37 - Lobos Também Padecem

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- Alícia on-

  Um lobo bêbado... Essa teria sido engraçado até na China...
  Continuei caminhando, tinha hora que precisava firmas as patas traseiras que estava trançando. O orvalho que caía ia umidecendo meu pelo, e isso estava me incomodando, eu não queria ter que tomar banho de novo hoje. Estava com preguiça, só queria achar um lugar macio pra deitar.
  Tinha tanta coisa fora de ordem na minha cabeça.
  Continuei a caminhada, ouvindo as corujas, e reparando bem como a noite estava limpa na floresta. Parecia não haver nada que impedisse as estrelas de se mostrar daquele jeito. Era muito mais que beleza, elas iluminação a noite com aquela luz fraca. E tudo ficava mais lento. Mais admirável...
  Foi quando eu passei por uma grande árvore, pesada o bastante, que eu percebi que estava sendo seguida. E aquela criatura não era humana. Eu conseguia sentir seu cheiro de longe. As passadas largas e o peito se alargando pra passar ar nos pulmões. Dava o dobro de mim transformada.
  O que quer que fosse, não ia me deixar em paz. Parecia bem obstinado em se aproximar.
  Aumentei as passadas, até começar a correr, como se não tivesse percebido que estava sendo seguida. Eu apenas continuei. Indo mais rápido. E mais rápido. Podia sentir que quem quer que fosse estava chegando perto.
  Por um instante passou pela minha cabeça o sonho que eu tive na noite passada. O bater de orelhas bem alto, as passadas pesadas e a sede de matar e de derramar sangue... Aquele monstro parecia invencível no meu sonho, e eu estava começando a me sentir indefesa como um filhote.

- Mallya on-

  Tae tirou a camisa, vindo por cima de mim com tanto desejo que chegou a doer o pensamento de que o cheiro do sangue dele estava me chamando. Ele estava tão perto...
  - Tae... - Gemi quando ele me puxou pelo quadril, mordiscando a pele do meu colo e abraçando meu corpo no dele, estava mais do que excitado. E eu podia sentir o calor. Os vidros do carro todo embaçados.
  O cheiro estava mais forte ainda. Invadindo meu nariz com precisão.
  - Tae espera... - Tentei dizer, mas ele não demonstrou que queria parar, continuava insistindo, abrindo meu vestido e puxando tudo pra baixo, os saltos da bota já estavam apertando as coxas de Tae quando ele deu a primeira investida pra dentro, estocando todo o seu membro pra dentro de mim.
  Eu não aguentei mais, era mais forte do que eu. Virei as nossas posições, me colocando por cima dele e comecei a beijar seu pescoço, descendo e descendo. Parecia tão certo, até eu cravar as presas na garganta dele com toda força.
  Puxando seu corpo contra o meu com toda força pra ele não se afastar, muito menos fugir. Eu queria o sangue dele. Precisava daquilo.
  - Mallya... - Tae estava me chamando, a voz tinha perdido aquele sabor de prazer, agora estava ficando preocupado, eu podia sentir o peso da consciência dele tentando decidir o que fazer comigo. Até a culpa vir rápido demais e eu me afastar, me jogando contra o vidro da janela. O coração rasgando a mil dentro do meu peito. Os olhos de Tae não estava mais cintilantes e eu podia sentir o sangue escorrendo pelo meu queixo que nem no pescoço dele. Sangue angelical.
  - Tae me d-desculpa... - Falei entre-cortado, sentindo ânsia de vômito. Agora não parecia mais tão atrativo o pescoço dele. Pelo contrário, eu estava me sentindo repudiada.
  Escapei depressa, não podia ficar ali. Não tinha como. Terminei de me vestir com pressa e me enfiei na mata, tentando fugir e correr o mais longe possível. Eu tinha que me afastar dele. O máximo possível.

- Jennie on-

  Gargantas e ossos eu vou comer... Já podia me imaginar palitando os dentes com ela... Continuei meu trajeto, seguindo o cheiro dela, pela mata. Podia sentir que estava perto, mesmo tentando fugir.
  Estava quase a encontrando...
  Foi quando fui recebida por uma pancada, algo tão forte que me jogou longe da trilha, direto contra uma árvore a mais de dez metros de onde eu estava. A força de quem quer que fosse que tinha me batido era muito grande. Chegou a me deixar desnorteada. Ele ele era bem maior que eu isso era óbvio, mais do que o dobro, e estava de pé, andando sobre duas patas, era algum tipo de animal que andava em pé. Seus dentes grandes eram afiados como agulhas três vezes mais grossas que meus melhores caninos, e eu não pude ver muito bem sua face, mas do que deu pra enchergar naquele escuro total, era que sua fome era bem maior do que a minha... Seus olhos sedentos por sangue estavam muito mais do que famintos...

PRISON IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora