Capítulo 34

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Havia algo errado.

Lyla sentiu isso, aquela sensação de que algo estava fora do lugar, e levantou rápido, com o coração acelerado. O escudo estava intacto, e não havia ninguém em um raio de alguns metros do quarto, então... Por que ela se sentia tão inquieta?

Tentou obrigar a ansiedade a diminuir com os exercícios de respiração que Tsehai havia insistido que aprendesse. No começo, ela não via muito propósito em saber como respirar com o pulmão completamente, em sentir o diafragma expandir e contrair com os músculos de suas costelas, mas... ajudava a controlar os poderes, e do jeito que Lyla sentia aquele pinicar sob sua pele, sua magia entrando em pânico sem um motivo aparente... Ou ela respirava, ou não sobraria muito daquele quarto para contar história.

Fechou os olhos, se concentrando na respiração, no quarto, no cheiro de Sam que ainda estava lá, como se ele tivesse saído dali há apenas algumas horas. Se concentrou nos sentimentos confusos e ambíguos que tinha em relação ao príncipe. Por algum motivo, focar nos seus problemas atuais e concretos a fazia se acalmar.

Tentou, novamente, vasculhar o exterior, atrás de qualquer tipo de ameaça. Deixou sua magia descer as escadas, vasculhar os arredores, mas não havia nada. Provavelmente havia sido algum pesadelo do qual ela não se lembrava. É, com certeza era isso.

Abriu os olhos, mais calma, e eles foram atraídos por uma folha de papel envelhecido e pregado à porta. Não precisava se aproximar para ler o que estava escrito, nem da assinatura para saber quem o deixara.

A notícia de que não teria treino teria sido recebida muito melhor em qualquer outro dia, mas naquele momento... ela só conseguia pensar que as provocações de Sam teriam sido uma ótima distração para aquela sensação estranha dentro dela.

 ela só conseguia pensar que as provocações de Sam teriam sido uma ótima distração para aquela sensação estranha dentro dela

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Não adiantava. Ela podia ocupar o seu dia inteiro com as tarefas da cozinha, cortando, fervendo e temperando, mas ainda assim, Lyla havia passado o dia inteiro espiando sobre os ombros, assustadiça, a respiração irregular.

Ela não era uma pessoa intuitiva. Nunca fora. Para ela não havia aquilo de uma sensação estranha do que vai acontecer no futuro, e Lyla nunca sonhara com algo que acontecera depois. Não, seus instintos se baseavam em fatos, e ela não conseguia deixar de ficar desconfiada; não quando sua nuca se arrepiava às vezes, como se estivesse sendo observada.

Mas eram muitos feéricos, muita gente que ela não conhecia, e Sam não havia aparecido para dizer a ela se alguém não era confiável, ou para tomar cuidado com algum deles. Na verdade, o loiro não dera as caras o dia inteiro, mas ela estava muito longe de se preocupar com ele.

— Você está bem, querida?

A voz suave de Emrys a trouxe de volta dos seus pensamentos para a realidade. Só então percebeu que segurava uma das pequenas estatuetas de deuses nas mãos. Hellas parecia encará-la em julgamento, então o colocou de volta, com o rosto para a parede, ignorando um arrepio. A atitude arrancou uma risada do velho.

A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora