- Mallya on-
- Aí meu Deus! - Gritei alto apavorada e o livro nas minhas mãos começou a pegar fogo, cada uma de suas páginas se incendiando, joguei o livro no chão, e ele se fechou, as folhas do chão fizeram uma varredura, se erguendo como se o vento tivesse lhes dado vida, e cada lama, cada sujeira, cada pedacinho de claridade daquele jardim foram se dilacerando, foram se desintegrando e vindo na minha direção, se juntando a mim, cada parte do meu corpo sendo coberto pelas essências do jardim, até eu sentir, lá no fundo do peito, a bile voltando, o medo, o torpor e a ansiedade de que algo estava acontecendo me corroerem por dentro, arfei, e então arfei de novo e caí de joelhos, desabafando o nó que se formava na minha garganta com um grito estridente que irrompeu de dentro de mim. Mais do que gutural, quase humano. O que estava acontecendo comigo? Eu estava sendo punida? Não devia ter usado o livro?
Eu sabia dos riscos mais... Mais... A Alícia!
Me virei pra olhar pra ela, correndo mesmo contra todo aquela sujeira e aquela força maior que insistia em me jogar no chão. Quando finalmente cheguei junto ao seu corpo, tudo que pude ver ao encostar em seu corpo foram cinzas, ela se desmanchou em cinzas na minha frente, como se tivesse sido incinerada junto com aquele livro amaldiçoado.
O que foi que eu fiz?
Jung Kook veio correndo caindo de joelhos também, e Jimin e Tae vieram ao meu encontro.
- O que você?? O que você..?! - Jung Kook nem conseguia pronunciar - Eu sabia que era perigoso demais!!!! - Ele berrou com lágrimas nos olhos, e passou as mãos pelas cinzas quase sem fala, a expressão no seu rosto deixava bem claro como ele estava horrorizado.
Eu não conseguia entender, o que tinha acontecido. Ela estava ali, e do nada tudo que era ela... A sua essência tinha se dismistificado em cinzas, como se ela tivesse evaporado. Do nada. E se o livro tinha me cobrado alguma coisa pelo encantamento pra matar Alícia, eu já não sabia o que era. Eu estava em choque.- Alícia on-
As dores, ah aquelas dores gritantes voltaram, podia ouvir os bipes, o sangue pulsando na bolsa e bombeando pra dentro das minhas veias, o soro pingando lentamente e o barulho na máscara de inalação no meu rosto, estava me sufocando, tudo aquilo estava me sufocando. Mas o que mais me agoniou, foi que depois de abrir os olhos com toda força que tive que reunir dentro de mim, senti como se tivesse despregado as pálpebras. Como se tivessem pregado grampos de papel nelas e com muito agonia eu tivesse voltado a enxergar novamente ao meu redor.
- Alícia? - Foi só ouvir a voz daquele miserável que toda a força, as costelas quebrando, cada pedacinho de garra e forocidade que tinha dentro de mim saiu, rasgando a pele por dentro pra atacar. Na mesma hora arranquei toda aquela aparelharam de cima de boiei na garganta dele, não estava nem aí com a porcaria da nossa conexão, ele ia pagar, eu ia levar esse canalha pro inferno junto comigo, se é que eu já não estava e não sabia.
Da última coisa que eu lembro era da Mallya, ela estava junto comigo... E o Jung Kook...
- Onde é que eu tô seu merda! Fala agora! - Rosnei enfiando as garras na garganta de Mark com tanta força que tive que me esforçar muito pra me lembrar porque não podia arrancar sua pomo de Adão e traquéia tudo nos dedos.
- Ora, não reconhece o seu lar meu amor? - Ele Indagou com cinismo e eu apertei ainda mais seu pescoço, sufocando ele.
- Não me chama assim! - Grasnei, olhando em volta, podia sentir o sangue borbulhando dentro do peito, e então reparei que tinha sangue no meu braço, eu estava tomando soro, num hospital? A batalha com a Jennie? Eu tinha ido pro coma? Como assim? Achei que estivesse morta...
Hospital... Helltown... Minha nossa eu estou em Helltown.
- Como eu vim parar aqui?!! - Grasnei dando um murro na parede, quase milímetros da cabeça de Mark. E vi que ele abriu um sorriso mais largo ainda, você ainda vai entender meu amor. Mas agora, acho que devia cuidar de um assunto mais urgente. - Ele apontou pra baixo, quando fui entender do que ele estava falando, as costelas do lado direito do meu corpo já estava mais do que quebradas.
Eu estava me transformando. De novo.
Larguei ele ali, indo até a janela com os ossos se quebrando pelo corpo inteiro, as pernas já não obedeciam mais quando eu estava chegando no parapeito. E só deu tempo de pular pra fora, por que em seguida já podia sentir a brisa noturna eriçando os pêlos negros e toda aquela adrenalina pulsando me invadindo de novo, eu tinha conseguido libertar o lobo.

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PRISON III
HorrorO Fim está próximo... Mergulhadas num mar infinito de pesadelos, Mallya e Alícia vão ter que encarar uma doce cruel verdade, que nem mesmo o destino poderia ser capaz de mudar. A morte se aproxima, e agora mais do que nunca as meninas vão ter que...