Capítulo 16

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A magia dela sentiu a Defesa bem antes de qualquer um dos seus outros sentidos. Lyla lançava dedos de escuridão e sombras para explorar ao seu redor, sempre que viajava. Nem queria pensar nas coisas que sentira durante as noites anteriores, espreitando pela floresta. Imaginava que não eram piores que as monstruosidades da Corte dos Pesadelos, mas estava grata por não terem uma fogueira, era provável que fossem um farol na floresta se tivessem.

Foram aqueles tentáculos que sentiram a barreira uns bons dois quilômetros de onde estavam, e Lyla não esperou Sam recolher as coisas após a pausa pro almoço para correr naquela direção. Parou antes que os guardas a vissem como uma ameaça, e encarou o lugar com espanto. O príncipe chegou cinco minutos depois, ofegante, irritado e arrastando os cavalos a reboque. 

— Vai ficar observando pelo lado de fora? — ele perguntou após alguns momentos em que ela apenas se permitiu olhar as pedras, analisar os encantos de defesa, a forma como sua magia era sugada e não atravessava. Era incrível.

— Vou — ela sorriu de uma forma que sabia que o irritaria.

— Devo sentar, então? — havia uma violência mal contida no tom dele. 

— Se está cansado — Lyla ergueu um ombro em deboche.

Ela o ouviu bufar. Mas o príncipe esperou. Lyla gastou alguns minutos silenciosos lançando a magia para descobrir até onde a cúpula mágica cobria, para analisar os guardas e a parte do lugar que conseguia ver de onde estava. Gastou seu tempo admirando um lugar incrível, negligenciado pela história.

— O quê você disse que faz aqui, mesmo? 

— Eu não disse — ela ergueu uma sobrancelha para o sarcasmo dele — mas eu ajudo na defesa e no treinamento dos mais novos, às vezes.

— E já decidiu onde vai me colocar? — o príncipe empurrou as rédeas do cavalo que ela utilizara em suas mãos. 

— Talvez eu te coloque nos estábulos. Ouvi dizer que é ótimo para meninas tagarelas — Lyla soltou uma risada. Ótimo, humor, mesmo que às custas dela, era melhor que aquela rabugice da maior parte do tempo. 

— Coitados dos cavalos — rindo, atravessou a barreira, se dando as boas vindas à Defesa Nebulosa.

Os edifícios a receberam, tão cobertos por plantas que poderiam se camuflar vistos de longe. Haviam alguns claramente novos, mas outros pareciam ser tão velhos quanto o pai dela. Aquele era um posto antigo, mas vicejava, com pessoas — muitos jovens — andando, conversando, treinando e fazendo suas tarefas. 

Era exatamente como ela imaginara, e parecia que ela estava vivendo um sonho. Depois da de seus pais, a história de Rowan e Aelin era a que ela mais gostava, e havia sido ali que os dois começaram. Era quase irônico que ela estivesse ali com o filho deles. 

Dois garotos dos estábulos vieram buscar os cavalos, e Lyla e Sam continuaram a pé pelo pátio. 

— O que sua mãe fazia quando esteve aqui? — embora ela gostasse tanto da história, havia escutado tantas versões misturadas que aquele detalhe havia se perdido. 

— Trabalhava na cozinha — ele parou de repente, e ela estacou, quase batendo nas costas dele — O que, na verdade, não é uma má ideia.

— Me colocar na cozinha? — ela o olhou, tentando ver se estava brincando, mas era difícil demais decifrar aquela expressão dele. 

— É. Emrys está velho, mas é teimoso, e não quer passar o comando para outra pessoa — ela pensou ter visto ele dar de ombros — Deve estar precisando de ajuda por lá. Embora eu realmente ache que ele deva se aposentar...

A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora