43 - Toque de Recolher

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7 Dias para o Apocalipse...

"Pode ser só uma conexão, mas pra mim era tudo que existe... Ele se perdeu em mim de um jeito que nunca consegui... Nem vou conseguir me perdoar. E tudo que eu quero e preciso e ver ele nas profundezas mergulhado em desespero até o pescoço assim como ele me deixou".

  " - Não me deixa em paz! - Gritei exasperada, o ar invadia meus pulmões e saia com tanta rapidez, minha caixa torácica parecia prestes a explodir.
  Podia sentir o suor escorrendo pela minha testa e minha camiseta colada nas costas de tão molhada. Estava correndo naquela mata não sei mais por quanto tempo, sabia que ele ainda ia me pegar. Estava perto demais, quanto mais eu corria mais perto ele parecia chegar.
  - Você será minha próxima rosa... Que cor darei a você minha amada rosa vermelha...? - Sua voz invadiu minha mente. Ele estava mais perto, eu conseguia saber até mesmo o que já estava passando dentro de sua mente. Ele ia me matar, eu seria a próxima a ter uma rosa com os espinho cravados no peito.
  Meu coração saltou mais uma vez, por um momento apoiei as mãos nos joelhos olhando de um lado, árvores escuras, uma penumbra maníaca já vinha cobrindo toda a mata e eu tinha corrido tanto que já nem fazia mais ideia de qual parte da floresta que me encontrava.
  O nevoeiro denso se espalhando pelos meus pés fez aquela voz macabra mais uma vez invadir minha cabeça, 'Gap Dong'... 'Gap Dong'... 'Gap Dong'...".

  Arquejei, agarrando com força alguma coisa e senti que eram dedos na minha boca, alguém estava tampando a minha boca pra mim não gritar, e eu não estava na minha cama e nem no meu quarto dormindo, eu estava em um lugar escuro, muito escuro. Esperneei e gritei, angustiada o bastante pra sentir meu coração sacudir no peito com a maior violência do que eu era capaz de sentir, e antes que eu pudesse começar a reagir pra tentar pelo menos me defender escutei sua voz alarmada.
  - Não grita por tudo que é mais sagrado!!! - Aos poucos meus olhos foram se acostumando com a escuridão e eu fui me recordando aos poucos de onde estava naquele exato momento. E com quem.
  O cheiro característico do Mark me invadiu como um golpe certeiro. Era ele, que estava cuidando de mim. Ou melhor me vigiando enquanto quem era pra estar acordada pra ver o bicho chegar dormiu.
  Quando Mark percebeu que eu não ia mais gritar ele me soltou.
  - Ele já apareceu? - Indaguei com os olhos estalados olhando pra rua em busca da coisa. Foi quando fui surpreendida por um pensamento corriqueiro. Alguma coisa não estava se encaixando, eu tava dormindo. E eu acabei de acordar, mas eu estava tendi um pesadelo, mas eu em média não tenho pesadelos quando Mark está comigo, então possivelmente quem está comigo não é no Mark, mas tem a voz e o cheiro igualzinho a ele.
  Engoli em seco.
  Pensei por dois segundos se virava ou não pra olhar, no terceiro segundo eu me virei pra encarar ele, e vi os dentes, a boca enorme e os dentes maiores do que qualquer caminho de um lobo. Aquilo não era um monstro, era uma coisa muito pior e muito mais amedontradora. Meu corpo congelou por um instante enquanto eu olhava engolindo em seco de novo a coisa orelhudas se levantar sobre mim. Ele era enorme e muito robusto, eu ia levar uma surra, ou então ia ser a próxima vítima da lista dele. Como eu fui dormir no meio da rua em pleno toque de recolher?!
  Eu levantei e tentei sair correndo, no mesmo momento que bati o pé no chão pra correr gritei.
  - Mallya!!! - Eu sabia que ela estava em algum lugar, ia vir me ajudar, eu só não lembrava a onde ela tinha ido dessa vez. Nem cheguei a dar dois passo e a coisa me deu um encontrão. Eu não sabia se tinha sido um murro, um tapa ou um raquetada, mas do jeito que me acertou eu fui lançada cinco metros pra frente, rolando e esfolando a pele no asfalto, cheguei a bater a cabeça e a boca no chão e quando finalmente parei de rolar a coisa começou a correr, e estava vindo na minha direção em pé muito rápido.
  - Mallya!!! - Irrompi num grito alto, não dava tempo de correr, e eu cheguei a fechar os olhos, antes mesmo de pensar em me levantar e veio o clarão, mais forte do que as luzes nos postes, irradiando pela rua inteira.
  - Fire! - O grito que eu escutei depois do meu era o da Mallya e logo então o da coisa. Ela grasnou alto, quando abri os olhos Huoyan tinha acabado de lançar uma chama gigantesca em cima do bicho e a Mallya estava com asas abertas irradiando fogo dia pés a cabeça. Os olhos em chamas, incendiando ódio e fúria.
  O bicho chegou a recuar pra trás e parou de avançar, mas ainda estava me encarando, como se eu fosse sua presa. E eu estava logo atrás da Mallya que tinha uma espada flamejante na mãos, se a coisa se aproximasse mais uma perder um dos braços, ou quem sabe até a cabeça, se isso o matasse eu ficaria feliz.

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