PRISON III

14 - Os Sacrifícios Necessários

  Quando Mark saiu, eu já tinha ido procurar o livro, e não demorou, pra no lugar mais óbvio eu encontrar, na biblioteca, escondido com os outros livros. É difícil esconder o pertence de uma ninfa, ainda mais se for a rainha delas que estiver procurando. O objetivo chama o corpo e a alma em busca de sua posse, até as mãos ficarem formigando pra dominá-lo.
  E enquanto minhas mãos pegavam fogo de êxtase, eu ia me despedaçando para o meu reino, agora tinha conseguido.

- Mallya on-

  - A essa altura a Alícia deve ter completado a missão, - Me sentei no beiral da sacada, colocando os pés do lado de fora e olhei para trás, esperando Tae se aproximar, como esperado, ele já estava se agarrando no meu quadril.
  - Já deve estar no castelo, descansando. - Tae respondeu, encaixando sua cabeça entre o meu ombro e o meu pescoço. Depois de passar a língua nos lábios ele continuou - Mas você sabe que as informações dos outros reinos não eram o único objetivo da Alícia, ela queria aquele livro também.
  - Bom, sabe se lá o que ela fez pra conseguir agora. - Respondi arqueando as sobrancelhas pra Tae - Mas ela estava disposta a qualquer coisa não é.
  Uma pontada de preocupação me invadiu, não era tão fácil manter aquela tranquilidade, se a Alícia tinha conseguido o que queria a guerra em que entraríamos era certa, e Mark e seus domínios não iam nos receber de braços abertos, iam obviamente revidar. Mesmo sendo pegos de surpresa espero.
  - Majestade, - Jimin apareceu de repente e Tae me puxou pra dentro da sacada alarmado, me fazendo ficar de pé e olhar para o meu fiel conselheiro. - O jantar está pronto, os lordes aguardam sua presença para comer. - Anunciou e então eu me desvencilhei de Tae, entrando no quarto logo atrás vinham os meninos.
  - Pode avisar que estou descendo já, - Respondi e puxei Jimin pela mão, falando com mais proximidade - E fique atento sobre um mensageiro, deve vir em algum pássaro com um recadinho no pé. A Alícia disse que ia mandar uma pomba branca a noite pra contar como foi a missão, não deixe ninguém ler além de você e eu, nem mesmo os lordes e então o queime sem hesitar.
  - Majestade.. - Jimin me olhou um pouco mais atento, assentindo ao meu comando e ponderando mais uma dúvida - Desconfia de alguém entre o castelo? - Indagou e eu olhei levemente para Tae para ver o que ele estava fazendo e contemplei-o escolhendo trajes para descermos.
  - Eu já assisti game of thornes, posso te garantir que sei do que estou falando. Agora vá e avise os lordes que já descemos. - Determinei e Jimin assentiu se retirando sem questionar.
  - O que ele queria além do jantar? - Indagou Tae estendendo um vestido vermelho sobre a cama e eu passei a mão por seus cabelos platinados antes de responder.
  - Era eu quem queria, - Os olhos de Tae pousaram em mim assim que as minhas palavras foram emitidas - Quero saber dos progressos da Alícia.
  Assim que o comuniquei notei Tae enrijecendo o maxilar. Ele demonstrava tantos sinais de desconforto nos últimos dias, desde que ficamos naquela tarde, parece que algo o incômoda mais do que nunca, e eu sei que a lenda do apocalipse mexeu com ele, mas parecia ter algo mais. Como se tivesse surgido uma nova preocupação que ele não tinha contado para ninguém. Agora eu não sabia dizer se era aqui nos reinos ou no mundo dos humanos. Tae vivia numa imparcialidade indireta, volta lá e cá. Não tinha como realmente definir.
  - Vamos trocar e descer meu amor. - Tae tirou minhas mãos de seu cabelos e apontou para o vestido na cama, se desvencilhando de mim para ir buscar roupas para si no armário. O que fosse que ele tivesse escondendo, eu precisava descobrir e logo, antes que ele nos distanciasse demais.

- Alícia on-

  - O que houve? - Jeon repetiu a pergunta, me olhando com preocupação e nervoso enquanto eu vestia as alças do vestido, tinha quase acabado de sair do banho quando ele invadiu o quarto gritando aos quatro ventos, tinha horas que o seu gênio me lembrava da pocessividade do Mark e de repente parecia que ele voltava ao que era, esvaindo toda a semelhança em pedaços quase sem junção outra vez.
  - Eu fiz o que tinha que fazer Jeon. - Comentei desfilando pelo quarto até chegar na frente do enorme espelho que emoldurada meu corpo. Fitando cada traço vermelho na minha pele. Meu banho quente tinha tirado o cheiro do Mark da minha pele, mas não podia tirar as marcas de suas mãos, as sensações de prazer e a agonia do êxtase. Eu prestava atenção no que Jung Kook estava falando, mas desde que tinha chegado minha cabeça estava lá, com ele naquela cama, nos seus braços, desejando e delirando por um sentimento que não era real, não era mútuo. Era só aquela maldita conexão que nos atraía tanto a ponto de enganar os corações até o extremo.
  - Alícia não mente pra mim, o estado que você chegou já estava entregando tudo! - Jeon gritou batendo com o punho na escrivaninha ao meu lado, seus olhos me caçavam como um felino, tinha horas que sua capacidade de ser um ninfo me assustava, ele ficava ainda mais perfeito e ameaçador que um vampiro bebendo todo seu sangue.
  - Eu fui buscar o que a Mallya pediu, independente dos sacrifícios que tive que fazer para conseguir. - Repeti mais uma vez minha opinião, fitando meus olhos vermelhos gateados no reflexo e pude perceber meus traços de ninfa, desde que tinha chegado em minhas terras a minha pele estava tão suave quanto a pétala de uma flor, e minha forças, toda aquela energia e poder, estavam recarregados como nunca.
  - Admita! Eu quero ouvir da sua boca Alícia, você transou com ele?! - Em sua pergunta, Jeon deixou escapar aquele sentimento que estava tentando camuflar. O ciúme inescrupuloso que tinha de mim, mesmo sabendo que não tinha nenhuma posse, afinal depois de me reencontrar com a Mallya Jeon eu nunca tivemos mais nada.
  - Jeon você melhor do que ninguém sabe a resposta pra essa pergunta, agora se me permite, eu tenho que colocar um exército em ordem para uma batalha daqui a dois dias. E você conselheiro, devia cumprir o nosso combinado e mandar o mensageiro avisando a Mallya sobre o encontro de amanhã pra acertar os últimos detalhes da missão que foi realizada hoje. - Com a minha ordem, Jeon engoliu em seco e eu me retirei do quarto. Não podia mais encara-lo.