Capítulo 39 - Parte II

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A meu pedido e após insistir um pouco, Nero fica para trás. Acompanho Nikolai até o fundo da casa, uma espécie de barracão. Espaçoso e bem iluminado, usando meu terror chamado de elevador, descemos até o subsolo do local. Ao contrário do quartinho quente que Matteo mantém, aqui é frio. Nikolai cumprimenta dois homens parados diante da porta no fim do longo corredor e um deles abre a porta para nós. Lá dentro, Ivan sentado confortavelmente em uma poltrona, lendo um livro. Ele não ergue seus olhos até seus visitantes.

— Onde estão seus modos, Ivan? — Nikolai chama sua atenção, o contentamento de ver o homem naquela situação não me passa despercebido.

— E onde estão os seus? Estou lendo, meu amado primo — o sorriso frio dançando nos cantos de seus lábios, mesmo que não abandone as páginas.

— Foi o ex-marido dela — conto — Oh! Spoiler. Eu e minha boca grande. Mil desculpas — Nikolai ri alto.

Seu sorriso retorna. Fecha o livro e o deposita sobre a poltrona, ao se levantar. Caminha até as grades e me encara. O sentimento estranho que tenho perto dele, presente.

— Você é uma criatura muito, muito insuportável.

— Engraçado, sinto o mesmo por você. Deve ser de família — dou de ombros.

Seus olhos deslizam de meu rosto ao meu corpo. Percebo como reconhece o que visto.

— Pelo visto já sabe de tudo.

— Absolutamente tudo!

— Kira também se achava muito esperta. Onde ela está?

— Não ouse falar de Kira, Ivan! — Nikolai esbraveja — Você teria muita sorte se fosse metade da pessoa que ela foi!

Ivan rir, muito divertido. Meus sentimentos nada bons em relação a ele, somente aumentando.

— Oh, claro! A boa e idolatrada Kira — zomba — Sua mãe era um encanto, assim como você.

— Achei que você gostasse dela — aponto, raivosa.

— Gostava, era minha irmã — diz, como se não fosse nada — Mas, veja, Kira era uma intrometida igualzinha  você. Não suporto os intrometidos! Muito mais quando bancam os bons samaritanos — seus olhos brilham, de modo perverso, banhados em maldade.

— Você... Você... Como ela morreu? — o pensamento sobre isso, me toma.

Seus dedos ultrapassam o vão entre as grades e acariciam meu rosto. Nikolai me puxa para longe e exige que ele me responda.

— Você a matou — zomba — Estou brincando — rir — Quando soubemos que era uma gravidez difícil, disse para ela abortar, mas, ela não me ouviu. Kira nunca me ouvia. Onde isso a levou?... Claro, que ela tinha que descobrir algumas coisas ao meu respeito e como sempre, correr para o papai. Lhe dou minha palavra que não foi nada pessoal, só tinha que impedi-lá... Simplesmente tinha que fazer o que fiz. Não queria lhe deixar com o fardo de não ter uma mãe, mas, Giovanni chegou no momento exato que me livraria de você também. Era tão pequena, aposto que seria mais rápido do que foi com minha doce irmã — volta ao meu rosto, de modo rápido, descendo suas mãos imundas ao meu pescoço. Quando o aperto ganha força, Nikolai volta a me puxar para longe.

Estava tão atônita com tudo aquilo, com tamanha crueldade, que nem me dei conta de Nikolai abrindo a cela e entrando lá, em seguida. Desferindo socos e mais socos sobre Ivan, que ria e caçoava, como um lunático enquanto contava como pressionou o travesseiro até o último suspiro de Kira, eu ao seu lado. A própria irmã! Quando sua voz vai diminuindo, caminho até lá, lutando para que Nikolai o largue. Não sabia de onde havia saído tamanha coragem e frieza. Com Nikolai afastado, o monstro cuspindo sangue, apanho meu celular e ponho no gravador, sem que percebam. Fazendo meio que de modo automático, minha mente dividida entre ser prática e o espanto por aquela revelação. Certamente vim aqui por isso, no entanto, jamais esperaria descobrir que ele foi quem matou Kira e não a gravidez complicada. Quão baixo alguém poderia descer? Quão monstruoso o ser humano poderia ser?

MATTEO - I Livro Da Trilogia Irmãos Moretti (CONCLUÍDO) 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora