31 - A Queda dos Reinos

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  - Mal-Mallya...
  Tae deu um passo pra trás e depois dois adiante, sem saber ao certo se entrava ou saia. As portas abertas escancarando para o mundo o meu mais novo pecado parecia me deliciar. Eu não sentia medo do que os outros iam pensar de mim. Aquele gosto doce do sangue daquele jovem menina na minha boca me deixava mais alta do que tudo, mais forte, mais poderosa do que qualquer um. Eu queria mais. Queria mais daquela droga viciante que me fazia esquecer todos os problemas.
  Eu tinha que provar mais.
  Tae começou a se aproximar, ainda muito perplexo pra perceber a gravidade da situação que estava acontecendo lá dentro.
  E eu não podia deixar de acompanhar seus movimentos, cada passo em torno da morta, cuidadoso e amedrontado com algo que eu tinha feito. Parecia até que tinha medo... Isso me deixou ainda mais excitada só de pensar nele como uma presa frágil..
  Foi quando eu bati as portas, trancando por dentro. Tae continuava encarando o cadáver cheio de sangue no chão, horrorizado, mal sabia o que o precedia...
  Me preparei para dar o golpe, quase pronta pra agarrar ele da mesma forma que me aproveitei da fragilidade de Maria, da confiança... Mas me detive assim que lembrei de Tae. Tae não era apenas um pedaço de carne, ele era mais que isso. Ele era meu... Meu Taetae...
  Eu não podia... Meu corpo respondeu por mim, avançando de forma involuntária, quase com as presas na garganta dele eu me relembrei do calor do seu corpo, dos toques...
  - O que eu tô fazendo... - Sussurrei bem baixinho e ele me agarrou pelos pulsos, acordando do transe.
  - Mallya tá ficando louca?!! - Ele Indagou me olhando fundo nós olhos e eu olhei pra sua garganta, o pomo de Adão, as veias pulsando, eu podia escutar seu coração batendo depressa. A proximidade que estávamos me deixou até um pouco atônita.
  - Eu... Eu... Ela entrou no quarto e eu não respondi por mim, foi mais instintivo do que você pensa Tae! - Bradei me recordando dos sentidos outra vez. As lembranças do luto e toda aquela dor idiota voltaram rasgando meu peito.
  - A sede... Eu tinha me esquecido desse detalhe! - Tae parecia um pouco desconsolado, os olhos pousaram sobre meu busto quase desnudo e então subiram novamente para o meu rosto, cada detalhe do seu semblante angelical parecia tão perfeito. E aquilo também doía, saber que ele estava ali, que era algo mais e não pensava daquele jeito. Eu também não pensava. Era estranho pensar em Tae como um pai, eu não sabia dizer...
  - Do que você está falando? - Indaguei, tentando afastar os pensamentos que levavam até a Alícia.
  - Vampiros, esqueceu sua metade vampira Mallya, estava com fome... Tínhamos que ter te alimentado do jeito certo. Com tanta coisa na cabeça nós nem... - Ele soltou meus pulsos, parecia só ter percebido agora como nossos corpos estavam tão perto. Me deu uma pequena pontada no ventre só de lembrar que em outras circunstâncias Tae teria me tratado diferente. Não estaria tão distante, mas me agarraria e ofereceria um abraço e um ombro pra melhorar. Ao invés da sua distância matadora.
  - Tae o que você veio fazer aqui? - Indaguei me afastando dele para buscar uma roupa no guarda roupas.
  E ele me agarrou pelo braço e puxou de volta, me impedindo de me afastar.
  - Mallya precisamos conversar e você sabe disso. - Meu estômago embrulhou, eu não queria conversar, não queria ele perto, não queria pensar que podíamos ter algum tipo de parentesco sendo que toda vez que o via meu coração saltava de prazer, o desesperado desejo de tê-lo e corrompe-lo não se encaixava com aquela sensação - Se trancar no quarto por vários dias não vai resolver nada Mally...
  - Mas eu não quero resolver! - Gritei, angustiada me virando pra ele contra vontade, com o coração indo pra boca. - Tae você não sabe como é horrível essa sensação de te desejar e não te ter! - Gritei com ele de novo, e mais e mais, enquanto ele me puxava pra perto daquele jeitinho que eu tanto queria, me colocando pra perto do seu peito com todo aquele conforto e aconchego. - Eu não quero me sentir um lixo por querer o que eu quero.
  - Vamos sair daqui, vamos fugir dos olhares dos outros e vamos ser felizes onde ninguém nos conhece. Perdemos tudo Mally, esse castelo o Jimin pode muito bem administrar sozinho e você sabe tão bem quanto eu que nada nos prende mais aqui.
  Vamos embora pra aquela ilha, só eu e você e mais ninguém meu amor... - Tae pediu, colocando a boca na minha testa depositando um beijo tão carinhoso que quase não me tocou. E então desceu a boca dando mais uma bitoca no meu nariz e outra na minha bochecha, até chegar na minha boca e eu avançar em seus lábios, roubando aquele beijo visceral que eu tanto queria.
  Quase fazendo questão de esfregar meu corpo no dele.
  Nada mais parecia nós prender, nenhum pensamento e nem mesmo leis, nada daquilo que afligia parecia ter poder contra nós naquele pequeno instante de dois segundos.
  Pelo menos até o Jimin e o Jeon invadirem o quarto estourando a porta, desesperados o bastante pra entendermos que alguma coisa muito grave aconteceu, ou estava acontecendo naquele mesmo momento.

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