A loja de sapatos era pequena, mas Lyla pareceu imensamente feliz enquanto saía de lá, já tendo visto Sam do outro lado da rua. A neve se transformara em lama sob seus pés, e a bolsa dela estava claramente mais cheia do que quando chegaram.
— Como você consegue comprar tanto? — ele soltou como comprimento.
— Não é exatamente difícil, na verdade — ela inclinou um ombro, dando um sorriso charmoso, completamente descontraída — já decidiu onde vamos passar a noite?
Sam assentiu, e eles foram andando pela rua. Não era muito longe de onde estavam, e logo eles pararam em frente à pousada. Era grande, pintada em branco e rosado; não parecia com nada que Sam gostaria, na cabeça de Lyla. Era mais como um solar que encontraria na Corte Primaveril.
— Nossa, é bonita. Parece a casa de alguém — Sam deu um aceno curto.
— Era uma mansão senhorial, até que os donos faliram. Uma senhora comprou e começou a alugar os quartos — o tom dele era casual, como se ele conhecesse intimamente as vidas daquelas pessoas.
Lyla olhou para cima, fitando as sacadas e varandas dos quartos.
— Legal. Adoro lugares com história.
Os dois entraram em uma recepção, onde Sam pegou uma chave com uma garota que não parecia ter mais de treze anos e parecia estar muito feliz de estar trabalhando. Mas Lyla não deixou escapar aquele pequeno detalhe.
— Uma chave?
— Nós vamos dividir o mesmo quarto — oor alguns instantes, ela realmenteachou que estivesse delirando.
— Vamos? Um quarto só? — ela franziu as sobrancelhas — Por quê? Contenção de gastos?
Lyla sentia como se Sam quisesse jogá-la escada abaixo. Ele parou, e se virou na direção dela, segurando seus ombros como havia feito algumas horas antes. Os olhos dele brilhavam em sua direção, e Lyla não se moveu não porque ele a segurava, mas porque estava meio perdida naquelas cores.
— Não. Você é minha responsabilidade, por isso vai ficar no mesmo quarto que eu. Assim, eu posso ficar de olho em você.
Ele continuou a andar, e ela foi atrás, piscando.
— De olho em mim? Você não devia, não sei, me proteger? Porque vai ficar de olho em mim? — aquela era euma expressão muito específica. Significava que ele a vigiaria.
— Porque não confio em você para ficar longe de problemas — Lyla parou um segundo, antes de continuar.
— Ei! Eu me ressinto disso!
— Que pena.
Os dois andaram por uma galeria de portas, e ele indicou onde era o salão de refeições, a sala de banhos e, um andar acima, o quarto deles. Tinha um cômodo apenas, duas camas e uma mesa que provavelmente serviria para Sam espalhar suas coisas. Lyla sabia que o príncipe provavelmente ia querer a cama mais perto da porta, então colocou sua mochila ao lado da outra cama, examinando o colchão.
— Pelo menos o colchão é limpo, e parece surpreendentemente novo — ela disse enquanto empurrava, testando a textura.
— Não é um palácio, mas...
Lyla não conseguiu fazer algo que não rir. Gargalhar deliciosamente de uma forma que ela caiu de costas na cama. Sam a encarou com as sobrancelhas erguidas sem entender, mas ela demorou um pouco para se recuperar do tom com que ele havia dito aquilo, e da ironia da situação.
— Você sabe que a única pessoa aqui que mora em um castelo é você, não sabe? É a segunda vez que você insinua algo do tipo, esquecendo que você vive em um palácio que é vinte vezes a minha casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Court of Night and Fire
FantasíaQuando dois mundos colapsam, é dever das Cortes de Prytian e dos reinos de Erilea manter a paz conquistada a tanto custo. Rhys e Feyre acreditam que é uma boa ideia enviar sua filha para passar um tempo em Terrasen, mas Lyla e o príncipe Sam não con...