8 Dias para o Apocalipse...
- Alicia on-
"Sim eu comecei um diário, por mais fútil e desnecessário que isso pareça ser, eu comecei.
Em pleno fim de semana, no fechamento de uma quinzena que quase me deixou louca. Acho que na vida, pra quem se acomoda e se esconde no medíocre não suportaria uma brincadeira em uma montanha russa. Eu não aguentaria uma, mas pela minha desgraça, eu tô exatamente assim.
Presa num cinto que na verdade nem me passa muita segurança de verdade, mas que se eu tirar, o brinquedo pode estar alto, então simplesmente Caio e morro.
Me acho tão cruel as vezes. Um monstro incapaz de sentir empatia, mas lá no fundo, escondido num mar violento, cheio de dor, erros e promessas quebradas você acha um pouquinho de vida.
Tem dor demais guardada, e eu não sei mais se estou condenada, ou se estou com medo demais para sair."E foi lá, naquele maldito cafezal, aquele maldito café... Destruiu o pouco de sanidade que eu achava que ainda tinha.
Me virei do vitral, deixando de contemplar aqueles pés de café oara me voltar novamente para o questionário com a velha.
- Senhora Clark, por quê a senhora disse isso? - A Mallya piscou duas vezes antes de perguntar novamente. "Era uma lenda velha e antiga, não tinha possibilidade de ser real..." Disse o policial na delegacia quando fomos entregar nossos relatórios de álibi por escrito, meu pai havia garantido que depois de dar uma surra dupla em Mark que ocasionalmente me afetou também, ele queria que não tivéssemos mais nada haver com aquele caso. O que quer que fosse que estava rondando a cidade era ainda pior do que o caos que Mark fez no ano passado.
E eu estava pagando pra ver, se ele realmente iria causar tanto medo, quanto o Gap Dong me causou.
- Eu estou certa minha filha... - A voz da velha trêmulou enquanto eu observava a velha casa de madeira por dentro, tinha tanta teia de aranha nos cantos que por um instante um arrepio cruel desceu pela minha espinha. O que era necessário pra uma casa cheia de empregados imprestáveis ficar tão suja daquele jeito. - Aquela coisa... - A velha continuava, o cheiro de pasta de dente de menta saia de seu hálito com tanta preguiça que eu esmoreci por um segundo, tentando entender o que realmente estava fazendo perdendo meu tempo ali. Estava claro que aquela velha tinha perdido todos os parafusos naqueles cem anos de vida.
Aquela senhora não sabia explicar mais nada além de receitas de biscoito.
- Por favor senhora Clark, vamos direto ao ponto, você deve saber alguma coisa do chupa cabra?! Fale pra nós. - Insisti batendo a mão na mesa com força, estava prestes a pegar a Mallya e ir embora, não sei como a Mallya tinha tido tanta paciência.
- Lobisomem metamorfo. - Corrigiu a Mallya e eu dei risada. A teoria ainda não era concreta, mas o policial da delegacia garantiu que não havia furos, aquela coisa seja lá o que for era antiga como a peste que rondava aqueles pés de café. Nós só precisávamos saber a lenda. E a velha insistia em nos enrolar com receitinhas pra dona de casa.
- Ah a peste. - Pela primeira vez ela deu a entender que alguma parte do que estávamos falando desde que chegamos não estavam entrando por um ouvido e saindo pelo outro dela. Meu coração saltou na boca e por uma fração de segundos achei que ia vomitar o almoço.
Aquela desconfortante frase veio na minha mente de quando minha mãe gritava comigo sobre eu estar tão concentrada em investigar que mal ouvia o que ela me falava. Entrou por um ouvido e saiu pelo outro...
Talvez ela ficasse tão irritada quanto eu estava agora com essa senhora.
- Foi a muito, muito tempo atrás, num lugar onde ninguém mais se vê, e ninguém mais se vai... Aconteceu naquela antiga vila longe do vale, algo tão terroroso que todos os moradores nunca mais se ouviu tocar no assunto outra vez, - Por um instante, naquela casa macabra e fúnebre eu senti um arrepio angustiante descer cortando minha espinha, algo naquela narração da senhora fazia eu pensar que toda lenda tinha um fundo de verdade, ou até mais que isso em alguns casos, depois de uma pequena pausa para tomar ar para aqueles velhos pulmões a velha continuou - E os poucos que sobraram daquela velha vila... Morreram sem relatar o que realmente aconteceu naqueles tempos. Mas todos sabem que dentro daqueles ruas, se passar da meia noite e você não estiver dentro de quatro paredes, o mal tão macabro vai até você e nunca mais é visto nenhum traço seu.
- De que Vila a senhora se refere?
- A vila longe do vale fica perto da praia, é a nossa vila... - Gaguejei retrucando a Mallya e ela me encarou, meu coração saltou angustiado no peito, a penumbra do dia indo embora do lado de fora começou a invadir os aposentos da velha senhora, enquanto ela continuava, como se estivesse contando uma história de terror pra duas crianças pequenas.

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PRISON III
HorrorO Fim está próximo... Mergulhadas num mar infinito de pesadelos, Mallya e Alícia vão ter que encarar uma doce cruel verdade, que nem mesmo o destino poderia ser capaz de mudar. A morte se aproxima, e agora mais do que nunca as meninas vão ter que...