Capítulo 3

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                   Aurora

Matteo me tem trancada aqui por cinco dias, se eu não estiver enganada. O lugar deve ser um pouco maior que seu elevador. Sem janelas ou qualquer indício que indique ser dia ou noite, a única forma de saída a porta ao meu lado, que só foi aberta depois de dois trogloditas gêmeos e cabeludos me deixarem aqui há cinco noites, segundo meus cálculos, no dia seguinte e dois dias depois se repetir. A única jarra de água que me deram foi ontem pela manhã. A única certeza que tenho sobre os horários, que é quando me checam pela pequena portinha na porta, três vezes ao dia. Concluí que pela manhã, tarde e noite. Se algum dia eu tive curiosidade de saber como é uma cela, acaba de passar. Não há cama, muito menos colchão, é quente como o um deserto e o único objeto de decoração é feito por uma privada imunda que já fede com meu xixi.

Nem mesmo com o odor ardido minha fome cessa. As paredes do meu estômago parecem estar devorando uma a outra, sem contar com a sede. Nem mesmo minha mãe pegava tão pesado com os castigos, três dias eram seu máximo, embora eu agradeça por isso. Pois se Matteo quer que eu implore para me tirar daqui, ele que espere sentado e com muita paciência. Eu não fiquei uma ou duas vezes trancada no quartinho dos fundos em minha casa sem comida, foram várias vezes e isso muito antes de Bill tentar me beijar a força e eu chutar sua bolas, virando o jogo contra mim quando contei a Rebecca. Como boas irmãs que somos, ela me estapeou, dias depois todos comentavam sobre a vadia ladra de noivos de irmã que eu era. Se os meus pais se dignassem a ligar para cá talvez soubessem da minha atual situação, mas é claro que devem estar comemorando o fato de terem se libertado da escória da família. Morta eu estaria bem melhor para eles.

Morta!

                         .. .. ..

A sala equipada por monitores estavam em um breu total, apenas a parca iluminação das telas forneciam luz ao lugar. Principalmente ao seu rosto de feições bonitas e mal humoradas. Matteo Moretti não poderia nem se quisesse explicar o porquê daquela garota estúpida – em sua opinião – o deixar tão irritado por se negar a ele. Muito menos renegá-lo estapeando e tentando acertar suas bolas, ela devia no mínimo ser grata a ele, em sua situação nunca encontraria um partido melhor. Por muito pouco não as acertou. Lembrar-se da cena traz um pequeno sorriso aos seus lábios, mas logo é substituído por mais uma onda de fúria incompreendida e mal contida. Cinco dias presas sem comida e pouca água seria o suficiente para tê-la aos gritos implorando e prometendo fazer tudo o que ele quer. Ele estava decidido a não deixar uma fedelha mimada lhe desrespeitar.

— Essa deve ser a lua de mel mais excitante que existe — zomba Luca ao seu lado.

Por pouco, Matteo havia esquecido da presença do meio irmão mais novo. Os cabelos louros de Luca tão selvagens quanto sua aparência. O rosto marcado pela barba displicente e o corpo grande e musculoso tatuado, assim como sua roupa, tudo nele gritando um bad boy. Seus olhos azuis agora, sempre sem vida, um tempo atrás, risonhos e gentis.

Matteo gostou do garoto imediatamente por isso. Podia ver em seus olhos quem ele era de verdade depois que passou a viver com seu tio e mulher. Por um instante olhos azuis elétricos amedrontados, substituem os do irmão. Matteo achou que podia lê-los, mas ela passou de amedrontada a determinada em um curto espaço de tempo. Seus olhos contrariando o tremor em seu corpo. Pessoas das quais não se podem ler os olhos são as mais perigosas que existem. Você pode até tentar prevê-las, mas isso não quer dizer que elas não vão derrubá-los. Seu irmão Dante lhe disse isso uma vez e nunca esqueceu-se.

— Merda, Matteo, ela está morta! — diverte-se Luca.

Matteo está em pé no instante em que as palavras assustadas e fingidas do irmão saem da sua boca. Os dois trocam sorrisos. Ela era esperta, ele tinha que admitir, embora naquele jogo, ela teria que se esforçar muito mais. Matteo não era há muito tempo um menino que se assustasse com qualquer coisa. Na verdade fazia muito tempo que ele não se assustava com nada. Em um clique o corpo caído de Aurora entra em foco. O cabelo longo e ruivo tapando-lhe o rosto pálido. Braços e pernas desajeitados no chão de concreto. Se fosse outro, ele até poderia acreditar em sua brincadeira e estar preocupado.

MATTEO - I Livro Da Trilogia Irmãos Moretti (CONCLUÍDO) 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora