38 - Gap Dong 2.0

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8 Dias para o Apocalipse...

- Alícia on-

  Meu corpo todo estava dolorido, tinha um arranhão bem grande no meu quadril, e eu estava tentando lembrar da noite anterior com todas as forças, mas dá última coisa que eu me lembro ainda aos pedaços era de ter caído rolando, lutando avidamente contra alguém muito forte, muito mais pesado do que eu. Ele dava mais que o dobro de tamanho e tinha garras maiores ainda que as minhas.
  Eu sei que matei. O que quer que fosse aquilo, mas não consegui lembrar por quê. O instinto de sobrevivência foi muito maior que o meu lado racional.
  Entrei pela porta, torcendo pra não dar de cara com ninguém e assim que percebi que ninguém tinha acordado, continuei dando passo leves pela casa, subindo os degraus com o maior cuidado do mundo. Podia sentir de longe que estava cheirando metal. Sangue já ressecado. Acho até que dormi na nata também. Aquela garrafa de whisky foi demais pra mim. Nem eu não aguentei.
  - Aonde vai suja desse jeito? - Mark.
  Do jeito que eu dei um pulo, o grito foi e voltou na garganta. Sufocado pela minha necessidade de alerta em não denunciar pra casa inteira que eu tinha chegado.
  Foi quando me virei pra ele que seu semblante de satisfação em me ver mudou pra preocupação.
  - O que foi que você fez? - Ele Indagou vindo correndo ao meu encontro, tentando ver se eu estava machucada, quando avistou o corte profundo no meu quadril já foi me pegando no colo e arrastando a força pro banheiro. - Você está machucada meu amor? O que aconteceu? Quem foi que fez isso??!
  - Eu... Eu não sei... - Falei, o mais sincera que pude. Eu não sabia quem me abordou naquela mata, mas sabia que era muito grande - Acho que me encontrei com um urso ou coisa assim. Ele está morto de qualquer jeito.
  - Você o matou? - Ele olhou pra mim incrédulo, como se eu estivesse contando histórias para assustar crianças e então ligou a banheira, me pondo sentada na beira da porcelana. - De qualquer jeito a sua cara não está muito boa. - Ele continuou, tirando a minha roupa e tentando limpar o sangue do meu rosto. Eu ainda não tinha me olhando no espelho, mas pelo cheiro conseguia sentir que boa parte do meu corpo estava coberto por ele. Viscoso e vermelho como metal.
  Por um momento senti ânsia de vômito. O que será que eu matei...?
  - Mark eu tô com medo. - Eu Sussurrei sentando devagar na banheira, o corte na minha cintura estava ardendo com a água quente.
  - Do que você tem medo? - Ele Indagou tirando a camisa e se juntando a mim. Eu não neguei, muito menos mandei ele sair. Meus pensamentos estavam mais preocupados com o que eu fiz. Eu sei que o que eu matei não era humano. Mas alguma coisa na minha cabeça estava me lembrando de ter visto a Jennie. Na forma humana. Eu vi ela em algum lugar. Mas não sei onde. E nem porquê. Mas sei que a vi.
  E se eu tiver matado ela ao invés de um urso. Ela também é um lobo e bem grande, afinal é a filha de um Alpha maior. Seria natural ter vindo atrás de mim. Mas porquê eu não me lembro de tanta coisa. Será que a bebida foi tão forte assim?
  - Eu não sei... Eu sei que matei alguma coisa... Mas eu não fiquei lá pra ver, lembro de ter comido alguma parte e saído correndo. Eu me alimentei do que estava lá, mas não faço ideia se era só um animal ou se podia ser... - Alguém... o pensamento me deu mais náuseas. O calafrio que desceu pela minha espinha até o meio das minhas costas me fez encolher com os braços de Mark ao redor de mim.
  - Você não fez nada Alícia. Você não tem um coração ruim, eu sei que não seria capaz de matar um mosca. - Mark tentou me consolar me puxando para seu peito, ensaboando meu pescoço e meu rosto tentando tirar todo aquele sangue. A água da banheira estava ficando vermelha gradativamente.
  - Mas agora é diferente... Eu posso não querer matar, mas quando o lobo assume eu perco a consciência dos meus atos Mark.
  - Não foi você! - Mark ficou sério de repente - Alícia olha pra mim, - Ele pegou meu queixo, me fazendo olhar nos seus olhos. Nunca me senti tão reconfortada - Você não fez nada.

- Mallya on-

  Liguei a TV mordiscando meu sorvete com algumas papeladas a mão. Ia tentar pesquisar mais lendas urbanas sobre o chupa cabra, foi quando procurando algo que prestasse nos canais, eu parei até perceber que tinha uma reportagem que me chamou atenção. Uma repórter falava de forma angustiada e atrás dela tinha um cenário bem aterrorizante passando na tela.
  Tinha um campo de rosas atrás dela, lotado de sangue. E havia um corpo feminino estirado lá no meio coberto por um saco, os pés não estavam lá, e nem a cabeça, mas eu reconheceria aqueles pedaços de roupa todo rasgados em qualquer lugar. Era a Jennie. Toda estraçalhada. O que restou de seus membros espalhados pelo campo, o tronco num lado, os braços do outro. Como se tivesse sido atacada por um monstro e perdido a batalha. E a reportagem estava terminando com a jornalistas anunciando sua opinião sobre o assassinato.
  - Será que temos um novo Gap Dong entre nós? Seria ele um Gap Dong 2.0...?
  Desliguei a TV, olhando para as papeladas, respirando bem fundo tentando me lembrar onde tinha tinha ido depois de me afastar do Tae na noite passada.
  Eu tinha que descobrir de onde veio todo aquele sangue que estava no meu vestido. Tinha sangue demais para só aquela mordida que eu dei no Tae. O que será que eu fiz?

PRISON IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora