12 - Apocalipse

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- Alícia on-

  Ofegando eu funguei, tentando conter o soluço incontido da garganta.
  Tropecei em pinhas, tentando estancar o sangue quente que jorrava do meu abdômen com a mão direita, enquanto tentava amenizar o impacto do chão com a esquerda.
  Foi quase inútil meu esforço, eu estava com muito frio pra aguentar segurar o peso do meu corpo caso caísse. E quando o braço fraquejou eu fui direto pro chão, tombando e rolando pelo caminho de terra úmida escavada na neve. A trilha que havia na minha frente serpenteava metros a diante, mas eu estava me arrastando pra conseguir fugir já. Ele ia me pegar. Não tinha mais jeito, eu já podia sentir seus olhos felinos e cruéis queimando nas minhas omoplatas, eu estava na mira daquele monstro, prestes a morrer ou pior, ser torturada ainda mais.
  Agarrei a neve com a mão, pingando sangue no gelo branco, colorindo o chão e as pinhas com um vermelho tão vivo que chegou a me enjoar.
  Então era assim que eu ia morrer, não velha numa cama, mas agonizando. Pelas mãos daquele canalha maldito.
  Pelo menos que fosse com dignidade.
  - Vem me pegar seu monstro desgraçado!!!

18 Dias Antes

  - Temos que fazer alguma coisa! - Mais uma vez a Mallya bateu a mão na mesa, revoltada com uma ameaça velada de Mark contra a nova aliança dos nossos reinos. Agora os dragões e as ninfas que eram inimigos mortais tinham restabelecido laços tão antigos, todos ficando de bem comum e Mark resolveu que tinha que manifestar sua opinião. Não que tivesse direito, mas fez questão de pautar isso na reunião do conselho de hoje.
  - Não vamos abaixar a cabeça, todo mundo sabe que nós duas juntas temos poder de fogo suficiente pra fazer Mark calar a boca, ele não é ninguém aqui pra mandar na gente. - Comuniquei olhando fundo nos olhos da Mallya, simpatizava da mesma sintonia, o mesmo ódio conjunto e parecia que depois daquele último mês, que tantas coisas aconteceram, agora ela tinha ainda mais motivos pra caçar uma guerra, estava empenhada em eliminar velhos inimigos, desde q raiz até a planta.
  - Vocês só se esqueceram de um detalhe. - Jeon me agarrou pelos quadris e me fez virar e olhar para ele, enquanto explicava a nós duas sua queixa - Mark não é só mais um rei, ele é um cavaleiro do apocalipse, e como vocês sabem, hoje é o solstício da Lua. A partir de hoje começa a verdadeira coleta das almas do sacrifício da maldição.
  - O quê? E o que isso atrapalha meus planos? O apocalipse não vai se realizar de verdade é só maia uma lenda antiga! - Retruquei passando os braços em volta do pescoço dele e roubei um selinho da boca de Jeon, que instantaneamente corou. Ele ficava tão lindo com vergonha.
  - E a onde você quer chegar com isso? Sabemos que tem uma prioridade nas mãos, - Jeon me advertiu e Jimin se levantou da mesa, surrupiando algumas guloseimas da mesa do café da manhã enquanto esperava sua vez para opinar.
  - Não é por nada, mas, uma guerra não seria bom o bastante agora, Mark pode não ter mais poder de fogo que vocês duas juntas, mas ele tem poder de barganha, se ele unir os quatro cavaleiros vocês duas vão ficar de mãos atadas.
  - E como ele faria isso? Ele e os quatro cavaleiros só não se matam na reunião por causa das regras do Conselho. Eles se odeiam até a alma. - Mallya estreitou os olhos e eu olhei pra ela me desvencilhando dos braços de Jung Kook, já estava na minha cabeça, um psicopata mantém os inimigos mais perto do que as pessoas que ele considera. Ainda mais o Mark.
  - Ele tem podres, ele deve ter os podres de cada um dos cavaleiros para o caso de alguma emergência de guerra. Se vamos entrar em guerra com Mark, precisamos de mais aliados, e eu já tenho duas pessoas em mente.
  - Mas sobre esse apocalipse aí da lenda, - Mallya interviu, bebericando do seu copo enquanto Tae, que até então não tinha falado nada olhava atento para o seu pão como se pudesse fazê-lo pegar fogo com os olhos. - O que tem de tão perigoso nele?
  - A Lenda diz que um Rei centenário de muitas gerações vai ganhar poder suficiente para gerar o extermínio dos mundos, não só dos reinos, mas dá Terra também, e de tudo que a gente conhece. - Tae se manifestou e quase causou espanto em Jimin que estava moscando com as bochechas e a boca lotados de rosquinhas. Parecia até um esquilo cheio de nozes. Só não desatei a rir porquê o Tae estava sério demais. - O desfecho dela diz que um anjo virgem outra vez vai sacrificar sua pureza por um sentimento mortal, que um rei perverso vai amolecer o coração para salvar quem ele mais ama, e por último que todas as almas do purgatório retornarão. Você sabe que toda história antiga tem um fundo de verdade.
  - Meu Deus! - Mallya derrubou a xícara no chão, - Tae... Tae suas asas tinham mudado... Ah meu Deus, não vai me dizer...
  - O anjo virgem já cometeu o pecado mortal. A maçã do pecado que atraiu Adão e Eva.
  - Do que vocês estão falando??! - Indaguei confusa, começando a me preocupar e Mallya virou pra mim com cara de espanto.
  - Já começou, o anjo... O Tae...

PRISON IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora