PRISON III

25 - Intervenção

- Mark on-

  - Isso acaba hoje! Vou buscar minha próxima alma, e guarde minhas palavras, antes da meia noite, quando eu cruzar aquele portal eu volto pro mundo dos mortos e acabo com aquele castelo inteiro, vou mandar tudo prós ares que nem aqueles dragões nojentos fizeram com os meus soldados! - Bradei irritadiço olhando mais uma vez para Jackson antes de empurrar a bancada no chão, a fúria já tinha passado de nível depois daquela batalha vergonhosa. Eu quem enfrentei, e eu que perdi! Era pra Mallya ter morrido! Aquela desgraçada... Ela ainda me paga.
  - E como pretende fazer isso vossa Alteza, seus irmãos de guerra não podem intervir na guerra, a não ser que seja pra matar todos que tem os segredos.
  - Aqueles malditos segredos que você deixou aquela puta roubar enquanto trepava com você!! - Verne rosnou tentando oprimir meu raciocínio e me impestiar com sua dominância da Fome, fome de poder... Fome do orgulho ferido.
  Jackson abriu um sorriso escrupuloso quase me desafiando com aquele olhar desgarrado, mas eu o ignorei, olhando para a grande janela do salão, que dava vista pro castelo da Alícia. Dava pra ver as ninfas trabalhando felizes no grande jardim do reino, os poucos guardas que sobraram lá eram tão poucos que eu já temia pela segurança de seu povo. Teria que me lembrar de mandar alguns soldados meus pra proteger seu reinado de possíveis malfeitores.
  Com indecisão me virei para os outros três cavaleiros do apocalipse na mesa, calculando qual seria a probabilidade de impedir a intervenção dos cavaleiros na minha batalha, eles iriam querer matar todo mundo... Eu tinha que tirar a Alícia de circulação antes que a mais uma batalha entre os nossos reinos estourasse.
  - Respeita a minha mulher seu merda! - Retruquei a Verne, olhando para o mais sensato daquele três, Victor devia ter alguma solução para isso tudo, precisava ter. - Victor, o que faremos? A Alícia está no meio disso tudo, a única que tem que morrer é a Mallya e aquele povo desgraçado que serve ela, não a Alícia.
  - Ou você encara ela de novo e da próxima morre, ou nós vamos intervir Mark, a decisão é sua, os segredos estão com elas, elas e os povos delas sabem do que somos capazes, elas sabem que de nós vai completar esse maldito apocalipse, é algo que ninguém pode mexer! Não até o juízo final.
  - Mas faltam poucos dias para esse tal de apocalipse, o que tem lá de tão terrível?! Não dá pra esperar ele acontecer pra podermos matar a Mallya?
  - Até lá ela já vai ter dizimado você e o seu povo, vai fazer você desaparecer da história seu babaca e sua querida putinha vai ter vindo junto sapatear no seu túmulo! - Verne interveio de novo com sua ignorância e eu bati na mesa com as mãos espalmadas. Rosnando de volta, prestes a lhe dar um belo dum soco no meio da cara, quando Jackson segurou meu braço, antes que eu tivesse tempo de fazer o que pretendia.
  - Brigar entre nós mesmos não vai resolver. Vamos ser sensatos. - Jackson disse, me incentivando a voltar a me sentar na mesa junto dele, o que fiz com um pouco de relutância. Meu coração estava gritando dentro do meu peito, acho que a Alícia tinha se machucado demais na batalha, eu conseguia sentir seu sofrimento deste lado do continente. E estávamos tão longe...
  - O que fazemos então? - Perguntei baixando a guarda por um instante, e Victor tomou a frente, como sempre fez em todo fim de reunião.
  - Vamos fazer o que tem que ser feito, nos dê a ordem Mark, e vamos intervir. - Meu coração saltou na boca, Alícia... Minha Alícia... A sensação gritante no peito com a possibilidade de perder ela estava me sufocando a essa altura. Puxei a gola da camisa pra baixo tentando buscar mais ar e Jackson piscou, pegando na minha mão, do que jeito que sempre fazia quando tinha mais planos. E então eu entendi que era pra aceitar, ele sabia o que fazer para salvar a pátria.
  - Eu concordo e aceito. - Falei destemido, na confiança de que Jackson me daria o que eu queria - Vamos intervir.
  Confirmado, despedimos uns dos outros e os demais cavaleiros se retiraram, deixando apenas eu e Jackson para trás.
  - Espero que saiba o que está fazendo. - Quase implorei pra ele e recebi um aperto de mão generoso e acalorado. Suas mãos estavam suando demais naquele momento.
  - Tenho uma proposta vossa alteza. - Ele se levantou da cadeira, olhando para a janela onde eu olhava a pouco - E com ela você a salvará meu caro.
  - O que tem em mente Jackson? - Indaguei, já ficando ansioso e ele voltou seu olhar pra mim.
  - Eu conheço um encantamento antigo que salvará sua amada, do mesmo jeito que você buscar a alma, já pra devolver uma vida, a Alícia não morreu ainda, ela está em coma. Você acorda ela, e então ela fica presa em Helltown e você fica aqui pra batalhar e acabar com a Mallya. - Ele propôs, me deixando angustiado até demais com o leve pensamento do que poderia querer em troca de um favor tão grande.
  - E o que você quer? - Indaguei, e Jackson me fisgou com aquele olhar perseguidor - Uma coisa dessas não pode ser barato.
  - Mas é claro que não é vossa alteza, o que eu quero é o reino da Mallya, ele e os dragões.
  Me assustei por um instante, era um pedido e tanto, até dava, mas eu não sabia dizer se os dragões obedeceriam a ele. Não nessa encarnação pelo menos.
  - Todo seu. - Abri um pequeno sorriso, imaginando o que ele faria com os dragões da Mallya depois que não conseguisse doma-los. Aquelas feras iriam ter o que merecem. Assim como todo aquele povo arrogante que ela lidera.