Capítulo 6

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Lyla chegaria de navio. Fora uma das estratégias de transporte que Terrasen fez com Prytian. Existia uma ilha entre os dois continentes, então os feéricos eram atravessados até a ilha, de Prytian, e então restavam apenas três dias em um navio da ilha até Terrasen. Dito isso, Aelin estava no porto, esperando sua visita.

Mesmo que a garota não fosse inconfundível, Aelin saberia quem era pela simples sensação do poder que era perceptível de longe. Noite, e sombras, e aquele mundo por trás. A rainha ainda não tinha visto todo o potencial mágico da garota, mas podia senti-lo na pele.

Na última vez que vira Lyla, ela tinha doze anos, e prometia se tornar uma beldade e tanto nos anos vindouros. Pela primeira vez, ela não frustrou as expectativas. A garota estava impossivelmente bela. O rosto parecia ter sido pintado com esmero pelos próprios deuses, com os traços finos e elegantes, os olhos violetas vívidos, a boca carnuda e levemente avermelhada em formato de coração.

O cabelo escuro estava preso em uma trança longa e grossa, que começava na têmpora de um lado da cabeça, e terminava descendo pelo ombro oposto. O corpo, cujas curvas generosas Aelin se flagrou invejando, era demarcado por uma roupa de couro maleável, que deixava explícita a silhueta que provavelmente enlouqueceria não poucos machos na Corte.

Vendo a rainha, ela sorriu brilhantemente, e a envolveu em um abraço que trouxe o cheiro de jasmim e laranja junto com toda a aura de seu poder. Apenas um eco, Aelin sabia, do que havia escondido, contido com fortes amarras.

— Senti saudade — seu coração vibrava em alegria. Nunca entendera o porquê de ser tão afeiçoada à menina, mas certamente não lutava contra o sentimento. Amava-a tanto quanto os próprios filhos e sobrinhos.

— Eu também. Nunca pude agradecer por todos aqueles presentes — elas riram — E não era necessário tudo aquilo. Nem vir aqui. Eu podia pegar uma carruagem até o castelo — elas entraram no carro real, cujos cavalos eram tão belos que recebiam um olhar de admiração dos que estavam no porto.

— E perder a oportunidade de te monopolizar? Ah, não. Com Rowan e Fenrys fora, tenho poucas pessoas para atazanar.

O caminho até o castelo foi cheio de risadas e trocas de histórias dos últimos dez anos. Embora fosse vários anos mais velha, Aelin tinha uma alma jovem, e tinha conversas bem mais divertidas que a mãe de Lyla. Feyre era incrível, mas parecia querer ser responsável, por ter criado dois filhos (além de se sentir uma mãe para todo o Círculo Interno). Aelin tinha três, e era tão doida quanto Mor. Lyla a amava ainda mais por isso.

Ela ainda ficava um pouco impressionada com a imponência do castelo de Orynth, e ficou em silêncio conforme entravam pelos portões que haviam visto tanta gente morrer e sobreviver durante a Batalha Final da Guerra. Ninguém chegou para recebê-las, e Aelin a guiou pelos corredores até seu quarto, tagarelando sobre cada detalhe do castelo.

— Não é nada como os quartos da Corte Noturna, mas... Espero que goste.

Lyla sorriu. O quarto era lindo, com as paredes branco pérola, quadros de paisagens belíssimas nas paredes e uma janela gigante com vista para o jardim. Havia um piano também. Fazia tanto tempo que ela não tocava... A cama não era tão grande quanto a que ela tinha em casa, mas era de casal, e ela não pretendia usar as asas, de qualquer forma. Sobraria espaço.

Também havia um dossel, com cortinas pesadas para manter o frio da noite fora. Imaginava que, já que estavam no meio do inverno, elas seriam necessárias.

— Imagina, Aelin. Esse quarto é lindo — ela sorriu, soltando a bolsa de couro que carregava. Era pouca bagagem, mas a maior parte de suas coisas estavam guardadas na bolsa entre os mundos.

A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora