Aos tropeços invadi o quarto, correndo para Alícia tentando ver seu rosto, ela não parava de chaqualhar, as pernas e o corpo todo irrompiam em tremores irregulares, quando de repente ela soltou um urro, era muito mais que um grito, era um rosnado, e então suas costelas começaram a quebrar desalinhando as formas do seu corpo, e ela arqueava a clavícula, quase sem ar tentando deviar ou fazer qualquer coisa que aliviasse aquela dor insuportável, e então seu corpo voltava ao normal com uma relutância gritante. A fazendo gritar mais e ofegar.
Os olhos da Alícia estavam mais vermelhos do que de costume, dava pra enxergar a raiva borbulhando dentro das íris, todo aquela fera furiosa dentro dela brigando por dentro, arranhando e rasgando sua personalidade numa busca implacável pra sair, ela ia acabar se matando.
Foi quanto levei quase um segundo pra identificar o que estava se salientando de dentro da boca dela, com dentes cerrados, era o lobo, ele queria sair pra fora, nem que precisasse rasgar o corpo inteiro dela pra isso.
- O lobo está tentando... - Jeon cobriu a boca com a mão, incrédulo o bastante pra perder o equilíbrio e cair pra trás, o horror estampado em seu rosto delatou todos os medos que ele já teve um dia na vida.
E então ela gritou feito mulher, e o lobo rosnou de dentro da boca dela, tão furioso, dava pra ver nitidamente o focinho e os dentes afiados querendo sair de dentro da sua garganta pra fora, e ela ainda convulsionava, o peito de enlarguecendo enquanto mais ossos quebravam, o estalos dos nervos e tendões rompendo, só de chegar perto de sua pele já dava pra sentir o calor, ela estava queimando, eu nem imaginava mais como estava a pressão dela.
- Mallya... Me ajuda... - Ela disse, e foi quando, de repente ela parou de chaqualhar, os olhos arregalados foram voltando a cor normal, cheios de lágrimas, a parecia até ter se rendido, e aquele castanho tão vivo das suas íris que chegava a lembrar o escarlate estava desolado no meio daquela dor toda. E então ela foi abaixando as pálpebras aos poucos, quase inconsciente do que estava fazendo, os braços caíram do lado do corpo quase sem forças, até seu corpo inteiro se render e ela voltar a dormir outra vez.
- Já sei o que fazer! - Falei, o coração que até então eu não tinha percebido que estava disparado veio na boca, quase trazendo a bile junto, e então voltou com ardência garganta abaixo quando me forcei a engolir as palavras. - Jeon onde está o livro Maldito, aquele que a Alícia trouxe da casa do Mark.
- O que você quer com aquele livro? Nada de bom vem daquilo Mallya! - Jeon se sobressaltou, ao que parecia voltando ao seu raciocínio, e Tae que até então não tinha falado quase nada desde que tudo começou, me encarou por um instante, e aquela mesma sensação de que tinha algo ali, alguma coisa o machucando por dentro que ele não estava me contando bateu forte no meu peito. Eu tinha que focar na Alícia e não no meu relacionamento.
- Eu sei que eu estou fazendo. Minha mãe também era uma Ninfa, mesmo das trevas, mas era! Isso me faz metade parte, e eu sei que sou forte o bastante pra aguentar a pressão que aquele livro desgraçado traz e que tem como encontrar uma solução pra Alícia dentro dele. Eu sinto isso.
- Eu sei onde ele está, mas não podemos fazer muito, só uma verdadeira Ninfa de sangue pode enxergar as palavras que escrevem ele. Ele só se revela pra vocês, não vamos poder fazer nada pra ajudar se você escolher usá-lo. Somente você poderá fazer algo. - Jimin, que até então se recuperava, me alertou, ansioso. E até um pouco agoniado. E então arrumou sua postura, agora mais sério do que antes - Tem mais uma coisa sobre esse livro que você precisa saber, antes de encostar nele.
- Fala. - Pedi, agora ficando ansiosa também e Jimin limpou a garganta, agoniado.
- O que você usar naquele livro, seja pra qualquer feitiço, ele vai cobrar de volta no mesmo peso. É uma troca, por isso ele é um livro maldito. Ele entra dentro do seu subconsciente e destrói alguma coisa lá dentro, te contaminando com a essência dele e até você perceber será tarde demais.
Dei uma última olhada na Alícia, que parecia perturbada demais pra estar tendo um sonho tranquilo, foi passei os olhos por Tae, que não estava nada contente com tudo aquilo e então assenti, estufando o peito de coragem que eu nem sabia que ainda tinha.
- Eu vou usar ele.

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PRISON III
HorrorO Fim está próximo... Mergulhadas num mar infinito de pesadelos, Mallya e Alícia vão ter que encarar uma doce cruel verdade, que nem mesmo o destino poderia ser capaz de mudar. A morte se aproxima, e agora mais do que nunca as meninas vão ter que...