Aelin segurou a cômoda do quarto para se equilibrar. Não sabia o que era aquilo, o que tinha acabado de acontecer. Ela sentiu a onda, sentiu a magia, mas foi também físico, como se algo tivesse entrado em colisão com o mundo, e ele balançou com o impacto. O castelo tremeu, o reino tremeu. Seus ouvidos aguçados captaram a agitação dos criados e guardas, e...
- Calma, Sam, vai passar.
A rainha não sabia, não entendia o que era o instinto de mãe até Mare ter ficado doente, aos dois anos. Tudo em sua pele rugia para que ela protegesse, e pra que eliminasse aquela ameaça invisível. Ela mal se comportou como uma humana, por dias, sem sair do lado do berço. Rowan estava em uma campanha, lidando com alguns problemas na fronteira do reino. Quando ele voltou, a menina melhorou, de repente, completamente. Como se os sintomas fossem consequência, apenas, da ausência do pai.
Rowan tinha provocado Aelin por meses, lançando piadas sobre como ela ameaçara bani-lo para o chão por se comportar exatamente da maneira como ela havia feito, mas ela não se importava. Não era uma mãe extremamente protetora, mas sentia seu sangue rugir nos ouvidos ao ver um dos filhos em perigo, ou mesmo um dos sobrinhos. E foi com aqueles instintos que quase arrancou a porta do quarto para ver se o seu bebê estava bem.
Sammy vomitava todo o café da manhã, o rosto pálido e desconfortável. Lysandra o segurava, enquanto afastava os cabelos brancos, que o garoto mantinha relativamente longos.
- Meu filho, você está bem? - ela tentou afastar o fogo, uma tarefa que havia se tornado muito mais fácil depois da guerra, e invocou a gota de água que havia herdado, a cura, para que o menino se sentisse melhor.
Sam gemeu em alívio quando a mão da mãe ocupou sua testa, e tossiu enquanto pegava o lenço que a Lady de Caraverre oferecia, e limpava sua boca.
- Estou melhor, acho. Eu só... Fiquei muito tonto e... O que aconteceu?
Era a grande questão, não era? O que, em Hellas, tinha acontecido naquele momento. Passos soaram no corredor, Aelin sabia quem era sem precisar dos sentidos normais, bastava aquela presença, o puxão no laço, para reconhecer.
- Vocês estão bem? - o rei avaliou o grupo, procurando por algum machucado antes de encontrar os olhos de sua parceira. Uma ordem não dita pairava ali. Descubra o que é isso. Agora. E ele não pensou duas vezes antes de obedecer.
Cinco dias não foram suficientes para descobrirem o que aquilo fora. Cartas iam e chegavam na sala de Aelin, perguntas e respostas de outros reinos, em Erilea e no continente ao Sul. Ninguém percebera nenhuma mudança, nada que indicasse o que podia ter acontecido.
O maior medo da rainha era alguém ter abrido uma fenda novamente, ou os valg terem voltado, e ficar naquele silêncio.. ela incendiou metade das cartas antes de sequer perceber o que estava fazendo. Rowan não relatara nada de errado, mas enviara emissarios, feéricos, para os continentes mais distantes, para saber se algo havia mudado lá.
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A Court of Night and Fire
FantasiQuando dois mundos colapsam, é dever das Cortes de Prytian e dos reinos de Erilea manter a paz conquistada a tanto custo. Rhys e Feyre acreditam que é uma boa ideia enviar sua filha para passar um tempo em Terrasen, mas Lyla e o príncipe Sam não con...