Capítulo 36

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Sam havia conseguido dormir naquela noite. Se sentiu um pouco culpado por ter ocupado a cama dela, mas o cansaço o venceu. Os lençóis cheiravam a Lyla: floral, doce e algo exótico. Seus pensamentos retornavam à noite anterior desde o momento em que abrira os olhos. Quase nunca se sentia culpado em relação a alguma coisa, mas tinha aquela pequena impressão de que havia passado dos limites dessa vez.

Iria sondar Lyla. Se ela ainda estivesse muito furiosa... bem, talvez ele pedisse desculpas. Não estava mais chateado por ter tido que apartar a briga dela com Remelle. Sabia o quanto aquela fêmea era insuportável, e se não estivesse tão cansado e irritado, teria rido. Uma boa noite de sono havia levado embora bastante do seu mau-humor. Apenas esperava que, para Lyla, tivesse acontecido o mesmo.

Na verdade, se perguntava onde ela teria passado a noite, mas soube a resposta quando viu a expressão furiosa de Verena do lado de fora da cozinha. Ela tinha a postura igualzinha à da mãe, quando ficava brava.

— Ela está muito chateada?

— Não saberia dizer, já que ela saiu antes do sol nascer — ela se aproximou, menos altiva — Mas eu precisava conversar com você.

Sam até desconfiava do que ela diria. Apenas fez sinal para que seguisse em frente.

— Eu não sei porque ela se importa com o que você faz, ou acha dela, mas ela se importa — ela parecia frustrada — E eu não gostei de vê-la chateada daquela forma. Por favor, pare de ser a sua versão insuportável. Ela só é uma garota legal que está se sentindo sozinha, longe de casa.

Sam odiava sermões, mas o olhar de Verena... Ele não achava que Lyla havia se machucado de verdade, mas o que ele sabia? Ele nunca sabia medir o comportamento das mulheres. Era mais provável que ela estivesse certa e ele tivesse se enganado outra vez.

— Ela estava defendendo Nehemia, sabia? Remelle disse coisas horríveis sobre todos vocês e Lyla nem piscou, mas assim que falou da Nehemia, ela virou uma fera.

A respiração de Sam falhou. Não era novidade que sua irmãzinha era seu ponto fraco, e agora ele mesmo estava querendo acertar a cara dela. Mas não faria isso. Não, agora ele estava se sentindo uma pilha de merda por ter gritado com Lyla daquele jeito.

— Se desculpe com ela, decentemente — geralmente não gostava que dissessem o que fazer, mas concordava com a ruiva. Lyla merecia um pedido de desculpas digno.

— Eu irei.

Verena assentiu, e ele se sentiu obrigado a dizer algo a mais.

— Sobre a Sabina...

— Não — ela interrompeu — Não quero falar sobre isso — ela suspirou, parecendo cansada e chateada — vai, vá atrás da Lyla.

— Eu não sei onde ela foi — ele deu de ombros.

— Você não pode ter tudo de mão beijada, não é?  Descubra. Eu tenho mais o que fazer do que mimar um príncipe que só faz merda.

E então fez um gesto vago para que ele fosse embora. Como um bom macho sábio, ele obedeceu.

 Como um bom macho sábio, ele obedeceu

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