23 - Sangue de Lobo

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15 Dias para o Apocalipse...

  Com dificuldade, eu ergui uma perna, e depois a outra, os pés descalços já estavam a beira da hipotermia, mal sentia mais os dedos ao redor dos meus ombros pela dormência. E toda aquela neve negra manchada do sangue mais espesso se espatifando entre os meus tornozelos, o barulho da neve se partindo e abrindo espaço prós meus pés, já me dava calafrios. O inverno mais frio de todos.
  - M-Mark... - solucei, engasgando e gaguejando de tanto frio, quase que a voz não saiu, e eu não queria implorar por ajuda, mas era necessário, minha vida dependia daquilo. E do mesmo jeito que minha voz saiu quase inauditível, ecoou pelos Pinheiros altos daquele infinito de floresta, o estalar do gelo se quebrando embaixo dos meus pés também foi auditível. Um aviso que a minha morte estava mais próxima, eu estava prestes a sair do lago congelado...
  Essa não!
  Meus pés desceram, senti o gelo se romper e como cacos de vidro cortar meus dedos e arranhar as minhas pernas, rasgando a pele e as veias, uma dor aguda se espalhou pelos meus membros com tanta ardência que eu mal percebi a água gelada onde eu tinha caído. Entrando pelos meu nariz e boca abafando ferozmente o grito que morreu na minha garganta. A respiração tinha ido embora, o ar, as árvores. Só sobrou a água gelada se misturando lentamente com meu sangue, eu podia sentir o cheiro de ferro molhado entrando dentro do meu nariz. Foi quando eu não aguentava mais prender a respiração.

  - M-Mãe!! - Arquejei.
  Quase engasgando de tanta força que eu usei para puxar o ar pra dentro, mãos vieram ao meu encontro, e do jeito que eu enfiei os dedos no tecido sob minhas mãos, pude escutar o tecido rasgar e soltar espumas do que era uma colcha entre as minhas mãos. Eu estava na cama, estava em casa... Não era casa...
  Olhei ao redor procurando traços do meu antigo quarto, de BamBam, da minha mãe, talvez até do meu pai que tanto trabalhava, tinha tido um sonho tão louco com guerras e dragões, Mark me fazendo mal... Meu Mark... O quarto onde eu me encontrava não tinha nem mesmo vestígios do que eu estava pensando, era o quarto onde eu tinha sido atacada por Mark, era o mesmo quarto no castelo da Mallya. Eu não estava em casa. Estava bem longe disso.
  - Alícia, o que foi? - Jung Kook surgiu no meu campo de visão, me fazendo entender e voltar a razão de que tudo que tinha acontecido era bem real, e que estar nos seus braços naquele momento só comprava o que eu tinha pensado. A gente tinha lutado, Mark realmente tinha me feito mal. E a Mallya... A Mallya era uma rainha.
  - Jeon... - Sussurrei me agarrando aos braços musculosos do rapaz envolta do meu corpo, me sentia tão frágil e tão segura naquele aperto, não queria ter que sair dali nunca mais.

- Mallya on-

  - Isso é tudo culpa dele! - Bradei pisando duro, não tinha tirado a armadura, mal havia retirado a espada da mão, não conseguia pensar em nada além de arrancar a cabeça daquele verme. Era por causa dele que a Alícia estava tão debilitada, se ele não tivesse impedido ela de se transformar naquele quarto ela não estaria passando por aquela febre que não passa nunca, a pressão que não parava de subir e então de repente abaixava de uma vez. Ela estava pronta pra ter um ataque cardíaco ou coisa pior. E ninguém podia fazer nada, ninguém entendia de lobos, muito menos da filha de um alfa que tem a maior força do que todos os lobos. - Eu devia voltar lá a quebrar os ossos dele um por um que nem ele fez com ela!! - Bradei entre dentes, lançando a espada pesada com um só braço em direção ao criado mudo, o que a cravou na madeira tão firmemente que até eu tive dúvida se ia conseguir arrancar de lá depois.
  - Explodir uma segunda guerra por causa do sangue quente também não vai resolver, enquanto Mark não mostrar sinal de rendição depois da perda os outros três cavaleiros ainda podem intervir na guerra, e então nosso povo e o seu povo que já sofreu demais seriam massacrados. - Valentin me lembrou, tentando ser o mais racional que podia, tinha chegado de manhã depois da nossa vitória, e desde aquele horário, até agora quando caiu a noite não tinha achado nem mesmo uma erva ou qualquer coisa que fizesse a Alícia voltar a consciência, ela só gritava e soava frio, depois a febre aumentava mais e mais. Eu não sabia mais o que fazer.
  - E o que quer que eu faça então? Se nem mesmo posso vingar ela? - Perguntar ríspida e Jimin entrou empurrando Tae da porta com tudo, quase desesperado pra falar.
  - A Alícia...! - Ele fez uma pausa tentando puxar o ar de volta pros pulmões e então continuou, nos deixando mais alarmados do que já estávamos - Ela acordou, mas do nada começou a convulsionar, os ossos quebram e ela grita, mas ela não consegue se transformar, tem algo de muito errado acontecendo com ela!!

PRISON IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora