Capítulo 27

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O médico deu alta e Pérola já podia ir para casa, Sophia pediu para a faxineira colocar tudo em ordem antes delas chegarem. Sophia sentia o peso do mundo em seus ombros, se contasse a verdade para Pérola corria o risco dela surtar de novo, mas se não contasse sua história com Valentina chegaria ao fim e ela não suportava a ideia de ficar longe de Valentina.

- O que você quer jantar meu amor? Quero cozinhar para você. - disse Pérola.

Sophia sentia seu estômago revivar com aquela fala de Pérola, não existia mais meu amor, não existia mais elas.

- Você deve descansar recém saiu do hospital, melhor pedirmos comida escolhe alguma coisa. Vou tomar banho. - disse Sophia.

E dentro do chuveiro deixou sair toda angústia e tristeza que havia dentro de si, chorou, chorou não sabe quanto tempo ficou ali derramando lágrimas em desespero, era preciso coragem para enfrentar aquela situação. Coisa que ela já não sabia que tinha. Valentina era o amor da sua vida, e abrir mão ela era como abrir mão e de um pedaço seu e isso doia muito.

Mal conseguiu tocar na comida que Pérola havia comprado estava angustiada com tudo aquilo. Pérola estava totalmente alheia a tudo aquilo e falava animada para Sophia como havia sido bem tratada no hospital. Já que foi informada que tinha sido internada porque havia passado mal.

- Você realmente não lembra de nada? - perguntou Valentina.

- Eu lembro que estamos noivas e viemos para cá porque seu pai faleceu. - disse ela.

- Sim e mais nada? - insistiu Sophia.

- Nada, porque aconteceu alguma coisa? - quis saber Pérola

- Não, nada é só isso mesmo. - disse Sophia com a voz arrastada, sentia seu corpo pesado, estava destruída com aquilo.

Pegou o celular e mandou mensagem para Valentina.

- Preciso falar com você, posso ir aí? - pediu ela.

Depois de uns minutos Valentina respondeu.

- Estou chegando em casa 20 minutos e eu te recebo. - mandou Valentina.

- Vou precisar sair. - disse Sophia para Pérola.

- Tudo bem, amor vou deitar. - disse Pérola.

Sophia observou a reação dela que não perguntou nem onde ela iria, o que era estranho, mas não quis falar nada.

[...]

Valentina tinha deixado Sophia no hospital e ido trabalhar foi informada por Júlio que Pérola tinha acordado. Não soube mais detalhes, iria ligar para Sophia quando tivesse tempo. As reuniões nas empresas tomaram bastante seu tempo, seus clientes da agencia também estavam atrás dela e ela teve que se virar em cinco para dar conta de tudo.

Saiu da agência já a noite e pensou em ligar para Sophia para saber como estavam as coisas quando recebeu uma mensagem de Sophia querendo falar com ela. Um arrepio percorreu seu corpo e ela soube naquele momento que algo estava acontecendo.

Valentina viu um carro parado na frente do seu apartamento e achou ter visto Netto dentro do carro. Se aproximou para ter certeza e o carro saiu rapidamente dali. Valentina achou muito estranho aquilo.

Entrou em casa e tomou banho, pediu 20 minutos para Sophia o que deu tempo dela comer alguma coisa, até ela ouvir baterem na porta, só podia ser ela.

- Oi. - disse Valentina.

- Oi. - respondeu Sophia, os olhos inchados e grandes bolsas de olheiras embaixo dos olhos, Valentina podia apostar que ela tinha chorado.

- Como ela esta? - perguntou Valentina.

- Recebeu alta já esta em casa. - disse Sophia.

As duas sentaram no sofá e um silêncio se estabeleceu entre elas, Valentina sabia que havia algo errado.

- Pérola esta bem, mas parece que o trauma afetou sua memória, ela não lembra de nada desde que nós chegamos aqui. - conseguiu falar Sophia.

- Ela perdeu a memória? - perguntou Valentina.

- Não, ela lembra de tudo só esqueceu os últimos meses desde que chegamos aqui. O médico disse que ela pode ter bloqueado suas memórias por ter passado por um trauma muito grande. - disse Sophia.

- Entendo, então basicamente ela só lembra que vocês estão noivas. - disse Valentina.

- Sim, ela não lembra que nós terminamos nem que tentou se suicidar. - disse Sophia deixando lágrimas jorrarem dos olhos.

Valentina estava petrificada com aquela notícia ao ver Sophia tão destruída Valentina a puxou para um abraço. Sophia soluçava alto nos braços de Valentina.

- Calma. - sussurrava Valentina tentando acalma-la que só conseguia chorar ainda mais.

Depois de um tempo Sophia se acalmou e saiu dos braços de Valentina.

- Desculpa, isso é problema meu não tenho que descontar em cima de você. - disse ela.

- Você pode contar comigo. - disse Valentina já com lágrimas nos olhos.

- Eu tenho medo Val, se contar tudo a ela e ela ter outro surto eu nunca iria me perdoar. - disse Sophia

- Mas ela tem possibilidade de se lembrar? - quis saber Valentina.

- O médico disse que ela pode se lembrar qualquer dia ou simplesmente nunca mais lembrar. - disse Sophia.

- E se ela fosse em uma psicóloga? Talvez pudesse ajuda-la. - disse Valentina.

- Você tem razão é um boa ideia. - concluiu Sophia.

- Mas até ela recobrar a memória eu não sei o que fazer da minha vida. Ela ainda acha que estamos noivas e eu sinceramente não consigo nem olha-la nos olhos. - disse Sophia.

Valentina não sabia o que dizer aquela era uma situação horrível mesmo, mas que conselho ela poderia dar para a mulher que ela amava? Que ela voltasse para a ex? Era difícil aquela situação.

- Só o tempo pode resolver. - disse Valentina.

- Só o tempo. - suspirou Sophia deixando uma lágrima solitária cair do seu rosto.

- Acho melhor eu ir para casa, desculpa te incomodar. - disse Sophia.

- Tudo bem, como eu disse antes, você pode contar comigo. - disse Valentina.

Valentina levou Sophia até a porta do apartamento e as duas ficaram em silêncio paradas como se quisessem eternizar aquele momento em suas mentes. Sophia segurou a mão de Valentina e ficou alguns minutos ali parada segurando sua mão tentando encontrar as palavras certas.

- Eu sei que não tenho o direito de te pedir para esperar eu resolver essa situação toda na minha vida. Mas eu queria que você soubesse que eu te amo, que nosso encontro foi de almas e eu nunca vou esquecer disso. Você ė e sempre será o único amor da minha vida - falou Sophia entre lágrimas.

Valentina tentou se manter firme, mas não conseguiu ambas choravam agora. Sophia fez carinho na bochecha de Valentina e selou os lábios das duas. Um beijo melancólico de duas almas apaixonadas que sabiam que aquele beijo se tratava de uma despedida.

Amor Improvável - 2° temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora