THOMAS
Depois de lavar minhas feridas como o médico sugeriu, sequei-as e coloquei uma camisa regata para não as abafar. Como eu conheço bem dona Giuliana, eu aposto que assim que a Tia Isabella pegou a receita dos medicamentos para mim e para o Edu, ela enviou para minha mãe para que ela comprasse, e, eu aposto também que minha mãe já separou tudo tanto no meu apartamento quanto no do Eduardo.
Então, eu abro o armário de remédios do meu banheiro de olhos fechados e movo minha mão para a esquerda da prateleira de baixo. Agarrei a caixa de alguma pomada, e quando abro os olhos, é exatamente a pomada receitada pelo médico. Eu amo a minha mãe.
Aplico-a nos meus ferimentos lentamente e tento não deixar as manchas brancas muito visíveis em meus braços e antebraços. Quando termino, lavo minhas mãos rapidamente na pia e dou uma olhada em mim mesmo no espelho. Acho que vou diminuir a barba. Já passou da hora de eu dar uma mudada no visual, e eu vou começar por ela. Vou até meu quarto a procura do meu celular. Mando uma mensagem pro Fernando pedindo pra avisar a mãe que iria me atrasar uns 10 a 15 minutinhos para o almoço, e então volto para o banheiro. Pego a máquina que estava guardada no armário e começo o processo.
Aparei boa parte dela e deixei ela bem curta. Me senti como um homem totalmente diferente, e estava feliz com isso. Limpei a pia do meu banheiro e a máquina, deixando-a em cima da pia para secar. Apliquei um pouco de loção em meu rosto e fui até o closet para colocar um perfume. Peguei o que eu costumo usar em almoços de casa mesmo. Na minha adolescência eu meio que criei um vício em estar sempre cheiroso, pois minha mãe dizia que "Assim como os olhos são a janela da alma, seu cheiro é como o jardim da sua casa. Se ele for bom, as pessoas se sentirão com vontade de se aproximar. Se ele for ruim, elas atravessarão a rua." Por causa disso, eu acabei por sempre estar com alguma borrifada de perfume no pescoço, mesmo se fosse apenas um almoço entre membros da família.
Quando estava devidamente arrumado e cheiroso, saí do meu quarto e desci as escadas indo em direção ao elevador. Assobiei para chamar meu cachorro, que veio correndo até mim rapidamente.
-Vamos lá, garotão.
Alguns segundos depois, já estava no apartamento dos meus pais. Virei à direita para ir para a ponte, e a porta dela já estava aberta. Quando cheguei na mesa de jantar, o almoço tinha acabado de ser servido. Minha mãe e a Tia Isabella sempre gostavam de cozinhar. Quando elas se conheceram, elas ficaram logo amigas por causa da paixão de ambas pela cozinha, e não demorou muito para estarem trocando receitas e cozinhando juntas. Essa paixão de ambas respaldou em todos os filhos, pois quando éramos crianças elas sempre pediam nossa ajuda para acompanhar elas na cozinha, o que nos serviu bastante quando cada um foi morar em um canto.
-Brutus – disse Roberta animada quando viu que meu cachorro havia me acompanhado. -Vem cá, garotão. Que saudades de você.
Como ela já estava almoçando, ela fez carinho nele com os pés, e o mesmo deitou em baixo dela para aproveitar o afago. Como a família não estava totalmente reunida, não ocupamos os nossos lugares típicos na mesa. Em uma ponta, donas Giuliana e Isabella estavam sentadas uma do lado da outra. No lado da Tia Isa estavam sentados Edu e o Luiz. No lado da minha mãe estavam sentados Roberta e Fernando. Dei um beijo na testa da minha mãe e da Isa e segui em e segui para a parte da cozinha para fazer o meu prato.
-O arroz tá na 3, o feijão tá na 5 e o seu almoço tá na 6. A salada tá no balcão e o limão tá do lado – disse minha mãe rapidamente enquanto eu comia. Os números são a identificação que nós colocamos no fogão. Para alimentar tantas pessoas, um fogão convencional não serviria. Por isso, a cozinha da ponte possui um fogão de 8 bocas, enumeradas para sabermos aonde casa coisa tá. Contudo, temos alguns padrões para determinados alimentos. Arroz sempre é cozinhado na boca 3, feijão na 5, carnes na 2, frango na 4 e peixes na 6. Assim que abro a frigideira da boca 6 vejo dois filés de salmão grelhados nela. Viro a cabeça e olho pra minha mãe com uma cara confusa. -O Marcondes que disse que você precisa comer peixe, então eu seguirei as recomendações dele.
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Guardião - Livro I
RomanceIrmãos Castro-Hall - Livro 1 . Thomas é o irmão mais velho dentre os filhos da família Castro-Hall. Com seus apenas 22 anos, ele já é um dos líderes de empresa mais famosos do Brasil. Tendo uma criação voltada justamente para assumir este cargo, ele...