Capítulo 27

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A loja de sapatos era pequena, mas Lyla pareceu imensamente feliz enquanto saía de lá, já tendo visto Sam do outro lado da rua. A neve se transformara em lama sob seus pés, e a bolsa dela estava claramente mais cheia do que quando chegaram.

— Como você consegue comprar tanto? — ele soltou como comprimento.

— Não é  exatamente difícil, na verdade — ela inclinou um ombro, dando um sorriso charmoso, completamente descontraída — já decidiu onde vamos passar a noite?

Sam assentiu, e eles foram andando pela rua. Não era muito longe de onde estavam, e logo eles pararam em frente à pousada. Era grande, pintada em branco e rosado; não parecia com nada que Sam gostaria, na cabeça de Lyla. Era mais como um solar que encontraria na Corte Primaveril.

— Nossa, é bonita. Parece a casa de alguém — Sam deu um aceno curto.

— Era uma mansão senhorial, até que os donos faliram. Uma senhora comprou e começou a alugar os quartos — o tom dele era casual, como se ele conhecesse intimamente as vidas daquelas pessoas.

Lyla olhou para cima, fitando as sacadas e varandas dos quartos.

— Legal. Adoro lugares com história.

Os dois entraram em uma recepção, onde Sam pegou uma chave com uma garota que não parecia ter mais de treze anos e parecia estar muito feliz de estar trabalhando. Mas Lyla não deixou escapar aquele pequeno detalhe.

— Uma chave?

— Nós vamos dividir o mesmo quarto — oor alguns instantes, ela realmenteachou que estivesse delirando.

— Vamos? Um quarto só? — ela franziu as sobrancelhas — Por quê? Contenção de gastos?

Lyla sentia como se Sam quisesse jogá-la escada abaixo. Ele parou, e se virou na direção dela, segurando seus ombros como havia feito algumas horas antes. Os olhos dele brilhavam em sua direção, e Lyla não se moveu não porque ele a segurava, mas porque estava meio perdida naquelas cores.

— Não. Você é minha responsabilidade, por isso vai ficar no mesmo quarto que eu. Assim, eu posso ficar de olho em você.

Ele continuou a andar, e ela foi atrás, piscando.

— De olho em mim? Você não devia, não sei, me proteger? Porque vai ficar de olho em mim? — aquela era euma expressão muito específica. Significava que ele a vigiaria.

— Porque não confio em você para ficar longe de problemas — Lyla parou um segundo, antes de continuar.

— Ei! Eu me ressinto disso!

— Que pena.

Os dois andaram por uma galeria de portas, e ele indicou onde era o salão de refeições, a sala de banhos e, um andar acima, o quarto deles. Tinha um cômodo apenas, duas camas e uma mesa que provavelmente serviria para Sam espalhar suas coisas. Lyla sabia que o príncipe provavelmente ia querer a cama mais perto da porta, então colocou sua mochila ao lado da outra cama, examinando o colchão.

— Pelo menos o colchão é limpo, e parece surpreendentemente novo — ela disse enquanto empurrava, testando a textura.

— Não é um palácio, mas...

Lyla não conseguiu fazer algo que não rir. Gargalhar deliciosamente de uma forma que ela caiu de costas na cama. Sam a encarou com as sobrancelhas erguidas sem entender, mas ela demorou um pouco para se recuperar do tom com que ele havia dito aquilo, e da ironia da situação.

— Você sabe que a única pessoa aqui que mora em um castelo é você, não sabe? É a segunda vez que você insinua algo do tipo, esquecendo que você vive em um palácio que é vinte vezes a minha casa.

A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora