Capítulo 33

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                      Aurora

— Isso é um absurdo!

Papai ralha pela milésima vez desde que foi informado de parte do plano. Ele não devia saber de nada, mas acabou desconfiando que não tratava-se de apenas uma visita, o que me fez notar mais uma vez como é inteligente e preguiçoso, se usasse isso não precisaria vender as filhas. Eu também não acreditava muito em Alek traindo-nos. Ainda preferia a minha ideia de ser sincera com ele, se os ataques vinham dos russos de fato, ele poderia estar tão no escuro quanto nós, porém, eu havia me comprometido em averiguar se o homem realmente estava tão mal como fui informada e trocar a bateria de seu celular por uma grampeada. Como eu faria isso sem não ser pega, era um grande mistério que deixava-me apavorada.

— Chegamos, senhora! — Tom informa, Matteo havia mandado seu segurança braço direito e Ramon conosco.

— Ok. Pronto, papai? — de má vontade, assente.

Acredito que se não fosse por sua lealdade a Famiglia acima de tudo, ele não estaria aqui e Alek saberia de tudo. Sua insatisfação fazendo-me questionar muitas coisas, principalmente a amizade dele com Alek, que aparentemente era maior do que eu imaginava. Ele realmente acreditava na palavra do velho.

A governanta nos guia até o quarto de Alek, não me passando despercebido o olhar intrigante que a mulher alta e já de idade deposita sobre mim, desviando envergonhada quando papai lhe chama atenção com um pigarro e olhar duro. Tom que havia entrado conosco, atrás, trazendo o quadro. A pintura, uma vila russa, onde Alek havia nascido e vivido até metade de sua adolescência. Informações que tirei do meu pai. A mulher informa nossa entrada e somos autorizados a entrar. Definitivamente não era armação, Alek estava com a aparência mais doente desde o casamento de Mary, recostado na cabeceira da cama e respirando com ajuda de aparelhos. O quarto espaçoso, com cheiro e aparência de hospital.

Quando nos vê, esboça um fraco sorriso. Uma enfermeira baixinha e de cabelos negros nos cumprimenta e diz que estará na sala caso precisemos dela, deixando claro que Alek não deve fazer muitos esforços. Papai é o primeiro a cumprimentá-lo e dada a amizade que possuem, esperava algo mais caloroso que o simples assentir de cabeça, nunca o vi mais frio. Alek da mesma maneira, não parecendo se importar mais com a presença do homem, quase como se não estivesse lá. Gostaria que Tom não tivesse ficado do outro lado da porta, agora fechada, para lhe perguntar depois se sentiu o mesmo, ou, se era algo normal para homens. Afinal de contas, era um amigo a beira da morte.

— Doce Aurora — cumprimenta-me fraco, mas posso sentir alguma emoção. A frieza compartilhada com meu pai, longe — Estou surpreso, mas contente e agradecido.

— Hmmm... Eu devia ter vindo antes. Sinto muito! Espero que melhore logo — verbalizo sem jeito, não o conhecia e não sabia como me portar. E era ainda mais estranho como eu deveria vê-lo como o inimigo e isso não ocorria, eu sentia uma certa verdade e diria que carinho pelo homem, coisa que eu aplicava ao fato dele ter salvado a vida do meu pai e a minha de uma certa forma, se não fosse por ele, eu poderia acabar com alguém como o finado Garret — Finalizei seu quadro. Espero que goste.

— Tenho certeza que irei. Mostre-me — pede animado.

Após desembrulhar o quadro, aproximo-me e ergo para que posso vê-lo, meu movimento me fazendo localizar o aparelho celular dele, um modelo mais antigo. Ansiedade e temor me tomam. Alek admira a imagem, como se fosse teletransportado para anos e anos atrás, a emoção sem vergonha alguma de ser exposta, em seus olhos azuis, azuis como os meus. E dói ter que me aproveitar disso para meu próximo passo. Derrubo o quadro de propósito, fingindo me assustar com o estrondo que a moldura faz ao colidir com o chão e pular totalmente encenando e esbarrando na mesinha ao lado, levando o aparelho ao chão.

MATTEO - I Livro Da Trilogia Irmãos Moretti (CONCLUÍDO) 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora