17 - Véspera de Guerra

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17 Dias para o Apocalipse...

  Às vezes a gente espera por algo que não vem, por algo que já foi... De alguma forma aquilo que era foi deixado para trás e eu não sei mais até que ponto ainda vamos resistir, da mesma forma que é tudo tão confuso, a frustração assola o encalço de muitos pensamentos. Talvez minha escolha não tenha sido uma das melhores, mas eu vou me lamentar por isso. Por muito tempo.

- Alícia on-

  - Vamos até a frente do castelo com o seu exército, o meu e o de Valentim vão esperar pro ataque por trás onde há deturpação nos muros e quando menos esperar Mark terá perdido o poder, o controle e todo o resto.
  - Não podemos esquecer do principal, assim que o exército de Mark perceber que estamos nos aproximando vão bolar um plano pra revidar, isso se não se trancarem no castelo e tentarem nos impedir, será tarde demais quando notarem nossa presença. - Mallya continuou o planejamento de guerra, apontando para a maquete bem feita dos aposentos de Mark, Jimin tinha feito um trabalho excepcional com aquele bem feito, se eu soubesse que ele era tão b com essas coisas eu tinha colocado ele pra fazer meus trabalhos quando estava na escola.
  - Vamos fazer chover flechas. Coloque as mulheres guerreiras atrás, mira delas é melhor e os homens mais brutos coloquem na frente, junto com você Mallya. Assim terá suporte para o que for enfrentar.
  - Concordo. - Mallya abriu um sorriso largo e eu tentei esboçar um também, ela estava orgulhosa, cheia de expectativas, e eu temia por aquele confronto. Não que tivéssemos chance de perder, as probabilidades agora que tiramos os cavaleiros das jogadas eram quase nulas, mas eu ainda temia. Não queria admitir, mas lá no fundo, mesmo depois de tudo que Mark fez... Eu ainda queria acreditar que estava com raiva demais para não ter dó, nem mesmo piedade, mas depois daquele momento tão íntimo e tão junto que Mark e eu tivemos.
  Eu não conseguia perdoa-lo, mas o queria perto de mim.
  Jung Kook invadiu a sala trazendo sorvete e um pouco de café e eu me sentei novamente na mesa, aquela sala era do Conselho de Reis, mas eu me sentia confortável o bastante para pôr os pés na mesa e relaxar com a fumaça doce do café no nariz, mesmo que os meus ombros estivessem tensos com Mark voltando repetidas vezes na minha cabeça. Será que ele estava pensando em mim..?
  - Alícia. Alícia! - Mallya estalou os dedos na minha frente - Está no mundo da lua hoje? kook veio avisar que já acomodamos o seus exército de ninfas no castelo, estão alimentados e descansando.
  - Ah, que ótimo. - Comentei tentando balançar a cabeça para me esquivar dos pensamentos anteriores, mesmo sendo inútil. - Precisamos todos descansar para amanhã. Sairemos cedo. - Continuei meu comentário e só então me permiti relembrar dos beijos que Mark me deu. Das suas mãos no meu corpo. Como uma relação tão conturbada podia mexer tanto com a minha cabeça.

- Mark on-

  - Alícia? - Chamei olhando ao redor, tochas e mais tochas irradiam luz, mas nem mesmo na penumbra eu avistava sua silhueta, muito menos seu corpo, ou seus cabelos. Era fato, ela não estava mais lá. Não teria me esperado o dia inteiro. Não até eu ir buscar a alma e trazê-la para o submundo. Era um processo demorado. E mesmo que eu pedisse, eu lá no fundo sabia que ela não teria esperado.
  - Carlaio! - Bradei para o corredor semi claro e do meio das cortinas escapou uma sombra, que aos poucos foi se transformando em pessoa, meu mordomo inútil.
  - Estou aqui senhor. - Com pressa e desajeitado, ele encolheu a cabeça sobre os ombros, o que o tornou mais patético ainda.
  - Cadê a Alícia? - Indaguei mesmo sabendo a resposta e notei, quase deixando passar que meu lacraio estava nervoso demais só por eu te-lo chamado.
  - Ela se foi vossa Alteza. Foi no entardecer. - Ele me respondeu quase gaguejando e eu joguei minha foice em cima dele, para que a guardasse no lugar de sempre.
  - E por que você está assim? Ela te bateu? - Indaguei curioso e minha mente divagou por diversas coisas que poderiam ter acontecido, desde ter matado pessoas sendo mortas pela irá da minha mulher, até coisas piores que eu nem queria pensar que ela seria capaz de fazer comigo. Ela não seria... - Fale Carlaio!! - Gritei impaciente e o mordomo velho e enrugado quase caiu para trás com o medo que sentia, estava na cara que tinha acontecido alguma coisa, alguma coisa grave, e ele não tinha feito nada.
  - A s-sua se-se-nhorita... - Ele começou a gaguejar e eu senti o ódio começar a inflamar dentro do peito, catei-o pelo pescoço e o ergui contra um dos pilares que sustentavam o salão - A senhor por favor não me mate! - Implorou ele e então eu revelei a face da morte deixando o mordomo mais aterrorizado ainda.
  - Fala agora o que ela fez. - Sussurrei calmamente e minha voz ecoou vaga pelo cômodo. Com pesar, e engolindo em seco, o velho começou a abrir a boca.
  - Ela roubou o livro maldito meu Senhor, e levou a os segredos dos cavaleiros, inclusive o seu.
  - Está me dizendo que a minha mulher roubou tudo que eu tinha pra me defender no caso de estourar uma guerra, e você não moveu um dedo para impedir!! - Urrei dando um soco estrondoso na cara dele, tão forte que estremeceu as estruturas da sala e o jogou no meio do salão. O estalo dos ossos de seu maxilar soltando e quebrando ecoou  ao nosso redor com tanto contentamento que eu não me aguentei em me deleitar.
  - Senhor eu te imploro! - Ele começou a chorar com a mão na boca ensanguentada pingando no chão, me irritando ainda mais, a Alícia iria pagar, e a Mallya também, era a Mallya quem estragava minha Alícia, tudo culpa daquela dragoazinha desgraçada que eu devia ter matado desde a primeira vez que a vi! - Senhor... Ela estava com aqueles olhos de cão dos infernos... E irradiava dela poderes fortes demais, ela teria me dizimado se eu tentasse impedir. Por favor não me mate eu tenho dois netos pequenos órfãos pra alimentar, sou tudo que restou para eles, sem mim eles vão morrer de fome ou pior serão caçados como bichos.
  - O problema não é meu Carlaio, não fui eu quem causei tudo isso...
  Comecei a andar na direção dele... Mallya... Mallya... Suas horas estão contadas e o seu tempo está prestes a acabar...

PRISON IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora