Capítulo 8

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A porta da cabana abriu em um golpe, deixando toda a força do inverno entrar na pequena cabana. Uma fêmea entrou, o corpo coberto pelas camadas de roupas grossas e quentes, o rosto escondido pelo capuz. Mal fechou a porta antes de retirar os casacos, derrubando generosas quantidades de neve no piso de madeira.

— Soube que estava aqui, Sam. Cansou do luxo do castelo?

Asena, agora apenas com uma calça quente e uma camisa de lã preta, sorriu para o primo jogado em seu sofá, uma xícara de algo fumegante nas mãos. Aquele era o sorriso favorito de Sam desde a infância.

Sua prima não era uma beldade quase divina como a mãe, mas tinha beleza em seus traços simples, nos olhos cor de chocolate e naquele sorriso que guardava apenas para o melhor amigo, que também era seu primo.

— Oi para você, também. Quer chá? — ele sentiu, servindo outra xícara.

— Preferiria um chocolate quente, mas aceito qualquer coisa que me esquente — ele arqueou as sobrancelhas — Não malicie!

— Tarde demais — O canto de sua boca se retorceu em um meio sorriso malicioso.

Ash revirou os olhos e sentou ao lado dele, pegando a bebida e sendo aquecida por ela e pela magia do príncipe.

— Como estão as coisas em casa? — o príncipe sugou o ar profundamente antes de começar:

— Mare e Kayden continuam na mesma enrolação, minha mãe e a sua estão enlouquecendo todo mundo, como sempre e.. ah! Nehemia está uns dez centímetros mais alta que no inverno passado — ele inclinou a cabeça, dando o segundo sorriso em alguns minutos; ele sempre o fazia mais vezes quando estava perto dela — Estão todos com saudades de você. Não acredito que passou o solstício longe de casa.

Ela se aconchegou nos braços dele, dizendo silenciosamente o quanto também sentira falta dele.

— A tempestade nos atingiu mais cedo esse ano, mas... Ouvi notícias de uma visita em Orynth — ela abriu um sorriso maldoso, e ele fechou o rosto em uma carranca.

— Não sei porquê o sorriso.

Asena se afastou, arrancando as botas ao pôr os pés com meias grossas no colo do primo. Automaticamente, Sam tirou as meias e iniciou uma massagem com as mãos quentes.

— Kayden fala muito bem dela... Como é o nome, mesmo? Livia? — ela não o enganava com o tom pretensiosamente desinteressado.

Lyla — ele disse, seco — e não vejo nada demais em uma lady. Igual a todas as outras — ela sorriu para a forma como a testa dele se franziu. Ele não estaria tão reativo se realmente não se importasse com a presença da garota. O que a deixava curiosa era: o que o irritava tanto?

— Ainda se odeiam? — ele deu de ombros.

— Está mais para um desinteresse total e mútuo — de novo aquela meia careta, franzindo o nariz.

Asena pôs a mão no peito, e fez uma falsa expressão de dor.

— Au! Coitada da menina! Que horror é cair no limbo de sua indiferença! — a resposta dele foi uma almofada que ela não conseguiu evitar que acertasse seu rosto — Não seja rude. Vamos, me conte, como ela é?

— Eu já disse que não prestei atenção nela. Não sei o suficiente para te dizer.

Mentiroso, mentiroso, mentiroso. Ela repetia essas palavras mentalmente, como se fosse conseguir fazê-lo escutar seus pensamentos caso se esforçasse o suficiente. Sam era uma das pessoas mais observadoras que ela conhecia; provavelmente havia passado metade do tempo tentando não observar e analisar a Lyla.

A Court of Night and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora