PRISON III

35 - Mais um Caso

  - O que será que fez isso? - Indaguei comendo um salgado enquanto olhava para o quadro cheio de fotos penduradas, uma imagem mais terrível que a outra. Tínhamos usado todos os imãs da geladeira do Tae para manter cada uma perto da outra.
  E mesmo passando o dia inteiro pesquisando e procurando o que é que pode ter feito aquilo, chegamos a duas conclusões meio descabíveis, mas que até fizeram sentido.
  - É um lobisomem metamorfo - A Mallya disse incerta comendo uma colher de sorvete.
  - Eu acho que pode ser um chupa cabra... - Comentei mais incerta ainda e as duas nos jogamos no sofá, especulando mais um pouco. Os dois seres que propusemos não existiam... Ou pelo menos não tinham relatos de alguém que sobreviveu pra confirmar.
  - Já temos uma ideia, agora temos que provar pra ver se alguma das duas tá certa! - A Mallya deu risada e eu estiquei os pés na mesinha de centro. Olhando pela janela aflita. O sol estava se pondo e aquela vermelhidão característica crepuscular estava fazendo as ondas da praia se arrastar preguiçosamente no mar. Por algum motivo aquela cena me fez pensar em Mark.
  - Pode até ser... - Comentei chaqualhando a cabeça para focar em outros pensamentos, foi quando meus olhos passaram pelo relógio em cima da mesa que eu me recordei do que vinha postergando o dia inteiro. Já estava na hora.
  - Me parece que temos mais um caso complicado em mãos... - A Mallya começou e eu coçei os olhos num impulso nervoso.
  - A gente tem que ir sabia. - Comentei com preguiça e a Mallya me olhou de canto aparentemente entediada.
  - O que a gente tinha que fazer mesmo? - Se fez de desentendida e eu comecei a levantar puxando ela junto.
  - A gente combino com eles que não ia se atrasar, afinal é o primeiro encontro de todo mundo junto, o Jaebum e o BamBam vão ficar chateados se a gente não for na festa que eles organizaram pela nossa volta.
  - Aí que falta de coragem... - A Mallya começou e eu já arrastei ela pela casa.

  De vestido e aquele famoso salto alto, eu já estava disposta para entrar no salão, e a Mallya mais despojada, vinha logo ao meu lado com o braço trançado no meu, arrasando com um belo vestido dourado e botas de salto. Por um instante tudo pareceu normal, igual antes. Como se ninguém tivesse mudado, nem pego o Gap Dong, nem mesmo morrido.
  Mas assim que vi os olhos dela, notei que a Mallya não parecia mais a Mallya de antes, assim como eu também não parecia mais a Alícia de antes, éramos Rainhas agora, e isso mudava muita coisa. Mesmo aqui em Helltown.
  - Vamos? - A Mallya me Indagou abrindo aquele sorriso largo cheio de dentes e eu assenti, engolindo em seco minha ansiedade. Aquele não era mais meu mundo. Eu teria que me adaptar tudo de novo.

- Mallya on-

  Dentro da festa, agora eu podia sentir a vibração, tantos e tantos corpos juntos se debatendo em danças características de nossa idade. Parecia até coisa de louco. Lá no alto, caixas de som estrondavam músicas eletrônicas por todo o quarteirão. O cenário então estava de tirar o fôlego. Os meninos haviam se superado dessa vez, luzes e aquários com peixes coloridos irradiavam luz fluorescente pelo salão. Algo tão diferente do habitual e mesmo assim, ainda parecia que algo estava tirando meu foco de toda aquela situação.
  Eu ainda não conseguia aceitar que tinha voltado, sendo que tudo que mais queria era estar lá com ela. Aquela mulher fantasmagórica que deixou sua ausência assolar todos os meus dias aqui nessa vila desgraçada. Minha mãe parecia uma fortaleza imbatível naquela armadura, na minha armadura! E a cada segundo que eu passava em Helltown, ela ia parecendo cada vez menos real na minha mente, como se seu fantasma fosse me assombrar a noite, e de dia a vida fosse continuar como se nada tivesse acontecido.
  Acompanhei a Alícia, grudada nela como se fosse meu último pedacinho de realidade e continuei, andando discretamente, mesmo que fosse quase impossível passar despercebida. Alguém a muito tempo já havia nós encontrado.
  Jennie e sua gangue de meninas malvadas nos secavam como se fossem predadoras.
  - Ora, ora, ora. Achei que tinha matado você! - Sem desculpas e nem mesmo licensa, Jennie havia se posto a nossa frente, sem cerimônias ou papas na língua ela tentou agarrar a Alícia pelos colarinhos e foi recebida pelo impulso da mesma, que torceu seu pulso com tanta força brutal que achei até que fosse quebrar.
  - Você falhou querida! - Ela respondeu ríspida e direta e passou batido, dando um encontrão ombro a ombro com a rival, como se fossem velhas inimigas a muito tempo que não se encontravam, eu apenas as ignorei, não valeria a pena prolongar algo tão intrépido numa noite tão linda como aquela.
  Afinal tinha muita coisa em jogo pra perder nosso tempo com uma valentona mesquinha.