Capítulo 4

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— Precisamos de um curandeiro, Aedion, agora!

Ele desperdiçou alguns segundos, olhando para a companhia que sua rainha trouxe, mas apenas assentiu e correu para dentro do castelo. Aelin guiou o grupo de Prytian para uma sala privada e confortável, e Cassian colocou a garota no grande sofá verde escuro que adornava o local.

A pele dela estava pálida, e os lábios denunciavam que estava com frio, embora não estremecesse. A rainha acendeu algumas chamas ao redor; quentes, mas sem queimar, e um pouco de cor voltou ao rosto dela. A porta da sala abriu, e Aelin se surpreendeu ao ver os cabelos castanho-dourado entrando.

— Yrene? — a curandeira continuava linda, embora já não fosse tão nova.

— Eu venho te fazer uma visita, e você já me arranja trabalho — ela olhou para o estranho grupo com a testa franzida — qual é o problema?

Então ela reparou na garotinha deitada no sofá, e se aproximou, a magia já sondando o pequeno corpo. Aelin reparou vagamente em Gerte, filha mais nova da curandeira, entrando na sala com um conjunto de coisas de cura. A pequena cópia de seis anos de Yrene sorriu com alguns dentinhos faltando.

— Valg..? Mas... Como?

— Apenas tire dela, Yrene. Depois explicamos — ela assentiu, o rosto adquirindo a calma característica, e virou a menina de lado, pousando a mão em sua nuca. Havia uma cicatriz ali, embora ninguém tivesse mencionado qualquer ferimento.

— O que é isso? Como ela se machucou?

— Nós achávamos que tinha se cortado em algum vidro no dia que tudo aconteceu — Feyre respondeu, se aproximando da filha — sem magia, não conseguimos curar.

— Certo, vou começar por-

Lyla inspirou o ar com força, e os olhinhos violetas se abriram, assustados. Feyre a segurou no sofá, sussurrando palavras no antigo idioma até que ela se acalmasse. Ela olhava de um lado para o outro, enquanto Yrene lhe dava um chá para se acalmar.

— Por favor, faça isso logo. Ela está com dor.

Yrene assentiu, e respirou fundo antes de apoiar as mãos no peito da garota, luz saindo de suas palmas, começando um processo que ela não via ser feito há muito tempo. Lyla gritou, e gritou em agonia, conforme o valg resistia dentro dela. Feyre chorava abraçada ao parceiro e os dois machos observavam tudo com rostos sombrios.

Um soluço lembrou Aelin de que Sam estava ali, e ela o puxou para um abraço. Ele ouvira as histórias dos valg, mas ver aquilo acontecer, e com uma criança tão pequena... Ele tremia de medo. Nunca tinha imaginado que os monstros que infestavam seus pesadelos na infância realmente retornariam algum dia.

Não demorou muito. Lyla não tinha muita escuridão dentro de si para que o valg se alimentasse. E logo ela colocou para fora a fumaça daquele parasita horroroso. Yrene sustentou seu corpinho mole e cansado, enquanto Feyre a ajeitava para pegá-la no colo.

— Nós temos alguns quartos já preparados para hóspedes, deixem-me acompanhá-los — Aelin sentiu uma mão interrompendo-a levemente. Encontrou os olhos de Rhys, gentis em sua direção.

— Você já fez o suficiente. Ficaremos pela noite, mas os criados podem nos mostrar o caminho. Vocês viajaram tão arduamente quanto todos nós. Descanse, e amanhã conversaremos — a voz dele era suave, mas incisiva, do jeito que apenas um líder poderia fazer.

Ela assentiu, e viu o quanto ele e os outros pareciam cansados. Viajaram por dias sem parar. Se aproximou de Feyre, afastando o cabelo do rosto da menina.

— Ela é corajosa, e muito forte — o rosto abatido, mas aliviado da Grã-Senhora desenhou um pequeno sorriso — E provavelmente a criança mais bonita que já vi. Depois dos meus filhos, é claro — as duas riram baixinho — Leve essa princesinha para descansar, para eu poder mostrar o jardim de inverno pra ela, amanhã.

A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora