30 - Sede Escarlate

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10 Dias para o Apocalipse...

- Alìcia on-

  O cheiro de panquecas e hortelã, combinado com café fresco invadiram meu nariz primeiro do que os sentidos no meu corpo.
  Pude raciocinar que estava com fome antes mesmo de abrir os olhos. Me lembrava pouco do que tinha acontecido na noite anterior, mas tinha certeza que aquela sensação boa de matar saudades continuava me invadindo.
  Quando abri os olhos, reparei no fato de que G Dragon estava na cama comigo, sem camisa e esparramado na cama box como se fosse um bebezão. Não resisti bagunçar o cabelo dele. O que apenas lhe tirou um resmungo.
  - Bom dia pra você também. - Dei risada, me sentindo em casa depois de muito tempo. E estava literalmente em casa.
  Sai do quarto de hóspedes, entrando no corredor de quartos, não resisti passar os olhos pelo quarto dos meus pais e então pelo meu antigo quarto, reparando na beliche, na cômoda onde guardava minhas coisas e no guarda roupas. O banheiro que eu sempre levava sustos...
  Fui andando até o quarto e troquei de roupa, quando fui vasculhar pra ver se achava meu celular, encontrei ele e algo mais.
  A minha arma. Estava ali guardada como sempre esteve. Peguei ela da gaveta, carreguei com balas e enfiei na parte de trás da calça. Como estava acostumada a fazer. Parecia que faziam séculos que eu não repetia aquele costume.
  Extasiada com a nostálgia eu fui me guiando pelo corredor a fora, até a escada, descendo pelos degraus, passando a mão em tudo com o peito apertado de tanta saudade.
  Foi quando eu escutei eles conversando, as vozes mais conhecidas da minha cabeça.
  - Pai... BamBam... Jaebum... - Sai correndo ao encontro deles, abraçando eles o mais apertado que eu conseguia, cheia de saudades profundas.

- Mallya on-

  Será que ela tinha tido seu último desejo realizado antes de morrer?
Me escondi mais embaixo das cobertas, sentindo o sol invadindo o quarto contra minha vontade.
  Eu podia ter feito tanta coisa antes dela partir... Nós éramos tão invencíveis... E agora parecia que eu não servia pra nada. Nunca servi.
  Rolei para o outro lado da cama, sentindo o lençol frio na bochecha.
  Eu não queria assumir um reino que nem meu não é, minha mãe devia ter ficado aqui cuidando dele, mãe... Palavra essa que eu nunca teria conhecido se não fosse pela Alícia. A mãe dela era tão boa comigo...
  Aquela dor instigante no fundo da garganta doeu de novo, latejando cada umas das minhas veias pelo corpo. Parecia que eu tinha levado uma surra, me sentia pálida e com tanta dor. Como se toda aquela força tivesse ido embora.
  E eu não sentia mais fome, nem sede, só dor. Não queria mais comer comida, as bebidas humanas e até mesmo das ninfas não me serviam o bastante. Eu não conseguia ingerir nada daquilo naqueles dias.
  Parecia prestes a morrer, podia sentir a morte chegando, será que Mark viria buscar minha alma? Não importava mais... Sem ela aqui, eu não significava mais nada também. E estava tão confusa sobre Tae... Sofri a vida inteira por um pai que eu matei pra encontrar outro que me ama tanto que é capaz de fazer sexo e muito mais comigo. Chega a ser doentio.
  - Vossa alteza... - Eu pode escutar. Meu Deus como eu pude! Desde os passos, até o coração dela batendo no peito. Na mesma hora abaixei a coberta do rosto, procurando de onde vinha aquele cheiro delicioso que chegou a virar minha cabeça. Me deu fome até no fundo do estômago, a garganta chegou a ficar seca.
  Quando fui olhar o que ela me trouxe, a comida me deu ânsia de vômito.
  - Não está com fome vossa alteza? O senhor Jimin pediu que alimenta-se a senhora. Por favor, tente comer um pouco, todo o reino está entristecido com a sua perda.
  - Claro Maria. - Meus olhos pousaram sobre a bandeja nas mãos dela e então foram subindo o olhar até as veias em seu pulso. Tinha alguma coisa nela chamando minha atenção, e aquele cheiro maravilhoso, Deus como era bom! Mas eu não sabia de onde vinha.
  - Vai tentar comer um pouco vossa Graça? - Ela Indagou com toda delicadeza que uma Ninfa poderia oferecer, e eu levantei da cama, vendo meu reflexo ao longe no espelho, o corpo seminu repleto de cicatrizes e roxos, tão pálido quanto a lua. Senti medo do meu aspecto esquelético, mas nada diminuiu minha vontade de chegar perto daquela criatura. Eu tinha que ver o que tinha naquela bandeja que tinha o cheiro tão bom.
  Os passos calmos até me juntar a ela foram denunciando a negritude nos meus olhos, o cheiro estava aumentando, era um cheiro metálico adocicado. Podia preencher o quarto de tão doce. Até eu perceber a veia pulsando no pescoço da Maria, era aquilo que tanto me chamava, parecia estar falando comigo...
  Quase sem perceber eu já tinha agarrado a Maria pela garganta, cravando o dentes em seu pescoço com tanta força que pude sentir sua clavícula quebrar nas minhas mãos. Ela gritou alto, desesperada de medo, e o gosto ficou ainda melhor, sentir o medo dela em cada hora estava me fazendo sentir melhor do que em muitos dias. Era tão bom! Era tudo! Não me lembrava mais porque tanta tristeza. Toda a força que eu tinha perdido voltou em dobro, quebrei o pescoço dela antes mesmo dela ter tempo de gritar por ajuda e comecei a sugar mais e mais, sentindo o sangue descer quente pela garganta, com tanto sabor. Aquilo era melhor que qualquer sorvete. Como era bom!
  Foi quando eu percebi o que tinha feito, e que não não tinha me arrependido em nada que Tae escancarou as portas, se deparando horrorizado com o corpo sem vida da moça.

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