Eu, através de outro alguém

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Esse texto foi escrito por uma grande amiga minha, há quatro anos, para o blog que eu mantinha na época.

Leia com a noção de que um texto biográfico não necessariamente trata sobre a pessoa em si, mas sim sobre a projeção que o terceiro possui sobre esse mesmo sujeito. Dessa forma, você verá um texto inteligente e interessante logo abaixo.

Aproveito o espaço para dizer: querida, precisamos nos encontrar para um café! 

Não acha incrível viver? Essa coisa de não saber o que vai acontecer no próximo minuto, mesmo que tudo já esteja de certo modo predestinado pelo minuto anterior? Como num beijo. Os minutos que o antecedem são inexplicáveis, a combustão de sentimentos, seus rins pressionando os pâncreas e teu estômago contraindo seu coração; que misteriosamente quase sai pela boca, em qualquer frase óptica que cala. Cala. Mudo, mundo.

E imaginem só, leitores de Sali, o mundo girou e nos trouxe a uma realidade festeira de um ano em que tive a honra de conhecer um garoto fantástico, e de participar de sua transformação para a vida adulta, não se sabe se promissora, pois não sabemos o que é sucesso pra você, mas pra mim, um futuro brilhante eu projeto quando penso em Sali.

Felipe Santos Lima é um dos meus melhores amigos. A gente não se vê muito, na verdade a gente mal se esbarra, nos esbarramos por umas duas vezes, propositalmente. Com hora e data marcada. Sempre estranho. Sali me encanta pela forma simples de enfrentar a vida, pelo olhar menino que mantém, pelas mãos perdidas, pelos passos largos, confiantes.

É o tipo de pessoa que observa a vida, mas não a deixa passar. Bom, pra você pode parecer óbvio, mas não é. Observar nem sempre é viver, quase nunca viver é observar.

O Sali é o tipo de pessoa com quem você vai poder falar qualquer besteira, vai poder ser qualquer pessoa. É quem você vai escolher para encontrar no seu pior dia, porque de certo modo na sua cabeça ele vai saber o que falar, e importante: vai saber calar, e parar.

É um sonhador nato, projetor de grandes emoções, de livro sem capa, de texto sem linha. Ele vai conseguir te dar a atenção que você jamais vai dar pra alguém, e ele vai se manter seu amigo pela simplicidade de quem você é, ou do que ele enxerga em você.

E ele extraordinariamente consegue enxergar o melhor de cada um.

Ainda aparenta pouco, como um baú de madeira, só um baú de madeira. Um livro de capa lisa, com qualquer cor desbotada.

No entanto não subestime sua cara de pouca idade, o seu conteúdo é assustador, sua fome voraz de conhecimento vai torná-lo irresistível pra você. Outra coisa é que ele sabe muito mais do seu mundo, do que você mesmo.

E ele vai saber se impor, tal qual sua postura ao andar, e tocar, e ele vai te olhar intensamente, sem disfarçar, e inevitavelmente você vai ter de concluir: eu conheci Sali, porque ele quis assim.

Existem pessoas que falam, e outras que são formadoras de opiniões. Pois bem, eu lhes apresento mais um formador de opinião no hall de personalidades fantásticas, que você vai ter a honra de conhecer.

Mas não posso deixar de contar um defeito: ele vai ser sempre sincero. Pois para você, isso pode ser um mal.

Sali, o meu recado é: Devo-te um pingado e uma longa conversa, meu amigo. Fique por perto, nessa nossa física quântica.

CADERNO DO SALIOnde histórias criam vida. Descubra agora