quisesse, e lá no fundo eu não quero mesmo e você sabe disso, amanhã é o meu aniversário de namoro com a Vitória e eu tenho certeza que ela vai querer me levar pra lá.

-Vou tentar não ficar magoado pelo fato de você só ir na minha festa porque a sua namorada vai te arrastar para ela – diz ele com uma voz dramática.

-Não vem com essa. Você sabe que domingo, na data REAL do seu aniversário, eu estarei com você o dia todo, e eu espero realmente que você não arraste nenhuma garota que você conhecer na festa para os nossos planos com a Luísa.

A nossa história com a Luísa é bastante engraçada. No meio do nosso segundo ano, o Samuel me pediu ajuda para arrumar um esquema pra ele com uma garota de uma turma do 1º ano. Então, como eu sou um ótimo amigo, eu resolvi o ajudar e fiquei próximo da garota. Eu juro que em nenhum momento tive algum pensamento além do previsto para com essa garota. Eu prezo muito pela minha amizade e nunca ficaria com uma garota a qual ele queria, a menos que ele não fizesse questão disso.

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