Prólogo:

280 24 7
                                    

- Alicia on-

  A neblina do nascer do sol se dissipava em meio ao crepúsculo estarrecido no céu. A boate colorida estava quase pra fechar. Em meio aos corpos dançantes vários adolescentes se desvencilhavam de bebados e drogados. Um mais decante que o outro. E eu, estava ocupada demais pra lidar com o restante deles. Tinha um compromisso muito maior à minha espera.
  Cambaleei pelo corredor quase desmanchando sob os pés levadiços. Ainda estava com a garganta inflamada depois da agulhada com analgésicos. Tinha que valer, tinha que ser a dose suficiente de remédio pra me fazer entrar em coma depois de uma concussão. Tinha que ser.
  Em algum momento deixei cair o celular da mão e me encontrei arrastando os pés para uma porta restrita, que deixava bem claro que apenas o dono do lugar podia entrar ali, mas eu teria de humildemente desobedecer esta regra.
  - Ca- Cachorrinhos... - Solucei, não lembrava mais se era por chorar ou pelo efeito de dope. Já estava muito mais do que fora de mim.
  Minha visão quase turva ainda pôde captar alguma coisa escrito em letras rústicas e douradas num letreiro em cima da porta. O nome de alguém que eu não gostava, mas que sabia que seria perfeita pra resolver meu problema. Eu só precisava de uma concussão. Sabia o bastante para ter certeza de que assim que sentisse que passava perigo, Jung Kook se manifestaria.. 
  Toquei na maçaneta fria, estava na porta já, bastava encarar o que era preciso ser feito. Sem hesitar, eu empurrei.
  - Cachorrinhos..! - Chamei de novo dando de cara com Jennie no colo de um rapaz que fazia parte da equipe de segurança da boate.
  - O que você está fazendo aqui sua cadela?! - Indagou ela saindo do colo do rapaz e eu mordi a boca começando a sentir o êxtase. Eu sei que tinha que apanhar pra ter a concussão, mas não era nada demais bater um pouco também.
  - Acho que a cadela aqui é você, e que com certeza está no cio! - Caçooei e ela me fitou estarrecida de ódio.
  - Vou te ensinar bons modos sua imunda. - Ela soltou as garras nos dedos e comecei a ver suas presas dominando os dentes na sua boca. Um sorriso travesso e indecente cobriu meu rosto.
  - E o que está esperando? - Indaguei e ela partiu pra cima, os pés descalços rasgaram o tapete no chão com as garras e um lobo pulou pra cima de mim me jogando porta a fora do camarim aquecido.
  O segurança atrás gritou alguma coisa que eu não consegui entender e eu bati a cabeça no chão. Logo em seguida dando um soco na boca da loba agressiva em cima de mim.
  A loba atingiu a janela com uma pancada forte o bastante pra fazer o vidro ceder chão abaixo. Mas isso nem mesmo desestabilizou ela.
  Enquanto eu começava a levantar ela avançou em mim, os dentes afiados cortaram um filete de pele no meu antebraço e então ela me jogou na parede, avançando pra cima.
  As pressas eu segurei ela pela garganta, os dedos enfiados na pelagem branca faziam força pra segurar toda aquela força canina selvagem, e ela estava abrindo e fechando a boca com muita raiva, queria rasgar meu rosto em pedaços.
  Num impasse de azar, um dos meus dedos foi pra trás, e assim que torceu eu tive que jogar a loba de novo pra trás, mas desta vez não teve muito impacto, e ela voltou rosnando pra cima de mim. Fui jogada na parede antes dela me morder, e pra não perder o ataque ela mal me esperou levantar e me deu uma patada forte no rosto. Pior que um tapa, a pancada foi bruta o bastante pra quebrar um pouco do reboco na parede com a minha cabeça. A dor latejante invadiu meu sistema nervoso mais rápido do que eu esperava. A raiva e a adrenalina lasciva que estavam contaminando minhas veias pareceram aumentar enquanto eu levantava e ia atrás dela.
  Foi então que ela pulou, vindo pra cima de mim de novo, com a boca cheia de dentes aberta preparada pra me atacar.
  Foi como se eu já estivesse preparada pra aquilo.
  Meu corpo reagiu antes de mim decidir os movimentos que ia fazer, sem deslizes minhas mãos alcançaram cada parte da boca do lobo, furando meus dedos em seus dentes afiados e eu parti sua boca em dois, com tanta euforia que eu cai pra trás. O lobo ganiu alto e eu me assustei caindo no chão. Não fazia ideia de onde havia saído tanta força. Tinha sido reflexo?
  A cabeça começou a latejar de novo, e minha visão começou a ficar embaçada, aos poucos o lobo na minha frente foi se transformando num borrão, e eu fui sentindo que tinha algo de errado, meu coração que estava tão disparado estava parando, diminuindo de um jeito que batia devagar de forma desumana. Eu estava enfraquecendo.
  De relance uma voz conhecida gritou alto alguma coisa distorcida e então eu senti que tinha conseguido, estava quase morta. Tinha conseguido abrir o portal, e Jung Kook veio pra celebrar..
  Até eu não enxergar mais nada.

PRISON IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora