Capítulo 2

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                  Aurora

Minhas pernas parecem ser feitas de gelatina, o único motivo pelo qual posso me mover é o forte braço de Matteo circulando minha cintura, me pondo a andar para fora do jardim e seguir caminho até um Suv preto em frente a minha casa. Ex-casa! O caminho é feito aos olhos de todos que entoam palavras inteligíveis aos meus ouvidos, meu cérebro incapaz de racionalizar seja o ato mais simples que há. Não ouço nada, nem mesmo quando papai com sua cabeleira loura escura e quase rala me abraça ou quem quer que tenha sido a outra pessoa, uma mulher. Talvez tenha sido minha mãe, mas ela estava se saindo muito bem na arte de me ignorar quando desci do meu quarto e meu marido, ao que me pareceu, me ameaçou explicitamente sobre mamãe estar certa quanto ao fato de eu ter levado uma hora em meu quarto sozinha e me recompondo para o meu próprio bem. Ele salientou muito a palavra sozinha.

Ao meu lado um homem corpulento, careca e vestido em um bom terno preto abre a porta para mim. Matteo entra sem sua ajuda. A atmosfera parece mais eclipsante que nunca. Agora somos apenas nós dois. Parecia fácil em meu quarto e durante o restante da festa manter minha palavra sobre ele não tocar em mim, mas como eu farei isso não faço à mínima ideia. Sei que gritar não vai me ajudar em nada, talvez ele ache até divertido. E a imagem de nós dois em nossa noite de núpcias vêm a minha mente, com o único intuito de me perturbar. O gosto de sangue logo se faz presente em minha boca, é como se minhas bochechas estivessem anestesiadas. De fato, agora não dói nem um pouco e mordo com mais afinco.

— Vamos esclarecer algumas coisas — a voz suave de Matteo me faz instintivamente olhar em sua direção. O motorista põe o carro em movimento — Eu odeio que me desobedeçam, não suporto intrometidos, que me enganem e mintam para mim — diz calmo, mas cada palavra emana uma aspereza que traz arrepios a minha pele — Não ultrapasse nenhum deles e nos daremos muitíssimo bem. Estamos entendidos?

Eu realmente tento abrir minha boca e dizer um sonoro "Sim", mas isso não ocorre, então opto por um assentir de cabeça, embora isso tampouco aconteça. Matteo aperta os olhos em minha direção como se não acreditasse em tal afronta. Sua mão aperta como da outra vez de maneira nada carinhosa, agora as minhas bochechas ao encarar meus olhos. Eu posso me ver refletida em seus labirintos.

— Mais uma coisa: eu odeio repetir!

Assinto, mas ele não parece satisfeito, então mesmo sob seu aperto me esforço a soltar a palavra que tanto quer ouvir.

— S... Sim!

— Ótimo. Tom? Mais rápido, por favor! — pede e assim é feito.

Vinte minutos mais tarde, paramos diante a um triplex no centro da cidade. Eu sempre o imaginara, há três meses desde que soube do nosso noivado, que Matteo vivesse com o tio ou em uma grande casa afastado da cidade. Não que o lugar não pareça tão incrível, mas achei que para as suas atividades, das quais ele se empenha muito em realizá-las com garantido sucesso das quais ouvi falar, preferisse comodidades mais distantes, com menos testemunhas e difícil acesso a polícia e principalmente aos inimigos.

Tom estaciona diante de outros lustrosos carros e uma moto realmente cara e volta a se postar diante da minha porta e abri-la para mim. Matteo já está fora quando saio. A porta do elevador aberta e pronto para entrar. Olho em busca da escada e a localizo cerca de três metros de distâncias, junto há mais duas portas, do compartimento espelhado e muito apertado para o meu gosto e sanidade.

— Você não terá andado nem meio metro antes que um dos meus homens tenha colocado as mãos em você — avisa, de frente para mim dentro do elevador.

Olho-o boquiaberta tentando entender suas palavras, quando finalmente, poucos segundos depois, meu cérebro enche-se de compreensão.

— Ãh... Eu não estou pensando em fugir — ele aperta ligeiramente os olhos. E me recordo da única e falha vez que tentei escapulir pelas portas dos fundos da minha casa. Ex-casa!, ele certamente ficou sabendo da minha façanha falha — Não estou mentido — me apresso em dizer — É que não gosto de elevadores — confesso.

MATTEO - I Livro Da Trilogia Irmãos Moretti (CONCLUÍDO) 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora