Capítulo 11

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Robert a esperava, já acordado, quando Lyla voltou. Ela não pôde não sorrir ao deslizar para a cama e ser recebida com beijos. Era um contraste e tanto com a hostilidade do príncipe, e poderia ter feito o coração dela palpitar, caso não fosse feito do gelo permanente da Corte Invernal. Ou, pelo menos, era o que Aleksander gostava de dizer.

Havia alguns machos que viam nela a oportunidade de um laço mais duradouro, que criavam a ilusão de amor, encobrindo o interesse de casar com uma herdeira poderosa. Alek acreditava em dois ou três deles. Embora não a incentivasse a casar, achava que algo sólido faria bem a ela.

Mas Lyla pensava diferente: gostava de acreditar que era um espírito livre. Além do mais, se ela já se achava nova demais para fazer as coisas que fazia (mesmo que não tivesse vontade alguma de parar), era ainda mais nova para um relacionamento sério.

Ela espantou as divagações quando sentiu os lábios de Robert entre seus seios, sua camisa translúcida já levantada, e o afastou com um sorriso condescendente.

— Robb, eu não dormi essa noite. Preciso descansar antes da viagem — para o crédito do ruivo, ele sorriu ao assentir, e beijou uma manchinha que ela tinha no seio direito, fazendo-a estremecer, antes de cobri-la novamente.

— Tenho um presente para você. De despedida — ele levantou, e ela observou os músculos de seus braços saltarem com o movimento.

Ela não se sentia envergonhada de olhar, descaradamente, o corpo nu dele desfilando pelo quarto. Não tinha a beleza imortal de um feérico, mas o corpo esguio e definido não era de se jogar fora. Ele pegou uma caixa na mesa, que não estava lá na noite anterior, e lhe trouxe. Era linda, azul e rosa, como o vestido favorito dela na Corte Estival, e tinha uma concha em rosé metalizado na tampa.

Lyla abriu o fecho, encontrando um espelho de mão emoldurado por diversas conchas naturais. A cidade de Robert era portuária, e ela podia sentir o cheiro salgado de maresia ainda impregnado na caixa. Era fútil, inocente, e alimentava aquele seu lado que sorria ao ver coisas bonitas e brilhantes.

— É lindo, muito obrigada, Rob — ela o beijou e, por algum motivo, o calor dele a acendeu — Você tem uma reunião hoje, certo? Quanto tempo até precisar ir?

— Uns quarenta minutos — ele respondeu, sua confusão lembrando-a que não podia sentir a mudança no cheiro dela. Com um sorriso malicioso, subiu no colo dele, as pernas ao redor de seu quadril enquanto capturou os lábios dele com os próprios.

— Então nós temos tempo.

— Entre, Sammy! — Aelin estava particularmente feliz naquela manhã (ele nem queria saber o motivo), e cumprimentou o filho com um abraço — Eu preciso mesmo falar com você — Sam bufou, resmungando em resposta

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— Entre, Sammy! — Aelin estava particularmente feliz naquela manhã (ele nem queria saber o motivo), e cumprimentou o filho com um abraço — Eu preciso mesmo falar com você — Sam bufou, resmungando em resposta.

— Ah, que bom que arranjou tempo para me avisar que a Lyla viajará comigo hoje — sua mãe o encarou, surpresa.

— Quem te contou? Lysandra? Ela sabia que era eu que queria contar! — ele revirou os olhos, e se soltou dos braços dela, sentando na fina poltrona gêmea à que ela estava e servindo do café que ela bebia.

— Não, a própria Lyla veio conversar comigo ontem à noite — o rosto dela se iluminou, fazendo-a parecer uma criança no Yulemas.

— Ah! Vocês se resolveram, então! —Sam suspirou, encostando na cadeira. Sua mãe era muito pouco discreta quando acreditava que ele deveria se envolver com alguma mulher. Era ainda menos quando achava que ele não deveria.

— Está mais para uma trégua relutante, mas não vamos destruir o navio — ele não entendeu o porquê de ela quase se engasgar ao rir — Apenas gostaria de saber que infernos ela quer em Defesa Nebulosa. Até mesmo Wendlyn tem mais atrativos para uma dama como ela. A fortaleza é um pouco desconfortável para quem está acostumado a palácios.

Aelin o encarou com o mesmo olhar que Lyla havia lhe dado ao fazer aquela pergunta, e então gargalhou como nunca havia feito antes. Rindo e rindo.

— Eu poderia, de verdade, te alertar e dizer com o que você está lidando, mas vai ser muito mais divertido te ver descobrindo isso sozinho. Apenas me lembre de pedir à Lyla para me contar tudo depois, certo? Essa história será imperdível.

Ela levantou, e deu um beijo na bochecha do filho, que retribuiu o carinho. Ele a encarou ainda confuso, mas Aelin apenas deu aquele sorriso de quem sabia tudo no mundo.

— Só não chegue atrasado no navio, certo? Não dê mais essa má impressão à garota — ele franiu a testa, esperando que mostrasse o quanto ele estava ofendido com aquela afirmação.

— Eu nunca me atraso.

Ela o ignorou, no entanto, deixando os aposentos, indo para seu quarto particular. Sam apenas comeu mais um bolo salgado, bebendo da bebida quente apenas alguns momentos antes da mesma porta que ele usou para entrar se abrir e uma cachoeira de cabelos dourados entrar.

— Ocupado, maninho? — o peito de Sam se aqueceu ao ouvir o apelido carinhoso que Mare usava apenas quando estava de bom humor ou carente. Supondo o quanto estava próxima de Kayden naquela estação, imaginou que fosse ser o primeiro.

— Pra você? Nunca — ele estendeu uma mão, e ela tomou o assento que sua mãe deixara vazio. Não demorou muito para pegar um bolinho tão cheio de glacê que Sam sentia a garganta coçar apenas de sentir o cheiro.

— É o mínimo, não é? Você não para em casa. Chegou não tem três dias e já está indo embora de novo — ele sorriu, recostando na poltrona, enquanto ela abria cuidadosamente o papel que envolvia o bolo.

— Você está com inveja que não viaja tanto quanto eu.

Mare deu um suspiro frustrado, e deu uma mordida enorme no bolinho, jogando os modos de dama da corte pela janela. Ele amava quando ela estava assim, descontraída. Lembrava-se de poucas ocasiões em que Marzena se permitia ser a irmã dele, e não a Herdeira de Terrasen desde que completara seus treze anos e os conselheiros e tutores começaram a enchê-la de baboseiras.

— Nisso você está certo. É um saco ficar presa aqui. Até Kayden já foi para Prytian... Era suposto que, como herdeira, eu fosse mais nessas viagens diplomáticas, não? — ela tentou parecer quase indiferente, apenas irritada, mas ele podia ouvir algo mais naquelas palavras. Ele se inclinou em sua direção, preocupado.

— Fale com nossa mãe. Certeza que ela te manda para a Corte Noturna cantarolando de felicidade — seus lábios desenhados esboçaram um sorriso mínimo.

— Ela tem um apego com aquela família, não tem?

— Imagino que se pareça muito com a nossa — os dois riram. Era uma piada interna dos dois, já que aquela era a frase que eles mais ouviam desde A Colisão. A diversão dela não durou muito, no entanto.

— Imagino que você tenha que ir. Descansar um pouco antes de viajar mais tarde. Sei que você vai passar o tempo todo importunando o capitão do navio, e que não teve um minuto sequer de sono essa noite.

— Mal de família, certo?

— Mais em comum com a Corte Noturna do que pensamos — ela sorriu, tristemente, e o encarou de uma forma que fez o coração dele apertar.

Sabia que ela se sentia sozinha às vezes. Mesmo Kayden não conseguia apascentar aquele espírito selvagem que se sentia aprisionado pelas paredes daquele castelo. Mare seria uma rainha incrível, mas aquele dia ainda estava longe de acontecer, e todos aqueles anos de preparação estavam esmagando sua alma.

Sam se levantou, e sentou ao lado dela, abraçando-a.

— Falo sério sobre você conversar com a mamãe. Mesmo que seja para ir apenas para Adarlan, seria bom você sair daqui por um tempo.

— Tudo bem... Obrigada, Sammy — ele sorriu, beijando a testa dela antes que suas mãos magras mas firmes o empurrassem — Agora, vá. Isso é uma ordem.

Ele riu, inclinando-se em uma reverência ao levantar.

— Como quiser, minha princesa — ele foi para a porta, mas antes de sair, resmungou apenas alto o suficiente para que ela escutasse — Tinha esquecido como irmãs mais velhas podem ser um pé no saco — a resposta foi uma almofada bem mirada na nuca, e uma gargalhada que ecoou por todo o corredor.


A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora