Capítulo 24

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Lyla geralmente levava um tempo acordando. Ela não era do tipo de pessoa que levantava da cama no momento em que abria os olhos, mas tomava seu tempo revirando na cama, e cochilando um pouco, ou entrando em contato com Alek ou Tsehai para contar um sonho louco que ela havia tido. Naquela madrugada específica, ela estava fazendo uma lista mental dos livros que ela queria ler no próximo mês quando batidas em sua porta a despertaram do torpor abruptamente, quase derrubando-a no chão.

O dia havia começado bem.

Sim, aquilo havia sido sarcasmo.

A cara de Sam não era exatamente a primeira coisa que Lyla queria ver pela manhã, mas pelo menos ele parecia calmo, sem nenhum mau humor. Ela tinha certeza de que estava cedo demais para que estivesse atrasada para o treino; o sol nem havia saído pelo horizonte naquela manhã de final de inverno. O que ele estava fazendo ali?

— Você é realmente algo encantador ao acordar, Archeron — ela não conseguiu energia nem para revirar os olhos; ele havia interrompido o processo de despertamento dela e agora reclamava de como ela estava? Se ela conseguisse falar algo, mandaria ele tomar naquele lugar que o sol não alcançava. Estava cansada de lidar com ele. E quando ela dizia cansada, queria dizer esgotada até a última gota de sua tão curta paciência.

O que você quer, Sam?

As habilidades daemati dela exigiam muito menos energia naquele momento do que falar.

— Eu vim avisar que fui convocado a uma reunião importante, e por isso não vou poder treinar você hoje — a cabeça dela fez um gesto lento semelhante a uma concordância — Se você conseguir alguém pra treinar com você... Bem — ela ergueu os olhos, percebendo que ele estava desconsertado com a falta de reação dela; provavelmente esperava que ela fosse protestar ou algo parecido, já que havia insistido tanto na presença dele nos treinos. Ele realmente não esperava uma Lyla energética àquela hora da manhã, esperava? — Exercite o movimento de ontem, você ainda estava deixando o joelho ceder muito.

— Certo — ela quase murmurou a palavra, ainda olhando-o nos olhos. Estavam tão próximos que ela podia ver a mudança do azul para o dourado, e as manchinhas pretas das falhas em sua íris. Era cativante. E poderia também ser delírio do sono. Sempre possível.

Na falta de mais palavras por parte dela, ele se virou para ir embora, mas ela segurou sua mão, impedindo-o. Ele a encarou, curioso.

— Obrigada por avisar, Sam — ela apertou os dedos ligeiramente antes de deixar ele ir, e fechar a porta entre eles. Precisou de três respirações para ter certeza de que não abriria a porta e pediria para ele se atrasar para a reunião. Aquele pensamento havia passado em sua mente mais do que ela queria admitir. Tudo bem que ela só teve tempo para pensar naquilo uma vez apenas, mas ainda assim, já era estranho demais que sequer cogitasse isso.

 Tudo bem que ela só teve tempo para pensar naquilo uma vez apenas, mas ainda assim, já era estranho demais que sequer cogitasse isso

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— Alguém está feliz hoje.

Lyla mostrou a língua para Sajja, que gargalhou. Ela estava, de fato, de bom humor. Provavelmente porque não tinha que passar o café da manhã com a perspectiva de lidar com o temperamento inconstante do Sam. Era libertador. Os pães doces que Sajja havia feito para o café da manhã também contribuíam muito para seu bom humor.

A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora